Há pouco tempo, o usuário das redes sociais que tinha 60 milhões de seguidores poderia considerar a vida ganha. No entanto, as redes sociais estão em constante evolução e, atualmente, um bom engajamento é mais relevante do que o crescimento acelerado dos seguidores.
O influenciador e empresário Lucas Rangel, que começou sua trajetória na internet há dez anos, sabe bem disso. Apesar de ter cerca de 60 milhões de seguidores em suas redes, sendo 20 milhões no Instagram, Rangel vem procurando diversificar suas fontes de renda. As empresas que controla faturaram R$ 35 milhões no ano passado. Embora sejam todas digitais, elas vão além das redes e passam por produção de conteúdo e marketing.
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“A publicidade sempre me atraiu, mas nunca acreditei que trabalharia com isso”, conta Rangel. “Abri minha primeira empresa em apenas dois anos na internet, com ajuda do meu pai. A ideia inicial era gerir minha carreira online, mas logo o projeto começou a atrair amigos e outras personalidades da internet que sentiam falta de um serviço como esse.”
A estratégia de Rangel está em linha com um aspecto relativamente recente dos negócios digitais, a chamada Creator Economy, ou economia dos criadores em tradução livre. Resumidamente, a economia é definida como a classe de negócios construída por mais de 50 milhões de criadores de conteúdo independentes, curadores e construtores de comunidades, incluindo influenciadores de mídia social, blogueiros e videomakers, além de ferramentas de software e finanças projetadas para ajudá-los no crescimento e na monetização.
As três principais tendências na economia do criador são:
- Criadores que transferem seus principais fãs das redes sociais para seus próprios sites, aplicativos e ferramentas de monetização
- Criadores se tornando fundadores, construindo equipes e reunindo ferramentas para ajudá-los a iniciar negócios enquanto se concentram em sua arte
- Os criadores ganham poder no ecossistema de mídia à medida que os fãs buscam se conectar com personalidades individuais em vez de editores sem rosto
Desde o começo, a empresa buscou estabelecer boas relações com grandes marcas, o que ajudou no crescimento ao longo dos anos e virou uma característica marcante da LR Contents.
Leia mais: Creator economy: a revolucionária economia de influenciadores digitais
Aos poucos foram surgindo novas verticais. Em 2018, o empresário lançou a LR Contents LLC nos Estados Unidos, pensando em cuidar das campanhas e transações internacionais que chegavam como demanda para a unidade brasileira. Em 2020, Rangel abriu a LR Tech Studio & Films, produtora do grupo. Hoje, todas as empresas fazem parte de um ecossistema, denominado como LR Contents Group.
“Nos últimos anos, conseguimos diversificar nossa atuação, e até produzimos filmes para a Netflix, reality shows e documentários para o YouTube. Além disso, temos diversos parceiros internacionais que fazem campanhas com nossos agenciados, nos dando oportunidade de expandir além do Brasil”, afirma o empresário.
Michel Ank, CEO da Lastlink, empresa especializada em produtos digitais, explica porque essa é uma boa alternativa. “Hoje em dia, as marcas estão mais preocupadas em avaliar o valor de retorno real que um influenciador pode proporcionar. Sendo assim, os influenciadores que se destacam na Creator Economy são aqueles que possuem um nicho específico, produzem conteúdo de alta qualidade, têm um público altamente engajado e oferecem um valor autêntico e significativo para suas marcas parceiras”, diz ele.
Na visão de Ank, isso veio para ficar. “Essa estratégia permite que os influenciadores ampliem sua presença no mercado e aumentem suas fontes de renda. Além disso, ao lançar sua própria marca, o influenciador pode ter mais controle sobre a qualidade dos produtos, a mensagem da marca e a experiência do cliente”, explica Ank.
Imóveis
Na hora de investir seus recursos, Rangel também busca a diversificação. Ele coloca seu patrimônio no setor imobiliário, adquirindo imóveis que podem ser uma fonte de renda extra no futuro. Apesar de também investir na bolsa de valores e em ativos mais voláteis, ele conta que sua profissão o fez buscar caminhos mais “reais”.
“Eu aprendi com o meu pai desde muito novo que dinheiro não aceita desaforo. Assim, sempre tive o cuidado de entender que não existe mina de dinheiro e que precisamos estar sempre de olho em investir em coisas reais e palpáveis”, afirma Rangel. “Fatalidades acontecem e nós não sabemos qual será o dia de amanhã, então não dá para esperar que o que eu faço vai durar para sempre, principalmente falando de internet.”
Para Mariana Vasconcellos, especialista de marketing da Close Fans, a preocupação de Rangel com o futuro e a busca por diversificação é justa. “Com mais de 4 bilhões de pessoas usando as redes sociais, é de se esperar que as atenções fiquem divididas. Com isso, o alcance de influenciadores que viviam somente da internet, também caiu”, afirma.
Com isso, ela complementa que é natural que o criador queira depender cada vez menos das redes para faturar. “Esse movimento de empreender independe do tamanho que o influenciador possui e tem mais a ver com o quanto ele pode ser bom em vender, em comunicar e conhecer o mercado no qual pretende entrar”, diz Vasconcellos.