
Tão esperadas quanto o anúncio do novo papa, as decisões de política monetária do Brasil e dos Estados Unidos — divulgadas ontem — foram amplamente repercutidas pelos corredores do mercado financeiro, embora a Super Quarta não tenha sido marcada por surpresas. Tanto o Banco Central brasileiro quanto o americano seguiram o roteiro que já vinha sendo precificado. Aqui, alta de 0,50 ponto percentual e um aceno para um eventual fim do ciclo de aperto monetário. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve (FED) manteve tudo igual, mas Jerome Powell falou sobre os seus temores com relação ao efeito da guerra comercial.
Ainda não há perspectiva de que Trump irá ceder com relação às suas tarifas, mas um novo acordo comercial deu esperanças para os investidores nesta quinta-feira (8) — o principal deles sendo o anunciado pelo presidente americano e o Reino Unido, dois grandes parceiros comerciais. Com o arrefecimento das tensões, o dólar interrompeu uma sequência de três altas consecutivas e fechou o dia com um recuo de 1,44%, aos R$ 5,6620. O mercado acionário também reagiu positivamente.
Em Wall Street, o Nasdaq avançou 1,07%, enquanto o S&P 500 e o Dow Jones tiveram altas de 0,60% e 0,62%, respectivamente.
No Brasil, o Ibovespa avançou 2,1%, somando 136.231,90 pontos. No melhor momento do dia, o índice chegou aos 137.634,57 pontos. Uma das razões para a alta foram os bons resultados corporativos, sobretudo de Bradesco e Azzas 2154. A sessão também repercutiu os balanços de Auren Energia, Minera e Ultra.
Destaques
– BRADESCO PN disparou 15,64%, para a R$ 15,08, valor máximo desde janeiro de 2024, após o balanço do primeiro trimestre agradar agentes financeiros, com lucro de R$ 5,86 bilhões, que superou previsões do mercado. Além disso, o banco registrou melhora relevante na rentabilidade e forte crescimento na carteira de crédito. O presidente-executivo do banco, Marcelo Noronha, afirmou que está mais otimista em relação ao resultado que o banco pode entregar em 2025, que ele espera ficar acima do ponto médio sinalizado pelo guidance divulgado neste ano. O Bradesco também renovou seu programa de recompra de ações.
– ITAÚ UNIBANCO PN, que divulga balanço ainda nesta quinta, fechou com acréscimo de 0,8%. No setor, BANCO DO BRASIL ON subiu apenas 0,34%, mas SANTANDER BRASIL UNIT ganhou 4,13% e BTG PACTUAL UNIT avançou 6,6%.
– AZZAS 2154 ON saltou 22,03% após aumento de 23% no resultado operacional medido pelo Ebitda recorrente no primeiro trimestre. De acordo com analistas do Bradesco BBI, os resultados ficaram acima das expectativas no mercado. “A consistência nos próximos trimestres será fundamental, mas os números do primeiro trimestre são importantes para ajudar a abaixar a poeira, retomar a ancoragem das expectativas e, assim, melhorar o sentimento marginal dos investidores”, afirmaram.
– AUREN ENERGIA ON valorizou-se 7,01%, na esteira de um Ebitda ajustado proforma de R$ 1,2 bilhão nos primeiros três meses do ano, crescimento de 65,7% no comparativo anual. A companhia ressaltou em balanço seu foco na execução e conclusão da integração da AES Brasil até o final do ano, com foco na captura de sinergias e recuperação da disponibilidade dos ativos eólicos incorporados.
– MINERVA ON recuou 7,69%, abandonando o sinal positivo da abertura, quando chegou a subir mais de 4%. A companhia divulgou na véspera que teve lucro líquido de R$ 185 milhões no primeiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 186,2 milhões apurado no mesmo período um ano antes, mas abaixo das previsões de analistas. A processadora de alimentos também estimou receita líquida entre R$ 50 bilhões e R$ 58 bilhões para 2025. No ano passado, a receita líquida somou R$ 34 bilhões.
– ULTRA ON caiu 3,69%, após o conglomerado industrial reportar lucro líquido de R$ 363 milhões de janeiro ao final de março, uma queda de 20% sobre o desempenho de um ano antes e abaixo da expectativa média do mercado. O Ebitda ajustado do grupo, dono da rede de postos Ipiranga, somou R$ 1,19 bilhão no período, queda de 12%, também aquém do esperado.
– PETROBRAS PN subiu 1,39%, beneficiada também pelo avanço dos preço no exterior, onde o barril de Brent fechou negociado a US$ 62,84(R$ 355,66), alta de 2,81%. A estatal estuda adaptar uma das plataformas que constam em seu plano de descomissionamento para atuar nos campos de Barracuda e Caratinga, após o cancelamento definitivo de uma licitação que visava o afretamento de uma embarcação do tipo FPSO para revitalização da produção de petróleo na área, disseram a Reuters duas fontes próximas ao assunto.
– VALE ON cedeu 0,3%, destoando do movimento mais positivos, tendo como pano de fundo a queda dos futuros do minério de ferro na China. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações diurnas com queda de 2,73%, a 693,5 iuanes (R$ 542,35) a tonelada métrica, seu valor mais baixo desde 11 de abril.