
O lucro líquido gerencial do banco Santander Brasil cresceu 27,8% no 1T25 em relação ao mesmo período de 2024, para R$ 3,861 bilhões. O retorno sobre o patrimônio líquido (Return on Equity, ROE) avançou para 17,4%, alta de 3,3 pontos percentuais nesse período. Segundo Mario Leão, CEO do Santander, “mantivemos os patamares de lucro e rentabilidade do último trimestre de 2024, a despeito de um ambiente macroeconômico doméstico e internacional mais desafiador”.
O banco divulgou uma leve queda no total de empréstimos. A carteira de crédito recuou 0,6% t/t para R$ 546,2 bilhões, ante os R$ 549,7 bilhões do fim de 2024. Na comparação anual o crescimento foi de 4,0%. Já a carteira de crédito ampliada, que inclui fianças e avais, ficou estável em R$ 682 bilhões, e apresentou um crescimento de 4,3% no acumulado do ano.
A provisão para devedores duvidosos (PDD) gerencial cresceu 7,7% t/t para R$ 6,39 bilhões no 1T25, aumento de 7,7% no trimestre e 5,7% na comparação anual. Segundo o banco, o aumento deve-se principalmente à implementação da Resolução nº 4.966/21 do Conselho Monetário Nacional (CMN), além do menor resultado na recuperação de crédito.
Agronegócio e consignado
Segundo Leão, a qualidade da carteira de empréstimos permaneceu boa, apesar de alguns problemas pontuais. Entre eles, a piora nas condições do agronegócio. “Os clientes que atuam com milho e soja têm tido dificuldades devido às condições do mercado”, disse ele.
O executivo comentou a proposta do governo de estimular os empréstimos consignados para trabalhadores do setor privado. Segundo Leão, isso é uma oportunidade excelente para o Santander, que já é um dos principais agentes do mercado de empréstimos consignados para trabalhadores do setor privado. “Esse é um mercado de R$ 40 bilhões e temos R$ 12 bilhões, quase um terço do total”, disse ele. “Com a regulamentação, a carteira total do consignado privado pode atingir os cerca de R$ 200 bilhões do consignado INSS.”
No entanto, Leão disse acreditar que esse não será um movimento rápido. Segundo ele, a percepção do banco é que o governo vai estimular primeiro a migração dos trabalhadores que têm empréstimos mais caros para o crédito consignado, que tem taxas mais baixas. “Imaginamos que em um primeiro momento o governo vai querer evitar o superendividamento das famílias.”
Xadrez geopolítico
O executivo disse esperar um cenário macroeconômico mais complexo para o mercado e para a economia real em 2025. “Os juros e a inflação serão mais altos do que em 2024, o que afeta o crescimento da economia e a capacidade de pessoas e empresas consumirem, investirem e pagarem suas dívidas”, disse ele. “Porém, acreditamos que o cenário macroeconômico já deverá melhorar em 2026.”
A indefinição provocada pelas medidas do governo americano de elevar as tarifas comerciais provocou uma desaceleração nos negócios. “As peças estão se movendo no tabuleiro do xadrez internacional, e ainda não está claro como esse processo vai terminar”, disse ele.
O que está ficando mais claro é que as medidas anunciadas por Donald Trump são uma iniciativa para fazer os demais países sentarem-se à mesa com os Estados Unidos para negociações bilaterais. Enquanto essas conversas não se concluírem, diz Leão, não vai ficar claro qual será o reordenamento das cadeias produtivas e comerciais. “Todos estão um pouco mais apreensivos e os empresários, especialmente os grandes, vão esperar um pouco antes de tomar decisões de empréstimo e financiamento.”