No passado, a grande maioria das mulheres expatriadas era formada por esposas que seguiam seus maridos para terras estrangeiras. Nesses casos, as despesas com a mudança, os ajustes do custo de vida, todos os benefícios financeiros da vida doméstica e até a educação das crianças são cobertos pelo empregador. Raras eram as mulheres que, em posições de destaque em suas empresas, desfrutavam destes privilégios.
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Hoje, o papel das mulheres tanto no trabalho quanto nos tipos de empregos que exigem profissionais estrangeiros mudaram. As pessoas-chave podem até ser da terra natal da empresa, mas as contratações locais representam uma grande economia de dinheiro e a globalização aumentou a capacidade das pessoas do mundo todo se entenderem e se aceitarem. As mulheres ainda podem seguir os maridos em carreira no exterior, mas muitas atualmente são expatriadas por seus empregadores ou se arriscam em novas experiências para aumentar suas habilidades e renda.
A NatWest International afirma, por exemplo, que o número de mulheres expatriadas entrevistadas em sua oitava pesquisa anual de qualidade de vida subiu 116% entre 2011 e 2014, com muitas delas em cargos executivos seniores. Parece que o mundo dos expatriados de hoje não é mais um terrenos dominado por homens. Não só há mais mulheres trabalhando no exterior em função de suas carreiras, muitas delas com menos de 30 anos, como elas estão fazendo isso sozinhas ou levando seus companheiros.
A pesquisa da NatWest, baseada em 14 mil expatriadas de todo o mundo, revelou que, entre as britânicas, 17,8% trabalham em cargos de gerência – um aumento de 4% em relação a 2014.
Satisfação profissional
Outra pesquisa, publicada no início deste ano pela Internations, mostra que mais da metade (51%) das 7 mil mulheres expatriadas dos 68 países pesquisados está feliz com suas oportunidades de carreira, enquanto 13% delas dizem estar muito felizes
Mas, ao mesmo tempo, um terço delas (33%) declara que sua renda no exterior é menor do que se tivesse um emprego semelhante em seu país de origem. Apenas 25% dos homens entrevistados sentiram o mesmo. Quando se trata de mulheres expatriadas em cargos de alta gerência, a Internations descobriu que menos de 50% estavam em um relacionamento e menos de quatro em cada 10 tinham filhos.
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O relatório de carreira, parte da pesquisa anual “Expat Insider”, da Internations, classifica os 10 principais países para as mulheres seguirem uma carreira no exterior.
A pesquisa não se limitou às executivas e incluiu mulheres enviadas para fora por um empregador, as que encontraram um emprego no exterior por conta própria, as que queriam iniciar seu próprio negócio em outro país e as que foram recrutadas por uma empresa estrangeira.
De fato, a maioria das mulheres que se muda para o exterior por motivos relacionados ao trabalho encontrou um emprego por conta própria (47%). Apenas 7% das expatriadas foram enviadas para o exterior pelo empregador, em comparação com 15% dos expatriados do sexo masculino que participaram da pesquisa. Essa proporção é similar para expatriados que foram recrutados por uma empresa local (4% de mulheres contra 9% de homens) e aqueles que queriam começar o seu próprio negócio no exterior (1% de mulheres contra 3% de homens).
Onde estão os melhores lugares?
A Internations afirma que os 10 principais países para as mulheres trabalharem no exterior, usando uma equação baseada em salário, perspectiva de carreira e jornada de trabalho, são: México, Myanmar, Camboja, Barém, Nova Zelândia, Cazaquistão, Reino Unido, Estados Unidos, Quênia e Irlanda. O cenário é bem diferente do de 2014, quando a lista incluía também Egito, China, Polônia, Singapura, Hong Kong, Panamá, República Tcheca e Equador (os únicos dois a fazerem parte das duas listas são Estados Unidos e Reino Unido).
A satisfação com as perspectivas de carreira e com a satisfação profissional também caiu entre 2014 e 2017 – de 57% para 51% e de 66% para 61%, respectivamente.
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O Barém, 4o colocado no ranking, obteve a maior pontuação nas três categorias: 65% tanto para salário quanto para carreira, com 40,9 horas semanais trabalhadas. Dada a natureza das leis trabalhistas do país, as mulheres estrangeiras são empregadas em tempo integral, mas 77% delas afirmam estar muito felizes com o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional
A satisfação com as perspectivas de carreira foi mencionada por 64% das expatriadas que trabalham nos Estados Unidos, país que ocupa a 8a posição da lista. Cerca de uma em cada seis (16%) afirma ter uma renda familiar bruta anual de mais de US$ 150 mil, o que representa o dobro da média mundial (8%) para mulheres que trabalham no exterior incluídas na pesquisa. Mas há um preço a pagar, apesar dos salários mais altos e das oportunidades de carreira: a satisfação com o horário de trabalho e o equilíbrio entre trabalho e vida pessoal nos EUA é a menor (52%) dos 10 países.
A maioria das mulheres que trabalham no Quênia, país em ficou em 9o lugar, foi enviada ao exterior por seu empregador (20%), em comparação com apenas 7% da média global. No entanto, elas enfrentam muitas horas e empregos que não são necessariamente seguros – apenas 48% delas disseram que estavam satisfeitas com as perspectivas profissionais (bem menor do que a média de 57% no mundo). A renda, no entanto, é outra história: 16% relataram que recebem mais de US$ 150.000 por ano, valor semelhante aos EUA.
Mais que dinheiro
Mas, além das especificidades relacionadas ao trabalho, existem aspectos mais amplos da vida no exterior que aprimora as habilidades de liderança. A profissional é obrigada a abandonar sua zona de conforto e isso leva ao crescimento pessoal, apesar de experiências dolorosas. Ela se familiariza com culturas diferentes, aprende novos idiomas, torna-se mais flexível e tem menos medo de assumir riscos. E expande, exponencialmente, sua rede de contatos.
Em resumo: pessoas que têm sucesso em tarefas internacionais mostram que são capazes de solucionar problemas e superar barreiras para atingir o sucesso.