Na última reunião de 2024, encerrada nesta quarta, 11, o Comitê de Política Monetária (Copom) elevou a taxa Selic para 12,25%, surpreendendo o mercado não apenas pelo aumento de um ponto percentual, mas também pela sinalização de novas altas de mesma magnitude nos próximos encontros.
Este movimento reflete o comprometimento do Banco Central em combater a inflação e lidar com os desafios econômicos, especialmente o cenário fiscal adverso que o país enfrenta.
Contexto da alta: cenário fiscal e incertezas políticas
Até a semana anterior, analistas esperavam que a Selic subisse para 12%. No entanto, dificuldades do governo em aprovar no Congresso o pacote do corte de gastos, aumentaram a desconfiança do mercado. Com isso, o Banco Central (BC) adotou uma postura mais agressiva para conter a alta de preços e estabilizar a economia.
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A decisão do Copom foi unânime e incluiu a previsão de duas novas altas de um ponto percentual nas próximas reuniões, o que significa uma expectativa de taxa Selic de 14,25% em março de 2025, e, a depender do cenário, pode não parar por aí. Essa estratégia demonstra um compromisso firme do Copom em alinhar a inflação às metas estabelecidas, embora sinalize que os desafios fiscais do país estão longe de serem resolvidos.
Inflação e o papel da política monetária
A elevação da Selic está diretamente ligada ao controle da inflação, que permanece acima das metas projetadas para 2024 (4,9%), 2025 (4,5%) e 2026 (4%). Esse descompasso reforça a necessidade de ações mais rígidas para evitar que a inflação se descontrole.
Além disso, o cenário internacional contribui para as pressões inflacionárias: a economia dos Estados Unidos segue forte, com promessas de estímulos que podem elevar os preços por lá e reduzir a atratividade de investimentos em mercados emergentes como o Brasil.
Onde investir com Selic em alta
O aumento da Selic traz reflexos significativos para diferentes classes de ativos no mercado financeiro, e é importante que você atente a isso em suas estratégias de alocação.
- Renda fixa Com a Selic mais alta, os investimentos em renda fixa ganham destaque. Títulos como Tesouro Selic e CDBs pré-fixados oferecem retornos reais atrativos, especialmente em um ambiente de inflação controlada. Por exemplo, um título que paga 15% ao ano com inflação de 5% proporciona um ganho real próximo a 10%.
- Bolsa de valores Apesar do impacto negativo da alta dos juros em setores como varejo e construção civil, outros setores mais resilientes, como bancos, seguradoras, saneamento e energia elétrica, podem se beneficiar. Essas empresas conseguem repassar parte dos custos da inflação aos consumidores e, com isso, manter margens saudáveis.
- Fundos imobiliários Os fundos de papel, que investem em recebíveis indexados ao CDI, são beneficiados diretamente pelo aumento da Selic. Muitos estão sendo negociados com descontos em relação ao valor patrimonial, o que cria oportunidades interessantes para investidores. Já os fundos de tijolo, que dependem de uma economia em crescimento, enfrentam maior pressão, mas continuam atrativos para estratégias de longo prazo.
O impacto na economia real
Uma Selic alta encarece o crédito, o que pode frear o consumo e os investimentos produtivos. Setores dependentes de financiamento, como varejo e construção, sofrem diretamente com a redução na demanda.
Por outro lado, o aumento da atratividade de ativos brasileiros pode trazer investidores estrangeiros, ajudando a reduzir o dólar e controlando os preços de bens importados.
Perspectivas para o futuro
A alta da Selic para 12,25% reflete um momento delicado para a economia brasileira, marcado por desafios fiscais e pressões inflacionárias internas e externas.
O custo desse aperto monetário é sentido na economia real, com crédito mais caro e impacto direto no consumo e na produção, mas isso não está sob o nosso controle. O Copom demonstrou firmeza em suas decisões, e o futuro da Selic dependerá, sobretudo, da evolução fiscal e da capacidade do governo em implementar medidas de ajuste.
Para investidores, o cenário apresenta oportunidades, especialmente na renda fixa e em setores específicos da bolsa. No vídeo desta semana no meu canal do Youtube, aprofundo essa análise, abordando como tendem a se comportar os investimentos em um contexto de juros elevados. O momento exige atenção e cuidado, mas também abre portas para decisões que podem propiciar crescimento patrimonial significativo para os investidores.
Eduardo Mira é investidor profissional, analista CNPI, pós graduado em pedagogia empresarial, coordenador do MBA em Planejamento Financeiro e Análise de Investimentos da Anhanguera Educacional, sócio do Clube FII e sócio fundador da holding financeira MR4 Participações.
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