O Ibovespa reverteu a alta da abertura e recua nesta quarta-feira, pressionado por ruídos políticos e preocupações com o cenário fiscal no Brasil, descolando do apetite a risco no exterior após dados melhores do que o esperado sobre os preços ao consumidor nos Estados Unidos.
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Por volta de 13h, o Ibovespa caía 1,24%, a 120.056,04 pontos, em pregão também marcado por vencimento de contrato futuro do índice. Mais cedo, chegou a subir a 122.482,51 pontos. O volume financeiro somava R$ 6 bilhões.
O dólar à vista subia 0,83%, a R$ 5,4043 na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento avançava 0,70%, a R$ 5,417.5. A moeda norte-americana chegou a disparar 1,32%, atingindo a máxima do dia em R$ 5,4303 às 10h57.
Temores dos investidores com a trajetória fiscal ganharam força diante de declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva em fórum de investidores e com a repercussão da derrota do governo, e particularmente do ministro Fernando Haddad, em seus esforços para compensar a desoneração da folha de pagamento.
“O ruído começou no já fragilizado equilíbrio fiscal e agora atinge o núcleo político do governo, principalmente na área econômica, que até agora tem sido fiador da credibilidade do governo junto ao mercado”, diz Tiago Cunha, gestor de renda variável.
O mercado também repercutia a decisão anunciada na tarde de terça-feira pelo presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), de devolver ao governo trechos da Medida Provisória do PIS-Cofins que restringiram a compensação de créditos do tributo.
A decisão impôs uma dura derrota a Haddad, que buscava, com a MP editada há uma semana, cobrir a perda de arrecadação com a manutenção da desoneração da folha de pagamento, gerando um aumento de R$ 29 bilhões na arrecadação deste ano.
Haddad disse a jornalistas que sua pasta não tem um plano B para a MP, mas avaliou que o Senado assumiu parte da responsabilidade de encontrar uma solução para a compensação das perdas tributárias.
Nesta manhã, o dólar chegou a recuar e o Ibovespa a subir depois que o Departamento de Trabalho dos EUA divulgou que seu índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) ficou estável em maio na base mensal. Analistas consultados pela Reuters projetavam uma alta de 0,1%, após avanço de 0,3% em abril.
Os números fomentaram as expectativas dos investidores por um início do ciclo de afrouxamento monetário no Federal Reserve pelo potencial de fornecer maior confiança às autoridades sobre a trajetória da inflação nos EUA de volta à sua meta de 2%.
Em Wall Street, o S&P 500, uma das referências do mercado acionário norte-americano, subia 1,21%, renovando recordes, enquanto o rendimento do título de 10 anos do Tesouro dos EUA recuava a 4,2713%, de 4,402% na véspera.
De acordo com o estrategista-chefe da Avenue, William Catro Alves, o CPI mostrou mais uma vez uma evolução benigna, mas permanece bem acima da meta do Fed de 2%.
“Acreditamos que o Fed vai querer ver a continuidade disso nos próximos dados para chancelar a possibilidade de cortes de juros”, afirmou, adicionando que a data em que o Fed começará a reduzir os juros segue imprevisível.
Para a decisão do Comitê de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) do Fed nesta quarta-feira, não se espera mudança na atual taxa. Mas agentes financeiros estarão atentos às sinalizações sobre os próximos passos do BC norte-americano.
Além do comunicado sobre o encontro, as projeções econômicas da autoridade monetária e a fala do chair Jerome Powell estarão sob os holofotes.
(Com Reuters)