Após um pregão instável, o índice Ibovespa fechou o dia em leve alta nesta segunda-feira (6), subindo 0,18% a 108.721,58 pontos, totalizando um volume financeiro de R$ 21,4 bilhões. O movimento resistiu ao recuo dos índices acionários no exterior. Na cena doméstica, a pauta fiscal permanece no radar dos investidores. Além disso, as novas críticas à independência do BC (Banco Central) proferidas hoje pelo presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva alarmaram o mercado.
O movimento do Ibovespa foi influenciado pelo cenário de mais aversão a riscos, com queda dos principais índices americanos à medida que mantinham-se temores de que os juros permaneçam altos por mais tempo. André Fernandes, sócio A7 Capital, comenta: “A postura mais defensiva do mercado hoje em geral pode ser justificada pelo discurso do presidente do FED, que vai discursar no The Economic Club of Washington amanhã (7) à tarde, e também por conta da expectativa do mercado em relação a ata do COPOM que será divulgada amanhã de manhã.”
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Em meio a críticas do presidente da República à atual meta de inflação, a pesquisa Focus do Banco Central divulgada hoje (6) voltou a mostrar elevação nas expectativas do IPCA para 2023 de 5,74% para 5,78% pelos economistas de mercado, bem como uma taxa Selic mais alta ano que vem, que saltou de 9,50% para 9,75% em 2024. Para o PIB, a estimativa de crescimento em 2023 teve ajuste para baixo de 0,01 ponto, a 0,79%, enquanto que para o ano que vem seguiu em 1,50%.
Sobre o posicionamento de Lula, o especialista Paulo Luives, da Valor Investimentos, afirma: “Novamente, ele foi incisivo em suas falas, de que os juros no patamar atual não faziam sentido para o estímulo para a economia, criticando a independência do Banco Central (…) Além disso, ele falou sobre temas como a pauta ambiental, que deve ser uma prioridade desse novo BNDES, ter uma TLP mais positiva, e voltou a falar também sobre a criação de um banco de exportações, que pode trazer benefícios para a economia brasileira”.
Nos Estados Unidos, os principais mercados acionários tiveram um dia de queda enquanto investidores avaliavam suas previsões sobre quando o Federal Reserve começará a cortar os juros. Sobre os dados do payroll anunciados na última sexta-feira (3), Cristiane Quartaroli, economista do Banco Ourinvest, afirma: “resultado veio acima do esperado, reforçando as hipóteses de que os juros deveriam continuar subindo nos EUA – ainda é cedo para dizer que isso de fato irá acontecer, mas mercado está reagindo de forma antecipada.”
Na Europa, os pregões registraram uma queda generalizada por receio de que o ciclo global de alta de juros possa persistir por mais tempo do que o esperado. O Banco Central Europeu adotou um tom relativamente mais agressivo do que seus pares na semana passada, depois de elevar as taxas de juros em 0,50 ponto percentual e sinalizar mais incrementos.
Na Ásia, as ações de Hong Kong fecharam na mínima de um mês e as da China caíram, uma vez que as tensões geopolíticas sino-americanas elevadas devido a um suposto balão de espionagem derrubado por uma caça militar americana neste sábado (4) afetou a segurança dos investidores.
(Com Reuters)