O Comunicado da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) divulgado ontem (26) indicou que a inflação e o dólar podem ser bons investimentos para os próximos meses. A decisão do Copom de manter os juros estáveis em 13,75% ao ano confirmou as expectativas do mercado. Ninguém esperava algo diferente.
Porém, a surpresa de um Copom sem surpresas foi o Comunicado. Divulgado imediatamente após a reunião, esse documento comunica ao mercado como ficarão os juros e, mais importante, explica as motivações para elevar, subir ou manter estável a taxa Selic.
O Comunicado divulgado ontem frisou que a inflação deverá permanecer elevada. “Os números indicam uma inflação no primeiro trimestre de 2024 apenas um pouquinho menor do que antes”, diz Raone Costa, economista-chefe da Alphatree Capital. Como essa expectativa é a métrica utilizada atualmente para guiar a política monetária, isso indica que a Selic deve demorar para cair.
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O BC (Banco Central) reafirmou o compromisso com o regime de metas de inflação e manteve o tom duro da comunicação. Assim, o Comunicado informou que o BC “não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado”. Pelas estimativas do mercado, a Selic deverá permanecer no patamar em que está pelo menos até o fim do primeiro semestre de 2023.
Juros e dólar
Isso abre algumas oportunidades de investimento. A expectativa do mercado é de uma redução da inflação para 4,94% em 2023, ante os 5,60% projetados para este ano. Como a Selic deve permanecer no patamar atual por mais tempo, isso indica que, pelo menos durante o primeiro semestre do ano que vem, haverá uma “janela” em que os juros reais seguirão em quase 8% ao ano, o que é uma excelente taxa. Nesse cenário, os analistas recomendam investimentos vinculados ao IPCA. Por exemplo, títulos de renda fixa de longo prazo ou mesmo papéis públicos no Tesouro Direto.
Rodrigo Knudsen, head de renda fixa da Empiricus Investimentos, notou que o comunicado foi parecido com o anterior, mas adicionou uma frase sobre a sensibilidade dos mercados e sobre a fragilidade dos fundamentos fiscais em países avançados, o que acaba trazendo uma maior tensão para países emergentes.
Ou seja, mais volatilidade e mais pressão sobre o câmbio. O investidor pode aproveitar isso comprando títulos vinculados ao dólar ou, para quem preferir ações, papéis de empresas exportadoras ou com boa exposição ao mercado internacional. Esses papéis proporcionam um “hedge” natural para as oscilações das taxas de câmbio.
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