De acordo com dados da Commodity Futures Exchange Commission (CFTC), os bancos de Wall Street começaram a adquirir contratos futuros de bitcoin algumas semanas antes da eleição presidencial dos EUA. A estratégia foi oportuna, já que a criptomoeda disparou de US$ 62 mil (R$ 353,4 mil) para quase US$ 90 mil (R$513 mil) recentemente.
Segundo o relatório de Compromisso de Traders da CFTC, de 5 de novembro, as unidades de corretagem de grandes bancos assumiram posições compradas no valor de US$ 3 bilhões (R$ 5,7 bilhões) em contratos futuros de bitcoin na Chicago Mercantile Exchange (CME). Essa aposta representou cerca de 10,5 mil novos contratos líquidos, equivalentes a 52.820 BTC. Essa é, de longe, a posição mais otimista tomada por bancos desde que a CME começou a oferecer futuros de bitcoin, em dezembro de 2017.
As regulamentações da SEC proíbem corretoras de possuírem bitcoin diretamente, mas permitem que detenham produtos derivativos, incluindo futuros e fundos negociados em bolsa (ETFs). Considerando que o preço médio de compra de cada contrato foi de US$ 65.800, a Forbes estima que, com base no recente pico de quase US$ 90 mil, os bancos podem estar acumulando um lucro não realizado de até US$ 1,4 bilhão (R$ 7,98 bilhões).
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Embora as identidades das entidades bancárias não sejam divulgadas no relatório semanal da agência reguladora de futuros, as maiores corretoras pertencentes a bancos que operam nos mercados de futuros financeiros e ETFs de criptomoedas. As instituições incluem JP Morgan Securities, Goldman Sachs e SG Americas Securities (uma divisão do banco francês Société Générale).
Uma análise da Forbes sobre o relatório mais recente dos traders de futuros mostra que o capital dos bancos mantido como open interest (termo para dinheiro atrelado a contratos futuros) aumentou em US$ 3,5 bilhões (R$ 19,95 bilhões). Os contratos futuros de bitcoin foram de 1,2 mil (no valor de US$ 373 milhões ou R$ 2,12 bilhões) em 8 de outubro para 11.766 contratos (no valor de US$ 3,871 bilhões ou R$ 22,06 bilhões) uma semana depois. Com o bitcoin próximo de US$ 90 mil na semana seguinte à reeleição de Trump, essa mesma posição detida pelos bancos agora vale US$ 5,3 bilhões (R$ 30,21 bilhões), constituindo um lucro flutuante de US$ 1,4 bilhão (+36%; R$ 7,9 bilhões) em menos de um mês.
Trump trade
Os bancos aumentaram quase dez vezes os seus contratos futuros de Ethereum, passando de US$ 35 milhões (R$ 199,5 milhões) para US$ 297 milhões (R$ 1,69 bilhão), durante o mesmo período, de 15 de outubro a 5 de novembro. Este investimento também parece ter sido um grande sucesso.
Embora o motivo exato desse aumento na atividade não esteja claro, está provavelmente relacionado à expectativa de que a nova administração de Trump, amigável às criptomoedas, não apenas flexibilize as restrições à posse de ativos digitais, mas também apoie setores como o de mineração de bitcoin. No geral, o mercado de criptomoedas, avaliado pela CoinGecko em US$ 3,2 trilhões (R$ 18,24 trilhões), teve um ganho de 37% no valor de mercado nas últimas quatro semanas. O bitcoin subiu 110% no acumulado do ano, mas até mesmo tokens altamente especulativos, incluindo as chamadas meme coins como Dogecoin, tiveram valorização.
O maior mercado institucional de derivativos de criptomoedas offshore, Deribit, regulamentado por Dubai, também está registrando níveis recordes de open interest em opções de criptomoedas, com cerca de US$ 30 bilhões (R$ 171 bilhões) em contratos de opções de bitcoin em aberto. Diferentemente dos futuros, os contratos de opções dão aos compradores o direito, mas não a obrigação, de comprar ou vender um ativo subjacente, como ações ou ETFs.
O CEO Luuk Strijers disse à Forbes que “o que as instituições claramente estão fazendo é negociar ETFs spot, como o iShares Bitcoin Trust ETF (IBIT)”. Ele acrescentou que os preços de exercício das opções de bitcoin refletem os níveis de otimismo atuais, que não existiam antes. “O mercado está atribuindo uma chance de 31% ao preço do bitcoin fechar em US$ 100.000 (R$ 570.000) este ano”, afirma.
Desde novembro de 2021, os três principais reguladores bancários — o Federal Reserve, a Federal Deposit Insurance Corporation e o Escritório do Controlador da Moeda do Departamento do Tesouro — desestimulam os bancos a manterem bitcoin real em seus balanços ou a oferecerem serviços de custódia de criptomoedas.