
Em uma quarta-feira de expectativas, com o mercado no aguardo dos anúncios do Federal Reserve (FED) e do Banco Central, o dólar completou a sétima sessão consecutiva de baixa ante o real, encerrando o dia na menor cotação em cinco meses. Mais uma vez, o recuo no Brasil acompanhou a perda de força da moeda no exterior, após a decisão do FED em manter a faixa de juros dos EUA em 4,25% e 4,50%.
O dólar à vista encerrou o pregão em baixa de 0,47%, aos R$5,6486, menor cotação desde 14 de outubro de 2024, quando terminou em R$5,5827. Nas últimas sete sessões, a divisa acumulou baixa de 3,52% e, no ano, recuo de 8,58%. Ao longo do dia, a moeda até oscilou e teve alta no começo do pregão, mas ainda no período da manhã, foi enfraquecendo e reaproximou da estabilidade ante o real. Enquanto isso, os negócios estavam “travados”, em função da expectativa antes da divulgação do FED.
Em paralelo, o Ibovespa vem em boa fase, chegando à sua sexta sessão seguida em alta. Esta é a maior série de ganhos em sete meses. O destaque ficou com a Vivara, cujas ações dispararam, após a marca divulgar resultado do último trimestre de 2024 e sinalizar tendência positiva de vendas a partir de nova coleção, recém-lançada. No final desta quarta (19), o índice registrou alta de 0,79%, com 132.508,45 pontos, o maior patamar desde outubro de 2024.
Incertezas e divergências
Às 15h (de Brasília), a autoridade monetária dos Estados Unidos oficializou a permanência da mesma faixa de juros, como era largamente esperado, mas decisão não foi unânime, refletindo a incerteza sobre os efeitos econômicos das políticas do governo Trump.
Nove das 19 autoridades de política monetária do FED esperam que a taxa de juros esteja na faixa de 3,75% a 4% até o final deste ano, segundo o resumo trimestral das projeções econômicas, o que pressupõe dois cortes de 25 pontos-base. Quatro consideraram que um corte nos juros será apropriado neste ano, outros quatro avaliaram que o banco central americano não deveria cortar os juros de forma alguma. Enquanto duas autoridades consideraram que três cortes seria a decisão correta.
Já a projeção para o crescimento da economia americana foi alterada. A previsão do FED é de que o país deve crescer em 1,7%, ante 2,1% previsto em dezembro, com taxa de desemprego ligeiramente maior no final do ano. Já a inflação em 2025 passou de 2,5% para 2,7% ao ano.
O superintendente da Mesa de Derivativos do BS2, Ricardo Chiumento, chamou atenção para o fato da inflação nos EUA seguir em ritmo crescente, com uma atividade em desaceleração, “frutos das políticas protecionistas do novo governo Trump, que também elevam o risco de recessão americana para o final do primeiro semestre e para a segunda metade de 2025”.
Após a decisão, os rendimentos dos Treasuries cederam e o dólar perdeu força ante as demais divisas fortes, o que impactou o câmbio e a renda fixa no Brasil.
Expectativa com Copom
Agora, a expectativa é com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, que está prevista para ser anunciada às 18h30. Embora o mercado precifique elevação de 100 pontos-base da taxa básica Selic, de 13,25% para 14,25%, os agentes estão ansiosos para saber qual será a mensagem do Copom para a próxima decisão, em maio.
Destaques
– VIVARA ON disparou 7,57%, após lucro líquido de quase R$300 milhões no quarto trimestre do ano passado, um salto de 91,9% ano a ano, em resultado ajudado por alterações de critérios contábeis, mas também marcado por melhora em margens. Executivos da rede de joalherias afirmaram que a Vivara deve dedicar 90% da abertura de novas lojas este ano sobre a marca “Life”, onde vê as maiores oportunidades de crescimento.
– CVC BRASIL ON fechou em alta de 5,13%, em movimento endossado pelo alívio nas taxas do contratos de DI, que apoiou outros papéis sensíveis a juros, como VAMOS ON, que ganhou 5,39% e MAGAZINE LUIZA ON, que terminou com acréscimo de 3,99%. O índice do setor de consumo na B3 encerrou com elevação de 1,25%.
– NATURA&CO ON avançou 4%, no segundo pregão de ajustes positivos, após fortes perdas desde a divulgação do balanço na semana passada. Apenas na sexta-feira (14), as ações da marca desabaram quase 30%, refletindo decepção com o desempenho no 4º trimestre de 2024 e dúvidas sobre o ritmo do processo de turnaround da companhia e seus reflexos nos resultados futuros da fabricante de cosméticos.
– HAPVIDA ON caiu 4,24%, após seis altas seguidas, período em que acumulou uma valorização de 15%. A operadora de planos de saúde divulga balanço nesta quarta-feira, após o fechamento no mercado. Na véspera, a ANS reportou dados do setor, incluindo um resultado líquido de R$785,49 milhões para a companhia ano passado. Em fato relevante, a Hapvida disse que os dados não refletem necessariamente seu desempenho.
– VALE ON caiu 0,17%, enfraquecida pelo declínio dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado em Dalian fechou em baixa de 2,12%.
– PETROBRAS PN fechou com decréscimo de 0,08%, mesmo com o avanço dos petróleo no exterior, com o barril de Brent subindo 0,31%.
– ITAÚ UNIBANCO PN avançou 0,25%, em dia positivo para a maioria dos bancos do Ibovespa. BANCO DO BRASIL ON foi a exceção, recuando 0,39%.
– CASAS BAHIA ON, que não está no Ibovespa, disparou 29,3%, em mais uma sessão de forte valorização no mês — dia 6 subiu 14,3%, dia 7 avançou 19,1%, dia 10 saltou 29,9%, dia 11 valorizou-se 10,9% e dia 14 ganhou 15,8%, só para citar os ganhos de dois dígitos. No último dia 11, inclusive, a varejista informou que o investidor Rafael Ferri atingiu uma participação de 5,11% do capital social da companhia.
– STONECO, que é negociada em Nova York, saltou 15,53%, após divulgar lucro líquido ajustado de R$665,6 milhões para o quarto trimestre de 2024, alta de 18% sobre o mesmo período de 2023. A receita total cresceu 11,1% ano a ano, para R$3,6 bilhões. A StoneCo também divulgou projeções para 2025, entre elas, estimou de lucro bruto ajustado acima de R$7,05 bilhões e um lucro básico por ação ajustado acima de R$8,6.