Faltando apenas seis dias para as autoridades do Federal Reserve se reunirem em Washington, a decisão que tomarão sobre os juros agora e nos próximos meses é uma dúvida, enquanto investidores e economistas de Wall Street tentam adivinhar o que o banco central norte-americano fará.
Ao longo do ano passado, a liderança do Fed fez de tudo para sinalizar suas intenções de elevar os juros visando conter a inflação alta, contando com um fluxo constante de divulgações de dados econômicos para orientar suas ações.
Mas agora o presidente do Fed, Jerome Powell, e seus colegas precisam responder em tempo real à turbulência no sistema bancário após o colapso de dois grandes bancos regionais dos Estados Unidos e reguladores suíços tendo que prometer assistência ao Credit Suisse, desenvolvimentos que estão remodelando as condições financeiras domésticas e internacionais diariamente, ou mesmo a cada hora.
E tudo está se desenrolando durante o período de silêncio das autoridades antes da reunião do Fed, que impede os membros de oferecer clareza de forma pública sobre sua avaliação da situação e seu efeito nas decisões de política monetária.
Foi apenas na semana passada que Powell sinalizou que o banco central pode acelerar sua campanha de aumento de juros diante da inflação persistente. Os operadores passaram a precificar uma alta de 0,5 ponto percentual nos juros na reunião do Fed de 21 a 22 de março, de sua faixa atual de 4,5% a 4,75%, e mais altas além disso.
Os operadores agora veem a próxima semana como um dilema entre uma alta de 0,25 ponto percentual e uma pausa, com cortes de juros vistos como prováveis nos próximos meses, já que a turbulência no Credit Suisse renovou os temores de uma crise bancária que poderia paralisar a economia dos EUA.
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Os analistas também procuraram entender os eventos repentinos, incluindo a falência do Silicon Bank Valley na sexta-feira, a criação no fim de semana de uma proteção emergencial do Fed para o setor bancário, novos dados mostrando progresso lento na luta contra a inflação e uma queda nas ações de bancos na quarta-feira.
“Acho que eles realmente aumentam 25 pontos-base na próxima semana”, disse Thomas Simmons, da Jefferies. “Eles precisam continuar lutando contra a inflação para manter a credibilidade, e uma pausa aqui nesses níveis não vai estancar o sangramento nos mercados.”
O ex-presidente do Fed de Boston Eric Rosengren tem uma opinião diferente.
“Crises financeiras criam destruição de demanda”, disse Rosengren no Twitter. “Os bancos reduzem a disponibilidade de crédito, os consumidores adiam grandes compras, as empresas adiam gastos. Os juros devem parar até que o grau de destruição da demanda possa ser avaliado.”
No fundo, a incerteza sobre o próximo movimento do Fed se resume à dificuldade de saber com que rapidez e profundidade a atual turbulência no setor bancário se espalhará pela economia real.
Afinal, os aumentos de juros do Fed são projetados para desacelerar a economia, e por meses algumas autoridades expressaram perplexidade sobre por que, após um aperto monetário tão agressivo, havia tão pouco disso para ver além do setor imobiliário fortemente atingido.
Na próxima semana, o Fed publicará novas projeções para a trajetória futura da taxa de referência dos EUA. Em dezembro, as autoridades previram que chegaria a 5,1% e, na semana passada, os operadores esperavam que subisse acima de 5,5%.
Agora, espera-se uma alta adicional ou nenhum aumento pelo Fed, e em seguida uma série de cortes que deixaria a taxa abaixo de 4% ao final do ano.