O dólar disparou 4,10% na sessão de hoje (10), cotado a R$ 5,3942. Essa foi a maior alta percentual diária desde o salto de 4,86% registrado em 16 de março de 2020, quando o mercado sentia o pânico no início da pandemia de Covid-19.
Investidores reagiram à fala do presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sobre colocar a questão social na frente da estabilidade fiscal. Além disso, a atenção também ficou voltada para os dados de inflação no Brasil e nos Estados Unidos.
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Mais cedo, em Brasília, Lula afirmou que há gastos públicos que precisam ser considerados como investimentos. O político ainda voltou a criticar o mecanismo de teto de gastos, afirmando que ele deve ser discutido com a mesma seriedade que as questões sociais do país.
Não é de hoje que o mercado financeiro fica tenso em relação ao novo governo. Outro ponto que causa temor é a discussão em torno da elaboração de uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que garanta recursos fora do teto de gastos para financiar o pagamento do Bolsa Família — como voltará a ser chamado o atual Auxílio Brasil — no valor de R$ 600,00 e mais R$ 150,00 por filhos até seis anos de idade.
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O movimento da moeda também foi influenciado pelos dados de inflação. No cenário doméstico, os preços ao consumidor voltaram a subir no mês de outubro após três meses consecutivos de queda, uma vez que a redução dos combustíveis não foi suficiente para compensar a pressão dos alimentos.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) passou a subir 0,59% em outubro — acima das expectativas do mercado.
Já nos Estados Unidos, o movimento foi diferente. Por lá, os preços ao consumidor aumentaram menos do que o esperado em outubro (+0,4%). O núcleo da inflação parece ter atingido seu pico, permitindo ao Federal Reserve (banco central dos EUA) reduzir o ritmo de seus fortes aumentos de juros.
Vale lembrar que na semana passada, o Fed promoveu um quarto aumento de juro seguido de 0,75 ponto percentual e disse que sua luta para reduzir a inflação para a meta de 2% exigiria que os custos dos empréstimos subissem ainda mais.
No entanto, o banco central sinalizou que pode estar se aproximando de um ponto de virada no que se tornou o ciclo de aperto monetário mais rápido desde a década de 1980.
Além da alta do dólar em relação ao real, o Ibovespa também foi impactado. O principal índice da Bolsa brasileira caiu 3,35%, aos 109.775 pontos.
Após o fechamento do pregão, Lula procurou minimizar a reação negativa dos mercados. Segundo o presidente eleito, o mercado fica nervoso à toa. “Eu nunca vi um mercado tão sensível como o nosso. É engraçado que esse mercado não ficou nervoso com quatro anos do [governo Jair] Bolsonaro”, disse Lula ao deixar o Centro Cultural Banco do Brasil, sede da transição de governo.
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(Com informações da Reuters)