Desde o seu surgimento, em 2009, o bitcoin tem sido objeto de muita especulação e intenso debate no mercado financeiro, afinal, é a primeira e mais conhecida criptomoeda em um mercado de mais de um trilhão de dólares.
Cifras de tamanha magnitude, tornam as criptomoedas importantes demais para serem ignoradas, e o grande debate se dá sobre o seu potencial para moldar o futuro dos meios de pagamento. Mas, o que isso significa para o bitcoin?
Já é possível usar bitcoin como meio de pagamento?
Atualmente, é possível usar bitcoins para pagar produtos e serviços, mas apenas em um número limitado de estabelecimentos. Imagino que a tendência seja que cada vez mais locais passem a aceitar criptomoedas, porém, ainda há um longo caminho à frente até que isso se torne usual.
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Apesar dos avanços tecnológicos permitirem transações mais rápidas e baratas, a validação da maioria das transações com bitcoins ainda leva tempo maior do que aquelas realizadas com transferências comuns em moeda corrente.
Além disso, as constantes notícias sobre ataques hackers, provavelmente favorecidas por falhas em códigos-fonte, a falta de definições regulatórias mais claras, são questões que impõem resistência ao uso da criptomoeda em escala global.
O bitcoin é melhor do que dólar ou euro?
Dólar, euro e bitcoins são moedas bem diferentes. Enquanto as duas primeiras têm lastro dos governos e regulação abrangente que torna obrigatório seu aceite como forma de pagamento, as criptomoedas privadas não possuem qualquer lastro governamental.
Ainda assim, muitos especialistas avaliam que o avanço da inteligência artificial deverá trazer também maior segurança tecnológica às criptomoedas, potencializando, no médio prazo, a transformação do sistema monetário e o comércio pelo uso de criptomoedas, e especialmente o bitcoin.
O bitcoin pode funcionar como proteção contra a inflação?
A partir do momento que ganhe escala como meio de pagamento, é possível que o bitcoin possa funcionar como proteção contra a inflação devido ao fato de seu fornecimento ser fixo.
O número máximo de bitcoins que existirá é de pouco menos de 21 milhões e praticamente 90% desse total já foi minerado e está em circulação. Em abril de 2024 haverá novo halving do bitcoin, que é a redução planejada nas recompensas aos mineradores, como forma de redução da emissão do criptoativo.
Inversamente, as moedas fiduciárias, que são o dinheiro físico utilizado por toda a economia, têm sua oferta controlada pelos bancos centrais, e nos últimos anos, motivados pela necessidade de injetar dinheiro nas economias, essa oferta aumentou significativamente, contribuindo para aumento da inflação.
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Essa simples diferença de fundamento, já daria vantagens ao bitcoin quando o assunto é potencial para reduzir a inflação. Porém, a criptomoeda tem desafios a enfrentar.
Apesar dessa potencial vantagem representada pela oferta limitada, outras duas características positivas do bitcoin – a descentralização e desregulamentação – tornam-se também um dos seus maiores desafios devido a um cenário macroeconômico ainda instável, onde o risco de recessão, a inflação e as turbulências geopolíticas levam investidores a buscar a segurança de moedas fortes e títulos de renda fixa, limitando, ao menos por enquanto, as perspectivas das criptomoedas.
O bitcoin é o ouro digital?
Ao longo da história, a procura por ativos não controlados pelo governo sempre existiu, e os metais preciosos como o ouro sempre desempenharam esse papel, especialmente para investidores em busca de segurança financeira fora do raio de influência direta das instabilidades institucionais de governos.
Dessa forma, consigo ver potencial no bitcoin para se tornar o ouro digital do século XXI. No entanto, é importante ter em mente que o bitcoin é arriscado, com volatilidade elevada demais para ser uma reserva confiável de valor atualmente.
Desafios para o bitcoin
Apesar de ainda incerto, vejo o futuro do bitcoin como promissor. Os desafios são significativos para as criptomoedas, mas, se superados, o futuro pode ser bastante promissor.
A falta de medidas regulatórias efetivas, a vulnerabilidade aos ciberataques e as instabilidades macroeconômicas globais são aspectos que tornam mais lenta a escalabilidade das criptomoedas. Entretanto, à medida que a tecnologia e a regulamentação evoluem, o bitcoin pode desempenhar um papel cada vez mais importante no futuro dos pagamentos e dos investimentos.
Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.
Os artigos assinados são de responsabilidade exclusiva dos autores e não refletem, necessariamente, a opinião de Forbes Brasil e de seus editores.
As maiores quedas entre as criptomoedas no 1º semestre
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Pixabay 4º – Terra Classic (LUNC) teve uma desvalorização de 37,04%.
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