Diversificação. Essa é a palavra mais ouvida pelos investidores do mercado financeiro. E uma opção sempre lembrada são os investimentos no exterior. Entretanto, fica a dúvida sobre quais as vantagens e desvantagens ao investir lá fora. Para resolver essas dúvidas, Forbes Brasil conversou com especialistas.
A princípio, é preciso entender o momento certo para investir lá fora. Rachel de Sá, chefe de economia da Rico Investimentos, diz que uma exposição a ativos globais deve ser feita quando o investidor já montou sua reserva de emergência. “É a partir deste momento que o investidor pode começar a olhar para as aplicações internacionais. É mais seguro, financeiramente falando”, alerta.
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Por que investir no exterior? A economista diz ser importante ter um portfólio com ativos descorrelacionados. Quando um deles perder valor, isso é compensado pela valorização de outro. “É uma ótima forma de proteção”, diz ela. E é nesse contexto que entra a exposição global. “A diversificação não precisa ser apenas entre as classes de ativos, mas entre as geografias”, acrescenta Rachel.
Ao investir só no país de origem, o investidor fica à mercê das discussões domésticas. “O Brasil representa uma parte minúscula do mercado global, seja nas ações ou na renda fixa, e investir lá fora é uma forma de buscar oportunidades que não existem aqui dentro”, diz a economista.
Fabrício Gonçalvez, CEO da Box Asset Management, acrescenta como vantagem o fato de o investidor conseguir se proteger de riscos fiscais e políticos do país, além de investir nas maiores empresas e economias mundiais. Para isso, é preciso encontrar uma boa corretora. “Fique atento se ela tem suporte em sua língua de origem (ou se você a entende bem). Outro ponto importante é visualizar se há taxas baixas ou zeradas, além de sempre prestar atenção no imposto de renda”, acrescenta.
Fernando Bueno, head da operação internacional da Blue3, acrescenta a facilidade para investir fora do país graças à tecnologia. Diferentemente dos anos passados, o processo se tornou mais simples. “Já foi muito mais complexo investir no exterior. Era bem difícil ter acesso aos ativos globais, porém com novas plataformas digitais, a experiência se tornou muito mais simplificada.”
Outra dúvida que fica é se existe algum momento econômico — ou político — ideal para aplicar lá fora, hipótese descartada por Thiago Calestine, economista da DOM Investimentos. “O ideal é começar o quanto antes, e sempre prestando atenção no que se vai investir. Por exemplo, é importante ver como estão as taxas de juros no país para optar entre a renda fixa e a renda variável”, explica.
Confira abaixo as vantagens e desvantagens de investir fora do país.
As vantagens
1. Diversificação
Ao diversificar, o investidor tem mais proteção em momentos de volatilidade. “Em momentos de queda forte do mercado brasileiro, o dólar costuma de apreciar em relação ao real, por exemplo”, explica Bueno, da Blue3. “A exposição a uma moeda mais forte acaba suavizando as perdas domésticas, o que gera uma melhor relação risco retorno no médio e longo prazo.”
Calestine, da DOM Investimentos, também cita a proteção geográfica. “Se acontece alguma coisa muito grave no país de origem, essa parte do patrimônio que está fora dele fica segura com relação ao risco doméstico. É uma ótima forma de trazer mais proteção e segurança para a carteira”, cita o especialista.
2. Exposição a moedas mais fortes
Investir fora dá acesso a moedas mais fortes. “Se você mora em um país em que a economia é emergente, mas você gostaria de investir em uma economia desenvolvida, você tem a possibilidade de mudar a divisa que denomina todo seu patrimônio. Se antes era real, se você quiser investir nos Estados Unidos, automaticamente você já tem exposição em dólar, que é uma moeda da maior economia do mundo”, acrescenta Bueno.
“A nossa moeda [real] desvaloriza perante outras moedas, e essa exposição em moedas fortes contribui com que o poder de compra do investidor não se perca”, diz Gonçalves, da Box Asset Management.
3. Acesso a grandes mercados e economias
Outra vantagem é ter acesso a mercados e economias maiores e maduros, que têm mais opções de investimentos que o país de origem. “Abre um leque enorme de opções para fazer os investimentos de forma mais intensa, sem se limitar a um único componente”, diz Calestine.
As desvantagens
Para os especialistas, investir no exterior possui mais vantagens do que desvantagens. Entretanto, um ponto negativo que impacta diretamente os investimentos é o câmbio, e as taxas cobradas na hora de converter o dinheiro. “É preciso se atentar a essas questões. Além disso, existem algumas classes de ativos disponíveis para apenas alguns investidores ou fundos”, explica Gonçalves.
Rachel, da Rico Investimentos, alerta sobre a volatilidade e dificuldade de acesso à informação. “Outra grande desvantagem é o impacto da volatilidade do mundo. Então, por exemplo, se o investidor se expor à Bolsa chinesa, ele vai estar exposto à volatilidade da China, que talvez você não tenha tantas informações como teria acessando a mídia doméstica”, explica a economista.
Para ela, é importante ter um especialista atento para realizar esse tipo de gestão: “Essa pessoa vai ajudar a olhar tudo isso de perto, com calma. Considero uma desvantagem se a o investidor resolver fazer tudo sozinho, sem tempo e disposição para ficar atento a todas as informações suficientes que ela teria, por exemplo, no Brasil com facilidade. É preciso mais tempo, estudo e dedicação.”