Depois de atingir a marca de mais de 3,8 mil toneladas de alimentos salvos do desperdício, a footech Food To Save ambiciona ir mais longe. Nos últimos três anos, o foco esteve em restaurantes, padarias e outros 7 mil estabelecimentos. Agora, com a sua primeira aquisição estratégica, a startup quer reduzir o desperdício de frutas e legumes no meio da cadeia produtiva e atingir a marca das 7 mil toneladas já em 2025.
Em entrevista à Forbes Brasil, Lucas Infante, CEO da companhia, afirma que a chegada do “Fruta Imperfeita” é complementar ao trabalho da companhia, já que cerca de 45% de todo o desperdício de alimentos ocorre no meio da cadeia produtiva — entre a fazenda e a chegada ao consumidor.
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A companhia não divulgou os valores da transação, mas acredita que a sinergia colhida será capaz de ajudar a empresa a quase triplicar o seu faturamento no próximo ano. Para 2024, o esperado é R$ 72 milhões e a expectativa é chegar a R$ 170 milhões já em 2025.
Infante, que foi dono de uma franquia de supermercado durante a pandemia, já sofreu na pele e no bolso o peso do desperdício de frutas e legumes considerados fora do padrão e agora planeja conseguir realizar uma mudança de cultura para incentivar a redução da perda de alimentos aptos para o consumo.
Em termos de negócio, Infante considera que a nova aquisição é mais do que apenas a integração de um novo modelo de negócios para a plataforma — inclusive com o oferecimento de assinaturas, para além das já conhecidas “Sacolas Surpresas” dos estabelecimentos.
Com a aquisição, a Food To Save diversifica a sua oferta de produtos e integra uma nova base de clientes fiéis. A Fruta Imperfeita foi fundada em 2015 e já resgatou cerca de 4 mil toneladas de alimentos, atendendo mais de 50 mil clientes em seus 9 anos de operação.
“[Essa aquisição] É muito mais que um nome ou uma empresa. Também estamos trazendo toda a experiência do Roberto [fundador do Fruta Imperfeita] e toda a história que ele tem em relação ao desperdício de frutas e legumes. Durante nossa aproximação entendemos que nossas expectativas estavam alinhadas e decidimos ‘atacar’ mais um canal de ineficiência do desperdício de alimentos no Brasil”, explica.
A operação será marcada pela integração de 100% do quadro de funcionários do Fruta Imperfeita. Roberto Matsuda, fundador da empresa, atuará como Head de Operações da plataforma.
Para Infante, a aquisição coroa um ano de grande crescimento para a companhia, que teve um 2024 marcante.
“Estamos batendo 5 milhões de downloads no app, com uma base de cerca de 7 mil parceiros em todo o país. Queremos continuar esse crescimento acelerado, gerando cada vez mais impacto na luta contra o desperdício. A aquisição da Fruta Imperfeita é uma confirmação de que estamos no caminho certo e há muito mais por vir”, celebra.
Food To Save e impacto
A experiência de Infante como dono de um supermercado o levou a refletir mais seriamente sobre os dois lados do desperdício de alimentos. O primeiro é o ato de jogar no lixo toneladas de produtos aptos para o consumo. Do outro, as empresas possuem um prejuízo financeiro com a curta vida dos perecíveis.
Ao lado de mais três sócios — Murilo Ambrogi, Fernando dos Reis e Guido Bruzadin —, a Food To Save nasceu oferecendo ao consumidor a experiência da “Sacola Surpresa”, com alimentos resgatados de mais de 7 mil estabelecimentos, e uma receita incremental para as empresas parceiras como, GPA, Cacau Show e milhares de pequenos e médios empreendimentos.
Hoje a foodtech já atua em 12 capitais do país, incluindo São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Florianópolis, Porto Alegre, Campo Grande, Vitória, Cuiabá, Fortaleza e Recife. Segundo estimativas da própria companhia, os descontos nos alimentos já geraram cerca de R$ 120 milhões para os usuários até o momento.
“Nós plantamos uma sementinha sobre o movimento contra o desperdício no país e a gente vem colhendo frutos de forma intensa e muito positiva ao longo desse curto período de tempo”, conta o CEO.
Questionado sobre possíveis novas aquisições, o executivo afirma que a compra do Fruta Imperfeita se deu por um “match” cultural e de ideais que se mostrou completar um ao outro ao longo do tempo e não por um interesse em expandir a empresa de modo inorgânico. Segundo Infante, o objetivo agora é tentar crescer na região Nordeste e em cidades do interior do país de forma sustentável.
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