Após experimentarem o boom do mercado de financiamento de capital de risco em 2021, as fintechs estão agora passando por uma nova fase de avaliação. Surgem questionamentos se os valores arrecadados por elas no passado estavam subvalorizados. Por exemplo, a Tipalti, uma startup de pagamento de contas, alcançou uma avaliação de US$ 8,3 bilhões (R$ 41,5 bilhões) há três anos. Atualmente, seu valor é de apenas US$ 3,1 bilhões (R$ 15,5 bilhões), uma queda de 63% em relação ao seu pico.
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De acordo com os dados da CB Insights, o investimento global em capital de risco caiu de US$ 141 bilhões (R$ 705 bilhões) em 2021 para US$ 39 bilhões (R$ 195 bilhões) em 2023. Diante desse contexto, muitas fintechs têm evitado levantar fundos com uma avaliação drasticamente reduzida. As startups negociadas em bolsa também estão estagnadas, cerca de 50% abaixo de seus picos, apesar do S&P 500 e do Nasdaq, com foco em tecnologia, recentemente atingirem novos recordes.
Os extraordinários boom e colapso no financiamento de capital de risco para a indústria de tecnologia financeira deixaram uma incerteza em seu rastro: qual é o valor real dessas startups hoje? Chen Amit, cofundador e CEO da Tipalti, considera os US$ 3 bilhões (R$ 15 bilhões) muito baixos, mas reconhece que as avaliações infladas de 2021 são coisas do passado. “Precisamos apenas aceitar isso. Não há necessidade de lutar contra isso”.
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O Capital Group, uma das maiores empresas de fundos mútuos do mundo, avaliou as ações da Tipalti em US$ 3,7 bilhões (R$ 18,5 bilhões). Agora, a Caplight, plataforma de negociações de empresas de tecnologia privadas, estima o valor em apenas US$ 3,1 bilhões (R$ 15,5 bilhões).
A queda na avaliação não necessariamente indica que um negócio esteja indo mal. Pouco depois da captação de recursos da Tipalti em 2021, as ações caíram e o Federal Reserve começou a aumentar as taxas de juros. Amit tomou medidas agressivas para preparar a empresa para tempos mais difíceis, demitindo 11% dos funcionários. A fintech continuou a crescer – agora ela processa cerca de US$ 5 bilhões (R$ 25 bilhões) em pagamentos mensais, em comparação com US$ 3 bilhões (R$ 15 bilhões) no momento de sua captação de recursos há três anos.
A Tipalti é apenas um exemplo das fintechs que hoje enfrentam quedas de mais de 50% em sua avaliação. A Caplight compartilhou com a Forbes suas estimativas para uma lista de fintechs que acompanha, mostrando que essas empresas valem de 23% a 79% menos do que suas avaliações máximas de captação de recursos.
Chime
O membro da lista Forbes Fintech 50, Chime, continua sendo o principal banco digital da América. Em 2021, levantou fundos com uma avaliação de US$ 25 bilhões (R$ 125 bilhões) e teve uma série de atividades no mercado secundário há um ano, avaliando a empresa em cerca de US$ 8 bilhões (R$ 40 bilhões). No entanto, seu valor diminuiu para US$ 6,5 bilhões (R$ 32,5 bilhões) em março, representando uma queda total de 74%
Stripe
O gigante de pagamentos auxilia milhões de empresas a aceitar cartões de crédito e débito para e-commerce. Em março de 2021, levantou fundos com um impressionante valuation de US$ 95 bilhões. Seu valor de mercado chegou a atingir US$ 195 bilhões (R$ 975 bilhões) em transações no mercado secundário. Em uma nova rodada de financiamento primário concluída em março passado, seu valuation caiu para US$ 50 bilhões (R$ 250 bilhões), mas tem se recuperado desde então. A Caplight estima agora que o valor da Stripe seja de US$ 71,7 bilhões (R$ 358 bilhões).
Brex
Como muitas fintechs bem financiadas, a startup de cartões corporativos Brex, fundada pelos bilionários brasileiros Henrique Dubugras e Pedro Franceschi, tem sete anos de existência e construiu um negócio de rápido crescimento. No entanto, a empresa sediada em San Francisco está mais distante da lucratividade do que muitos esperavam. Um artigo recente da The Information relatou que a empresa ainda estava queimando US$ 17 milhões (R$ 85 milhões) por mês no quarto trimestre de 2023. A Brex afirmou recentemente que tem quatro anos de caixa e pretende se tornar lucrativa até o final de 2025. A startup levantou seu último financiamento a um valuation de US$ 12,3 bilhões (R$ 61,5 bilhões) no início de 2022, e a Caplight estima seu valor atual em US$ 4 bilhões (R$ 20 bilhões), uma queda de 67%.
Plaid
O software da Plaid auxilia os clientes na prevenção de fraudes bancárias. Após o Departamento de Justiça vetar a planejada aquisição da Plaid pela Visa por US$ 5 bilhões (R$ 25 bilhões) no final de 2020, argumentando que isso sufocaria a concorrência na indústria de pagamentos, a startup aproveitou o crescimento rápido das transações fintech e criptomoedas. Isso a levou a atingir uma valuation de US$ 13,4 bilhões (R$ 67 bilhões) em abril de 2021. No entanto, o crescimento diminuiu à medida que a indústria fintech enfraqueceu. A Caplight estima seu valuation em US$ 4,2 bilhões (R$ 8,4 bilhões).
Revolut
O banco digital de Londres chamou a atenção quando levantou fundos em meados de 2021 com um valuation significativo de US$ 33 bilhões (R$ 165 bilhões), aproximadamente 42 vezes sua receita do mesmo ano, que foi de US$ 786 milhões (R$ 3,93 bilhões). Atualmente, a Caplight estima o valor de mercado da Revolut em US$ 15,6 bilhões (R$ 78 bilhões), menos da metade de seu pico.
Klarna
O segmento de “compre agora, pague depois” experimentou uma queda notável de 85%, passando de uma valuation de US$ 45,6 bilhões (R$ 228 bilhões) em meados de 2021 para US$ 6,7 bilhões (R$ 33,5 bilhões) em meados de 2022. A BlackRock recentemente avaliou suas ações da Klarna em US$ 8 bilhões (R$ 40 bilhões), e nos últimos seis meses, as ações privadas têm sido negociadas em alta, oscilando em torno de US$ 9,5 bilhões (R$ 47,5 bilhões) . De acordo com a Capligh, a empresa está considerando a possibilidade de abrir capital com um valuation de US$ 20 bilhões (R$ 100 bilhões).