Confirmando as expectativas, o Comitê de Política Monetária (Copom) manteve a taxa Selic em 13,75% ao ano e sua reunião encerrada hoje (22).
No texto divulgado após a reunião, o Copom deu ênfase à deterioração do cenário no mercado internacional. “Os episódios envolvendo bancos nos EUA e na Europa elevaram a incerteza e a volatilidade dos mercados e requerem monitoramento. Em paralelo, dados recentes de atividade e inflação globais se mantêm resilientes e a política monetária nas economias centrais segue avançando em trajetória contracionista”, diz o Comunicado.
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O texto não colocou muita ênfase nas contas públicas e informou que “a recente reoneração dos combustíveis reduziu a incerteza dos resultados fiscais de curto prazo”. Além disso, a incerteza sobre a situação fiscal aparece como o segundo fator de risco de alta, perdendo para a persistência da inflação global.
Ao comentar o cenário para a economia doméstica, o Copom preferiu colocar o foco na atividade econômica, e não no desempenho futuro das contas públicas. Segundo o Comunicado “o conjunto dos indicadores mais recentes de atividade econômica segue corroborando o cenário de desaceleração esperado pelo Copom”.
O Comitê informou, porém, que a “inflação ao consumidor, assim como suas diversas medidas de inflação subjacente, segue acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação”.
Sobre os riscos de alta para o cenário inflacionário e as expectativas de inflação, o Copom destaca uma maior persistência das pressões inflacionárias globais, a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre as expectativas para a trajetória da dívida pública.
O BC também enfatizou que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados. “O Comitê não hesitará em retomar o ciclo de ajuste caso o processo de desinflação não transcorra como esperado.”
O comunicado do Copom veio em linha com o esperado, ressaltando a crise dos bancos, tanto americanos quanto europeus”, diz Raphael Vieira, co-head de investimentos da Arton Advisors. “Isso demonstra que o BC está monitorando essa situação e que o balanço de riscos mudou.”
Segundo Vieira, o tom foi um pouco mais “dovish” do que no último comunicado. “O texto cita o arcabouço fiscal e a reoneração dos combustíveis, que dá um pouco de fôlego nas contas públicas”, diz ele. Segundo o executivo, isso é uma sinalização que, se o cenário fiscal melhorar e a trajetória da dívida pública ficar mais clara, pode haver uma antecipação no corte dos juros.