Rafael Furlanetti, de 36 anos, diretor institucional da XP Inc., estava acostumado com uma rotina dinâmica de trabalho. Seu dia era tomado por viagens, reuniões com clientes, visitas a empresas e fábricas, entre outras atividades – em sua maioria, presenciais. Isso mudou quando veio a pandemia. Isolado, Furlanetti sentiu a urgência de seguir trabalhando.
Grande parte de seu trabalho era criar e manter relações com clientes institucionais do banco e viabilizar negócios por meio desses contatos. Ao longo dos seus 12 anos na XP, o executivo ouviu muitas histórias e conheceu inúmeras pessoas, segundo contou à Forbes. Dessa experiência ele tirou sua inspiração para ocupar o tempo.
Furlanetti começou a realizar lives de utilidade pública para aplacar os ânimos. O primeiro problema que ele discutiu foi o temor das pessoas que acreditaram que o País iria passar por um desabastecimento geral em meados de 2020.
O executivo acionou os seus contatos e programou um vídeo com um convidado que entendia do assunto: Marcos Molina, CEO da Marfrig. Na live, Molina explicou o porquê de o temor ser infundado. E, de fato, apesar da preocupação, não faltou comida durante a pandemia (uma conferida na balança comprovou isso).
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A boa repercussão do conteúdo o incentivou a fazer mais lives, com outras fontes respeitadas e bem informadas. Nomes como Abílio Diniz, Diogo Roberte, co-fundador do Picpay, e Marcello Bastos, fundador da Farm dividiram tela com o executivo.
E a produção de conteúdo não parou por aí. Furlanetti também passou a postar, com mais regularidade, informações sobre o mercado financeiro, histórias inspiradoras de empreendedores, bastidores das empresas, tudo por meio das redes sociais.
Furlanetti não divulga números, mas alguns indicadores explicam o crescimento do executivo durante o período. Dados do Infobase mostram que os brasileiros estavam mais conectados e receberam cerca de 50% mais mensagens via Facebook, Instagram e WhatsApp na pandemia. A Kantar verificou um aumento de 40% no uso das mesmas plataformas no ano de 2020.
Com cerca de 120 mil seguidores entre Instagram, Facebook, YouTube e Twitter, a atividade ganhou o nome de “Furla News”, embora Furlanetti não se considere um produtor de conteúdo. Para ele, é uma questão de “compartilhar informações e filtrar notícias”.
Atualmente, suas atividade nas redes se concentram na produção de um texto diário com as principais notícias que podem movimentar as negociações em bolsa no dia. Furlanetti acorda às 5 da manhã, lê todos os jornais e monta o texto para os leitores até às 7h.
O Instagram também ganha postagens com recorrência, principalmente de assuntos mais curiosos, como a Rihanna no SuperBowl e a relevância do Bahrein na economia global.
“O diferencial está na curadoria. Não posso terceirizar isso, porque é a minha visão sobre os assuntos que torna o conteúdo único”, diz Furlanetti.