Nesta quinta-feira (9), o Ibovespa fechou em queda de 1,77% a 108.008,05 pontos, totalizando um volume financeiro de R$ 23,8 bilhões. O mercado reagiu ao posicionamento do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, sobre a correção da meta de inflação para 2023, o que pressupõe uma elevação cada vez maior nas taxas de juros. Isso somado às farpas que têm ocorrido ao longo desta semana entre o governo federal e o BC sobre as altas dos juros, que já indicam uma relação conflituosa entre os órgãos pela frente.
Nesta tarde, Campos Neto sinalizou a integrantes do governo que defenderá uma alteração na meta de inflação de 2023 para 3,5%, contra os atuais 3,25%, na próxima reunião do Conselho Monetário Nacional (CMN), prevista para a próxima quinta-feira (16). Em decorrência disso, o mercado reage negativamente à possibilidade de um aumento ainda maior na taxa Selic.
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Rodolfo Carneiro, especialista da Valor Investimentos, comenta: “A sessão de hoje foi impactada pela fala do presidente do BC, dando um aceno claro a uma mudança de meta de inflação. O mercado fica um pouco temeroso por conta dessa desancoragem, já que os juros podem subir mais rapidamente por conta de uma inflação mais alta”. O especialista ressalta também o impacto que o pronunciamento teve sobre o dólar, que hoje teve uma alta de 1,58% ante o real.
O presidente da república Luiz Inácio Lula da Silva e membros de sua administração têm criticado de forma recorrente a taxa de juros elevada, atualmente em 13,75%, e a independência do BC. Apesar das críticas, o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, afirmou que não existe qualquer discussão dentro do governo para mudar a lei que estabeleceu a autonomia do Banco Central, acrescentando ainda que a discussão sobre a taxa de juros é um “debate válido”.
Idean Alves, sócio da Ação Brasil Investimentos, explica: “O dia de hoje reforça que a relação entre governo e Banco Central será bastante apimentada, com muita troca de “carinhos” na comunicação entre ambos, o que pode se transformar em uma queda de braço para mostrar quem “está certo”, até que se chegue a um consenso ou que os juros comecem a baixar”.
Sobre as perspectivas para o mercado, o especialista acrescenta: “… tudo isso afeta o mercado local com muito ruído, insegurança, e falta de previsibilidade, o que promete adicionar muita volatilidade à Bolsa brasileira nos próximos meses.”
Nos Estados Unidos, os principais índices de ações abriram o dia em alta, com Disney impulsionando o índice Dow Jones, enquanto dados mostrando um aumento nos pedidos semanais de auxílio-desemprego ajudaram a aliviar preocupações sobre a trajetória de alta dos juros do Federal Reserve. Porém, os ganhos não foram sustentados, e Wall Street fechou em queda pelo segundo dia consecutivo.
(Com Reuters)