O evento do dia confirmou algumas expectativas e piorou outras. O Fed (Federal Reserve), banco central norte-americano, seguiu o esperado e elevou os juros americanos em 0,75 ponto percentual para a faixa entre 3,0% e 3,25% ao ano. Logo após o anúncio, o Ibovespa e as bolsas de Nova York ensaiaram uma recuperação e passaram a operar no azul – mas durou pouco.
O que azedou as negociações no mercado não foi a elevação dos juros em si, mas as sinalizações do Fed para o crescimento da maior economia do mundo.
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De acordo com os membros do Fomc (comitê de política monetária dos EUA), o PIB (Produto Interno Bruto) norte-americano deve fechar o ano praticamente estável, com uma leve alta de 0,2%. Em agosto, a mediana de projeções indicava alta de 1,7%. Por aqui, o Ibovespa perdeu 0,52%, a 111.936 pontos. Lá fora, o S&P 500 recuando 1,71%, a 3.789 pontos.
O desemprego americano também deve piorar. A expectativa é que saia dos atuais 3,7% para 4,4% em 2023, indicando uma retração na economia. Para a inflação, a projeção é de que as despesas de consumo pessoal (PCE, na sigla em inglês) caiam para 5,4% ao ano. Nos 12 meses até agosto, o indicador apontou uma inflação de 6,3%.
Além disso, 17 dirigentes do Fomc veem o juro em uma faixa de 4,00% a 4,50% no fim de 2022, enquanto somente um vê a taxa terminal entre 3,75% e 4,00%. Em 2023, devem subir para 4,625% contra 4,375% projetado por analistas.
Com isso, o mercado já registra suas apostas para a próxima alta dos juros pelo Fed na reunião de novembro. Dados do CME Group indicam que 74,5% dos analistas acreditam em um quarto aumento de 0,75 ponto percentual, enquanto 24% considera que a alta será de 0,50 ponto percentual.
Em comunicado, o Fed destacou que o objetivo do banco central é forçar a inflação de volta à meta de 2% ao ano. Para isso, eles avaliam que será preciso levar os juros a um nível restritivo e mantê-los ali por algum tempo.
Por aqui, a Super Quarta também reserva a decisão sobre os juros brasileiros. A expectativa do mercado é de que o Copom (Comitê de Política Monetária do Brasil) mantenha os juros no patamar atual, de 13,75%.
Há quem aposte no “ajuste residual” sinalizado pelo presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, no início do mês, de 0,25 ponto percentual. Se acontecer algo diferente disso, será uma surpresa.
Enquanto aguardam a decisão que sairá depois do fechamento da Bolsa, investidores optaram pelas ações de consumo doméstico do Ibovespa hoje: varejistas figuraram nas maiores altas do dia.
Magazine Luiza (MGLU3) aparece no topo, com alta de 6,50%, seguida por Via (VIIA3) e Grupo Soma (SOMA3), com avanços de 5,02% e 3,47%, respectivamente.
Outros destaques foram Lojas Renner (LREN3), com alta de 2,98%, e Alpargatas (ALPA4), que subiu 3,15%.
Já as quedas do Ibovespa foram puxadas pelo BTG Pactual (BPAC11) e outras ações de commodities.
O banco digital caiu após analistas do Itaú BBA cortarem a recomendação das units para ‘market perform’, que é similar ao “neutro”. Além disso, reduziram o preço alvo de R$ 34,00 para R$ 31,00.
Na análise de Pedro Leduc e equipe, o múltiplo de preço sobre lucro estimado para 2023 do BTG, de 12 vezes, contra 6,5 vezes dos bancos tradicionais, significa um grande prêmio embutido nos negócios do BTG.
O dólar comercial fechou em alta de 0,40%, a R$ 5,1730, após oscilar entre R$ 5,1204 e R$ 5,1937.
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