Ela começou cedo: em 2002, aos 7 anos, estreou na Rede Globo. Desde então se tornou presença frequente em telenovelas, e o público pôde acompanhar seu crescimento pela tela. Hoje, aos 25 anos e com a agenda um pouco menos lotada depois de passar meses longe das gravações, Marina Ruy Barbosa conseguiu ter tempo para revelar sua faceta empreendedora. No final de julho, lançou a marca de moda feminina Ginger.
Junto da sócia e amiga de longa data Vanessa Ribeiro, a atriz está construindo uma grife autoral que busca “ressignificar a forma como enxergamos, consumimos e usamos a moda; um olhar para o futuro que é mais consciente e inteligente”, como define.
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Entre as premissas da Ginger (nome que desde seus 12 anos de idade ela guardava para quando abrisse um negócio próprio), o impacto socioambiental é a de maior importância. Isso foi passado aos consumidores desde o dia 1 do negócio: o lançamento da primeira coleção de roupas, batizada de Prefácio, com peças de moletom de pegada fashion e esgotadas em 12 horas. Todo o lucro foi revertido para a ONG Gerando Falcões.
Prestes a revelar uma nova coleção, que estará disponível para compra no final de setembro, Marina conversou com a Forbes sobre sua paixão por moda, empreendedorismo e planos futuros.
Forbes: De onde vem sua relação com a moda?
Marina Ruy Barbosa: Minha paixão por moda me acompanhou a vida toda, desde a infância. Com o tempo, isso foi crescendo e amadurecendo. Tive o privilégio de viver esse universo intensamente: realizei parcerias com grandes marcas nacionais e internacionais, participei e assisti aos desfiles nas principais semanas de moda internacionais e estive presente no tapete vermelho em eventos importantes em todo o mundo. Tudo isso me deu a oportunidade de desenvolver meu repertório, aprimorar meu olhar e, cada vez mais, entender quem eu era como consumidora. Eu estava imersa na moda, mas sob outra perspectiva. Com a minha marca, decidi que era hora de dar vida à minha visão criativa.
F: E como “nasceu” a Marina empreendedora?
MB: Ela sempre esteve dentro de mim, querendo dar as caras para o mundo. Sou atenta aos movimentos do mercado, às oportunidades de investimento e, ao longo dos anos, fui me envolvendo em negócios de maneira tímida. Na minha carreira de atriz, sempre estive rodeada de projetos importantes que precisavam de toda a minha dedicação e energia. Guardei os meus planos e as minhas ideias mais ambiciosas para o momento certo. Depois de muita reflexão e amadurecimento, decidi montar uma marca autoral que busca ressignificar a forma como enxergamos e usamos a moda. Com a diminuição do meu ritmo de trabalho imposta pela pandemia, tive mais tempo livre – e finalmente consegui tirar a Ginger do papel. Foi uma forma de deixar aflorar essa outra parte de mim e dar vazão a uma nova forma de conexão com a moda.
F: Como foi o processo de criação da Ginger?
MB: Todo o processo foi enriquecedor e, de certa forma, libertador. Encarei como uma oportunidade de dar um novo sentido às coisas na minha vida, de reavaliar as prioridades. Aprendi a ter um olhar mais atento aos processos da moda e dar ainda mais valor a esse lindo trabalho. A Ginger nasceu online, com as vantagens e desafios desse caminho. Até a escolha do nosso diretor de estilo foi feita de maneira remota. É importante saber se adaptar e ajustar as estratégias conforme o cenário muda, e acredito que conseguimos fazer isso com sucesso. Tenho orgulho de dizer que as ideias de branding também são nossas, criamos sem a participação de agências criativas. Como nascemos no ambiente digital, ter um Instagram que refletisse a nossa visão e estética era muito importante para que o consumidor pudesse entender o nosso universo. Fomos construindo um caminho até o momento de lançamento.
F: Qual é o seu envolvimento na empresa? Com quais áreas tem mais afinidade?
MB: Digo com orgulho que estou 100% envolvida com a Ginger. Tenho mais afinidade com as áreas de criação e comunicação, mas, como fundadora e CEO, eu procuro entender todos os processos da marca. Como você bem sabe, liderar e administrar uma empresa é conhecer os diversos setores para poder desenvolver uma estratégia sólida de negócios. Mas parte de ser uma empresária também é entender quais são os meus pontos fortes e saber procurar talentos complementares que possam atuar nas áreas em que eu tenho menos experiência e familiaridade. Eu quis montar um time competente para que a Ginger possa ser a sua melhor versão.
F: Como define sua grife?
MB: A Ginger traz um olhar da moda do futuro, que é mais consciente, inteligente e editada. Queremos mostrar que é possível ter peças que gerem menos impacto ambiental, sem perder a qualidade e o caráter fashion. Não sentimos a obrigação de seguir o tradicional calendário da moda. Lançaremos novos produtos quando fizer sentido, e sempre com peças em que realmente acreditamos. Para nós também é fundamental apresentar roupas versáteis, que podem ser usadas de muitas formas, sem o peso das tendências. Esse é o segredo para um guarda-roupa mais consciente: mais qualidade nas escolhas. Outra parte importante da nossa identidade é o impacto socioambiental, seja na escolha de tecidos mais conscientes, seja no apoio a causas sociais importantes. Como marca, queremos ser um agente de transformação, e isso também guiará os nossos passos.
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F: De onde tirou o nome?
MB: Desde que eu tinha 12 anos, eu sabia que, se um dia tivesse uma marca, ela se chamaria Ginger. O nome tem mil significados dentro de mim, desde um apelido carinhoso até a cor do meu cabelo [ruivo]. Agora a Ginger tem vida própria e vai passar a significar muitas outras coisas.
F: O que se pode esperar para a nova coleção? Quando será lançada?
MB: A nova coleção foi batizada de “Cena 1” e mostra uma nova etapa da nossa história, nosso primeiro ato como uma marca de moda. Aqui apresentamos o nosso DNA fashion, com peças em alfaiataria e jeans
inspiradas pela expressão modernista do Bauhaus e a sua riqueza de formas. Ela será lançada no fim de setembro e traz os pilares que fazem da Ginger tão especial: uma supercuradoria estética e processos produtivos mais responsáveis. As peças em jeans, por exemplo, são feitas com um tecido denim 100% algodão em sarja, que utiliza matéria-prima reciclada na sua produção e que carrega o famoso selo Eco Cycle – que garante redução de até 95% no consumo de água e de até 90% no consumo de químicos.
F: O que vislumbra para a empresa nos próximos cinco anos?
MB: A Ginger é uma marca que nasceu há pouco mais de um mês e que nos surpreendeu de diversas formas. Nos próximos anos, temos o objetivo de nos estabelecermos como um player importante no cenário nacional, nos posicionarmos como uma marca de moda relevante e crescer dentro do mercado. Fortalecer a nossa estratégia de e-commerce também está entre as nossas prioridades, sempre tentando melhorar a experiência do usuário. Também queremos encontrar novas formas de continuar contribuindo com causas importantes para o mundo, como foi o caso da iniciativa com o Gerando Falcões. Estamos estudando a possibilidade de, no futuro, transformar a Ginger em uma marca omnichannel. Hoje estamos seguras da estratégia 100% online, mas vamos ficar atentas às demandas e necessidades dos nossos consumidores.
F: Quem são seus ídolos, suas inspirações?
MB: Essa resposta é fácil: meus pais são meus grandes exemplos, meus alicerces e, sem dúvida, meus primeiros ídolos [ela é filha da artista plástica Gioconda de Souza Ruy Barbosa e do fotógrafo Paulo Ruy Barbosa]. A mulher que sou hoje é mérito deles também, muito das minhas qualidades vem dessa base. Valores como integridade, profissionalismo e dedicação eu aprendi dentro de casa. Também me inspiro em grandes empresárias da moda. A Jasmin Larian, fundadora e diretora criativa da Cult Gaia, conduz um modelo de negócio no qual acredito muito: está sempre antenada aos desejos do cliente, sem se prender tanto às regras do mercado, e imprime arte e design aos seus produtos de forma admirável. Mais do que seguir uma cartilha, minha maior preocupação é manter o radar ligado, entender o que as pessoas desejam, introduzir referências e leituras criativas e, a partir disso, criar peças atemporais, com significado e identidade. Nesse sentido, sinto que convergimos muito, e ela me serve de inspiração.
F: E a carreira de atriz?
MB: Eu sou uma mulher múltipla e tenho muitas prioridades na minha vida. Amo ser atriz, quero exercer essa profissão para o resto da minha vida, mas preciso encontrar outras formas de me realizar profissionalmente. Empreender é uma delas. Hoje a Ginger e o seu crescimento são minha maior prioridade, e estou empenhada em fazer desse projeto um case de sucesso – por enquanto, já estamos nesse caminho. Mas não quer dizer que não estou aberta a outras oportunidades que façam sentido para a minha carreira. Sou plural e busco novos desafios que me motivem. Isso é cada vez mais evidente.
FOTOS – FERNANDO TOMAZ (@FERNANDO_TOMAZ); STYLING – PATRÍCIA ZUFFA (@PATRICIAZUFFA); BELEZA – SÍLVIO GIORGIO (@SILVIOGIORGIO)
Reportagem publicada na edição 80, lançada em setembro de 2020
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