O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central brasileiro decidiu nesta quarta-feira (31) manter a taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano. A decisão foi unânime entre os nove membros votantes do colegiado.
É a segunda vez seguida que a Selic permanece neste nível. Entre agosto do ano passado e março deste ano, o BC reduziu em 3,25 pontos percentuais (pp) o juro básico brasileiro, deixando no nível atual desde maio.
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No comunicado que acompanhou o anúncio da decisão, o Copom não deu qualquer pista sobre os próximos passos. O BC limitou-se em repetir a frase, dizendo que a “política monetária deve se manter contracionista por tempo suficiente” para consolidar não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno da meta.
Duro ou não?
Para Raphael Vieira, co-head de Investimentos da Arton Advisors, o tom do comunicado veio novamente mais duro (do inglês “hawkish”, que indica maior rigo no controle da inflação), com o BC ditando a piora nas expectativas de inflação e também sobre a importância de uma política fiscal crível para ancorar essas expectativas.
Diante disso, Étore Sanchez, da Ativa Investimentos, avalia que a taxa de juros deve permanecer estável por um período suficientemente prolongado. “Vale destacar que o termo ‘interromper o ciclo de queda’ foi removido [do comunicado]. o que pode ser visto como uma postura dura”, afirma.
No entanto, Sanchez diz ser difícil de acreditar que a decisão foi hawkish. Para ele, o BC brasileiro buscou apenas “comprar” mais 45 dias de juros a 10,50%, jogando para a próxima reunião eventuais alterações relevantes na comunicação.
Já o economista André Perfeito diz que a manutenção da Selic teve “cara de alta e efeito de corte”. “O tom do comunicado foi duro e a unanimidade de voto entre os diretores aponta que todos estão na mesma página”, avalia. Ele lembra que na próxima reunião, em setembro, o Federal Reserve deve começar a entregar cortes nos juros dos Estados Unidos.
“E isso dará graus de liberdade para o BC aqui”, diz Perfeito, lembrando que o Palácio do Planalto “joga” com a Selic.
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Aliás, minutos antes do anúncio da decisão do Copom, o presidente Lula voltou a criticar a condução da política monetária pelo BC. “Só falta reduzir a taxa de juros”, disse ele, em evento em Cuiabá. Lula lembrou que a queda da taxa Selic “não depende do governo”. Ainda assim, ele afirmou: “mas a gente vai conseguir [reduzir] também”.