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O mundo dos investimentos não é composto apenas por ações, fundos de investimentos ou títulos do Tesouro. Imóveis, jóias e obras de arte também podem compor um portfólio bem sucedido.
O investimento em arte costuma ser uma das opções alternativas mais tradicionais para diversificar o portfólio. O estudo The Art Market Report Basel & UBS, feito em 2019, mostrou que o valor das negociações em obras de arte chegou a US$ 64,1 bilhões (R$ 378 bilhões) no pré-pandemia.
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É fácil entender a popularidade desse tipo de transação — é uma forma de aliar paixão com investimento. Os benefícios visando o longo prazo são vários, como a proteção contra a inflação e a possibilidade de uma valorização quase ilimitada das peças. De acordo com uma pesquisa do UBS com convidados VIP da Art Basel, o valor médio gasto por esses colecionadores foi de US$ 485,450 (R$ 2,802 milhões) em 2023.
Os dados exatos sobre o valor total das criações artísticas existentes no mundo são difíceis de serem calculados, já que a maior parte dessas operações são privadas, mas a estimativa é de que o montante supere os trilhões de dólares. Só no primeiro semestre de 2024, os consultores da Associação de Consultores de Arte Profissional (APAA) facilitaram mais de US$ 500 milhões (R$ 2,8 bilhões) em transações.
As cifras gigantescas atraem a atenção de diversos grandes investidores, mas esse não é um investimento para todos. Investir em arte exige um conhecimento e análise mais sofisticados, além de ser mais arriscado do que os ativos tradicionais. Apesar de não acompanhar os mercados financeiros tradicionais, ele também está sujeito à apreciação ou depreciação à medida que a procura por um artista aumenta ou diminui.
Especialistas do banco suíço UBS alertam que obras de arte não têm muita liquidez e não pagam dividendos. Ou seja, só se ganha com a valorização da própria peça, comprando e vendendo por um valor maior. De acordo com Carola Wiese, Senior Art Advisor do UBS, a maioria dos colecionadores devem comprar primeiro por paixão para depois transformar o item em investimento.
Em outras palavras, o objetivo principal deve ser o prazer de colecionar as obras, e não apenas o retorno financeiro. Em conversa com a Forbes Brasil, especialistas que compõem o time de Wealth Management do UBS falaram sobre como aliar a paixão ao lucro e, de fato, tornar a arte um investimento.
Como investir em arte?
Para os especialistas, a lição mais importante na jornada de investimento em arte é a de que não se deve analisar uma obra como mera alocação de ativos como se faz com aplicações financeiras e imóveis. Por isso, geralmente, os investidores no segmento são pessoas com patrimônio já consolidado, com um montante acima dos R$ 50 milhões.
Após estabelecer sua fortuna, o interessado deve ter em mente que a valorização de uma obra é incerta e pode variar dependendo do artista — já que nem todos que estão passando por um ciclo virtuoso irão se consolidar como um nome forte no setor —, a raridade da peça e de outros fatores subjetivos.
Além disso, é preciso lembrar que o mercado de arte não é tão líquido quanto outros, como o de ações, já que diferentemente de títulos negociáveis, vender uma obra de arte pode levar tempo, exigindo paciência e estratégia por parte do investidor.
Segundo Yuri Freitas, head de Wealth Planning do UBS Global Wealth Management, o melhor negócio é comprar peças no início da carreira de um artista e esperar retorno. “Adquirir obras de criadores já consolidados no meio artístico também pode ser uma excelente opção”, recomenda o especialista.
A longo prazo, Freitas destaca que essa obra de arte pode ser dada como pagamento para a compra de um terreno, de uma casa ou até mesmo como garantia para um financiamento estudantil. “Muitos colecionadores têm interesse no mercado de arte e acabam se tornando galeristas ou emprestando suas coleções para museus”, afirma o executivo.
Também, há vantagens fiscais para investidores que optam por esse tipo de ativo. “Em alguns países, como Suíça, Mônaco e Ilhas Cayman, obras de arte podem ser isentas de impostos sobre ganhos de capital, tornando-se um atrativo adicional para aqueles que buscam proteção patrimonial”, destaca Freitas.
Cuidados com as peças
Apesar das oportunidades, o investimento em arte exige conhecimento e cautela. O mercado artístico é considerado informal, o que implica em riscos como a necessidade de verificar a autenticidade das obras, garantir o recolhimento correto dos impostos e a declaração das peças no imposto de renda. O executivo do UBS indica buscar um acompanhamento profissional, como bancos que oferecem assessoria em arte, além de outros serviços como o planejamento patrimonial. “Um consultor especializado pode ajudar na construção de uma boa coleção para investimento”, diz.
Ainda é importante pensar na transição da coleção para as próximas gerações, envolvendo os herdeiros. Por isso, um advogado pode auxiliar nesses aspectos burocráticos. “Uma pessoa interessada em investir em arte deve pensar na melhor forma de acomodação tributária e sucessória das obras, seja em nome de pessoa física ou jurídica”, explica o diretor de Wealth Planning.
Outro fator são os cuidados essenciais com as obras, como verificar a autenticidade da peça antes de comprá-la. “As galerias continuam sendo o canal mais utilizado para a aquisição de arte, com 95% das pessoas de alto patrimônio líquido comprando por meio delas”, comenta o executivo. Para Freitas, adquirir obras de arte com a curadoria de especialistas e por meio de um fundo reduz o risco de adquirir falsificações e facilita o acesso, pois os valores são menores. Além disso, contratar um seguro adequado para proteger as obras e planejar como essa produção será armazenada são medidas essenciais para garantir a longevidade do investimento.