Recessão. Essa é a palavra que tem gerado temor nos mercados nos últimos tempos, ainda mais após os aumentos de juros anunciados na semana passada. A atenção, por sua vez, foi voltada para o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, que elevou a taxa em 0,75 ponto percentual na quarta-feira (21).
Esse contexto faz com que investidores sigam preocupados e, consequentemente, fujam dos ativos de risco. Quem é beneficiado, no entanto, é o dólar. Hoje (26), a moeda norte-americana registrou forte alta frente ao real, com valorização de 2,52%, a R$ 5,3804 no fechamento oficial. Ao longo do dia, porém, a taxa de câmbio chegou a um máximo de R$ 5,41, alta de mais de 3% em relação à sexta-feira (23).
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“A corrida agora passa a ser para os investimentos considerados mais seguros e, entre eles, o dólar tem a preferência”, diz Elson Gusmão, analista de câmbio da Ourominas. “Ou seja, o investidor prefere se manter cauteloso em meio às turbulências e mirar os ganhos em oportunidades que apresentam mais estabilidade.”
Além dos Estados Unidos, o temor de recessão também é presente na Europa. Dados do índice de gerentes de compras (Purchasing Managers Index, PMI) na última semana aumentaram esse sentimento.
Hoje (26), a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgou que projeta que o crescimento da zona do euro desacelere de 3,1% este ano para apenas 0,3% em 2023, o que acarreta que o bloco passe pelo menos parte do ano em recessão.
A organização ainda espera que mais aumentos de juros sejam necessários para combater o aumento dos preços, com as taxas de juros da maioria dos principais bancos centrais chegando a 4% em 2023. “Todo esse cenário mundial faz com que o dólar suba bastante”, complementa Gusmão.
No cenário doméstico, a proximidade da eleição presidencial, marcada para o domingo (2) impulsiona o nervosismo do mercado. Com isso, a cotação do dólar no Brasil será extremamente volátil nos próximos dias, segundo o analista de câmbio. “Isso ocorre porque não sabemos o que de fato irá acontecer.”
Para Gusmão, no entanto, a alta expressiva de hoje será passageira. “Acredito que, conforme o mercado esteja mais certo do que acontecerá aqui no Brasil em relação às eleições, o dólar volta para um patamar mais baixo, em torno de R$ 5,10, já que teremos uma sinalização mais clara em relação à nossa futura equipe econômica.”
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