Os níveis de inadimplência da carteira de empréstimos do Itaú Unibanco (ITUB4) estão em mínimas históricas, o que deixa o banco “preparado para enfrentar qualquer cenário adverso”, disse o CEO Milton Maluhy Filho ao comentar os resultados. O banco divulgou na noite da quarta-feira (5) um lucro líquido gerencial de R$ 10,88 bilhões no quarto trimestre de 2024, alta de 2,0% em relação ao terceiro trimestre. No acumulado do ano, o banco lucrou R$ 41,4 bilhões, avanço de 18,2% frente ao acumulado de 2023.
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O banco reduziu o risco das carteiras de crédito de pessoas físicas. Ao contrário de outras instituições financeiras, o crescimento foi maior nas carteiras de pessoa jurídica, especialmente grandes empresas, onde o crescimento foi de 6,8% em 2024. Na pessoa física, a carteira cresceu cerca de 4,3%.
O total de empréstimos do banco avançou 15,5% para R$ 1,36 trilhão, acima da projeção (“guidance”) para 2024, que previa uma expansão entre 9,5% e 12,5%. Como o banco tem operações na América Latina, o estoque dos empréstimos é afetado pela valorização cambial. O dólar se apreciou 27% em relação ao real no ano passado, o que amplificou o crescimento dos empréstimos. Segundo Maluhy Filho, sem o efeito da alta do dólar, o total de empréstimos teria crescido 10,9%, ainda dentro do “guidance”.
Segundo Maluhy, o cenário econômico para 2025 deve ser mais contracionista devido à política monetária. Ele afirmou que a estratégia do banco será privilegiar clientes que sejam resilientes às oscilações do ciclo econômico. “Estamos buscando um resultado consistente e sustentável na carteira de empréstimos”, disse ele.
Dividendos
O banco anunciou uma remuneração de R$ 18 bilhões aos acionistas, sendo R$ 15 bilhões em proventos e R$ 3 bilhões por meio de uma recompra de ações com cancelamento. Referente a 2024, o banco já anunciou e pagou proventos de R$ 28,7 bilhões aos acionistas, crescimento de 33% ante o resultado de 2023. “A distribuição líquida de resultados deve avançar para 69,4% do total, ante os 60% de 2024”, disse Maluhy.
O CEO não adiantou números, mas afirmou que provavelmente haverá o anúncio de outro dividendo adicional no fim de 2025. “Fizemos um ajuste importante no capital após a pandemia e vamos distribuir os excessos aos acionistas, pois não é intenção do banco reter capital”, diz ele. Segundo Maluhy, o banco tem uma capacidade “relevante” de gerar capital e é uma estratégia melhor para os acionistas distribuir os excedentes.
Governança
Maluhy comentou a demissão de dois executivos ocorrida em dezembro de 2024. Foram dispensados o diretor de marketing Eduardo Tracanella e o vice presidente financeiro Alexsandro Broedel. Tracanella foi dispensado por alegados gastos excessivos no cartão corporativo. E Broedel foi desligado por um alegado conflito de interesse com o banco, por ser sócio de uma empresa de contabilidade que prestava serviços para o banco. O assunto está na Justiça.
Segundo Maluhy, o ex-vice-presidente financeiro não informou ao banco a relação de interesse que tinha com a empresa de contabilidade. “Por uma questão jurídica, é preciso tomar medidas e fazer com que isso conste das atas”, disse ele. “Seria mais confortável não dar luz a essas decisões, mas é preciso tomar as medidas necessárias e divulgá-las”, disse o CEO.