Os fundos multimercados são uma opção de investimento que oferece alocação em diversas classes de ativos, como títulos de renda fixa, câmbio e ações, por exemplo. Apesar de serem indicados para quem deseja diversificar a carteira, eles não devem ser vistos como os únicos instrumentos para atingir esse objetivo.
Clara Sodré, analista de alocação e fundos da XP, explica que, para um investidor que tem um horizonte de investimento a partir de dois anos, é importante utilizar os fundos multimercados como uma forma de diversificar, já que esse produto oferece acesso à expertise de gestores experientes.
No entanto, também é importante ir além e investir em diferentes classes de ativos, com indexadores e liquidez variadas.
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“Dentro de uma carteira também é preciso ter pós-fixado, prefixado e renda variável, tanto no Brasil quanto global. Então, apesar de o fundo multimercado ser uma alocação que tem como uma das características principais a diversificação, o recomendado é que ele seja utilizado como uma ferramenta e não como meio principal”, diz Sodré.
Rodrigo Cohen, analista na Escola de Investimentos, acrescenta que investir em fundos multimercados é suficiente apenas na teoria. Para o especialista, o ideal é não concentrar a diversificação da carteira apenas nesses fundos.
“O recomendado é não colocar todo o investimento ali. Se a pessoa posicionar tudo em fundos multimercados, ela está dando tudo na mão de um gestor e, consequentemente, fica à mercê das escolhas dele. É preciso entender que os fundos também apresentam volatilidade”, diz o especialista.
“Apesar de os gestores serem profissionais experientes, eu acredito que o ideal é ter um espaço na carteira para a própria tomada de decisão, com base na previsibilidade e experiência do investidor. ”
Como funcionam os fundos multimercados
Os fundos multimercados são uma categoria de fundos de investimentos. Os gestores desses fundos alocam os recursos em diferentes tipos de ativos. “Eles permitem uma flexibilidade maior, já que é possível investir um pouco em renda fixa, moedas, ações, etc. Com isso, ele monta um portfólio considerado ideal pelo gestor, diversificando entre as classes de ativos”, explica Cohen.
Sodré, da XP, acrescenta que é importante entender que, mesmo podendo operar em diversos ativos, cada fundo multimercado tem sua própria estratégia. “Eles não são apenas uma caixinha e sim uma classe que, dentro dela, há diferentes formas de atuar”, diz.
Tipos de fundos multimercado
Fundo multimercado macro. Neste caso, os recursos também são alocados em diversos ativos, como renda fixa, variável, commodities e moedas, mas com decisões baseadas no cenário macroeconômico. “Nesse caso, o gestor olha os indicadores em um horizonte de curto, médio e longo prazo, e, a partir disso, ele monta a estratégia”, explica Sodré.
Fundo multimercado long short. Essa posição difere do por incluir derivativos. “Os gestores montam posições relativas, com posições tanto compradas como vendidas em ativos e, a partir disso, formam uma carteira por pares. Ou seja, eles têm uma característica mais voltada para ações, mas é multimercado porque ele não está apenas posicionado como ‘comprado’.”
Fundo multimercado quantitativo ou sistemático. Aqui, a estratégia é baseada em algoritmos. “Existe o time de investimento que monta toda a inteligência artificial para tomada de decisões, então não tem uma gestão de uma pessoa e sim dos algoritmos. Eles que fazem toda a estratégia do fundo”, explica Sodré.
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Fundos multimercado multiestratégia. Já esse tipo pode ter posições que variam de estratégia, com portfólio utilizando um pouco de macro e quantitativo, por exemplo: “Nesse caso, é possível ter uma maior flexibilidade para alterações.”
A analista de alocações e fundos da XP explica que o investidor precisa, antes de mais nada, olhar para o gestor e para a estratégia que está por trás das aplicações.
“Também é interessante fazer um rebalanceamento periódico. Caso o investidor tenha montado uma carteira muito agressiva em junho, por exemplo, é importante olhar em dezembro quais foram as classes que tiveram maior e menor desempenho e avaliar a necessidade de novos aportes.”
A importância de uma carteira diversificada
Ter uma carteira diversificada é a melhor forma de proteger os investimentos, já que o investidor passa a ter ativos com diferentes comportamentos – mesmo que alguns se desvalorizem, outros se valorizarão. Essa técnica oferece proteção contra as oscilações do mercado.
Um exemplo prático é o investidor que montou uma carteira diversificada para este ano, que foi conturbado para o mercado acionário. Com isso, ele conseguiu proteger mais o seu portfólio, tendo em vista a queda dos ativos de riscos e do aumento da rentabilidade dos ativos pós-fixados, por exemplo.
“Basicamente, a diversificação da carteira busca trazer diferentes ativos, com diferentes comportamentos, com o intuito de trazer para esse investidor maior resiliência para o seu portfólio”, diz Sodré.
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