Mesmo sob uma análise “generosa” da política monetária, o Federal Reserve precisa continuar elevando os juros, uma vez que os aumentos da taxa básica até agora “tiveram apenas efeitos limitados sobre a inflação observada”, disse o presidente do Federal Reserve de St. Louis, James Bullard nesta quinta-feira (17).
Bullard disse que a taxa básica de juros do Fed precisa subir para pelo menos uma faixa entre 5% e 5,25% em relação ao nível atual de pouco menos de 4% para ser “suficientemente restritiva” para reduzir a inflação.
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No entanto, ele disse que direcionaria para o chair do Fed, Jerome Powell, questões sobre a magnitude da alta dos custos dos empréstimos nas próximas reuniões de política monetária.
“Sobre a questão de quanto subir (os juros) em qualquer reunião em particular… eu deixaria isso para o chair”, disse Bullard em um evento econômico em Louisville, Kentucky. “Se você elevar mais agora, terá menos o que fazer no primeiro trimestre (de 2023). Se você fizer menos agora, terá mais o que fazer no primeiro trimestre. De um modo geral, provavelmente não fará muita diferença em termos de macroeconomia”.
No entanto, ele disse ser necessário que a taxa básica continuasse a subir, e que relatórios recentes mostrando uma inflação mais lenta do que o esperado forneciam apenas evidências “hesitantes” da consolidação de uma tendência desinflacionária.
Em um gráfico apresentado para a discussão, Bullard mostrou que mesmo usando suposições menos agressivas (“dovish”, em inglês), uma regra básica de política monetária exigiria que os juros subissem para pelo menos cerca de 5%, enquanto suposições mais rígidas recomendariam juros acima de 7%.
Todo esse intervalo pode cair se a inflação desacelerar mais rapidamente do que o esperado, disse Bullard, observando que “as expectativas do mercado são de queda da inflação em 2023”.
Se isso ocorrer, disse ele, uma “dinâmica muito boa” pode se desenvolver, o que permitiria aos Estados Unidos evitar uma recessão, já que os fortes balanços das empresas, famílias e governos locais permitem que a economia continue a crescer em um ritmo lento, mesmo com a queda da inflação.
Bullard chamou isso de seu cenário base e disse que 2023 pode ser o ano em que um processo de desinflação ocorrerá com a resistência de empresas aos aumentos de preços para manter a participação no mercado.
Inflação
No entanto, “é necessária cautela”, disse ele, uma vez que os investidores e autoridades do Fed “vêm prevendo a aproximação de uma inflação em queda pelos últimos 18 meses”.
Uma medida do “núcleo” da inflação observada pelo Fed e usada na análise de Bullard estava em 5,1% em setembro, o dobro da meta do banco central, deixando as autoridades alinhadas a favor de novos aumentos de juros, mesmo enquanto discutem o ritmo e o destino final de seu ciclo de aperto da política monetária.