MacKenzie Scott, ex-esposa do fundador da Amazon, Jeff Bezos, está doando sua fortuna mais rápido do que qualquer outro bilionário atualmente. Mas, apesar das grandes contribuições, ela ainda é a quarta mulher mais rica do mundo, de acordo com a 36ª lista anual de bilionários do mundo da Forbes – atrás apenas das herdeiras da L’Oreal, Françoise Bettencourt Meyers, do Walmart, Alice Walton, e da Koch Industries, Julia Koch.
Não que seus bilhões em doações não estejam cobrando um preço. Scott tem cerca de US$ 43,6 bilhões (R$ 201 bilhões) – uma queda de 18%, ou US$ 9,4 bilhões (R$ 43,3 bilhões), em relação ao ano passado.
Mackenzie Scott se tornou bilionária em 2019, depois que Bezos transferiu a ela um quarto de suas participações na Amazon – 19,7 milhões de ações – como parte do acordo de divórcio. Ela era a 22ª pessoa mais rica do mundo em 2020 (com US$ 36 bilhões, cerca de R$ 166 bilhões, na época) e a 22ª mais rica em 2021 (US$ 53 bilhões, R$ 244 bilhões). Agora, ela caiu para a 30ª colocação.
A diminuição da sua fortuna pode ser parcialmente explicada por uma queda de 3% no preço das ações da Amazon. Isso representa um pouco menos de 15% do declínio em seu patrimônio líquido. O maior fator é a doação sem precedentes de US$ 12,5 bilhões (R$ 57,7 bilhões) para mais de 1250 organizações em menos de dois anos. Ela ficou em quinto lugar na lista da Forbes de 2022 dos maiores doadores vitalícios – atrás de filantropos como Bill & Melinda Gates e Michael Bloomberg, que doam há décadas.
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Ao todo, a Forbes estima que Mackenzie Scott, que prometeu doar a maior parte de sua riqueza, redirecionou 4,75 milhões de ações da Amazon – quase um quarto do que recebeu no divórcio – para a caridade.
Ela já doou a organizações menores e ONGS mais estabelecidas que abordam questões relacionadas à igualdade de gênero, justiça racial, direitos reprodutivos, artes e muito mais. Cada doação segue mais ou menos a mesma linha, as ONGs recebem uma ligação fria ou e-mail de alguém da equipe de Scott – alguns destinatários chegaram a pensar que as ofertas misteriosas eram fraudes. Uma vez que a doação é finalizada, as organizações podem gastar o dinheiro como acharem melhor. Para muitas delas, a doação de Scott foi a maior quantia já recebida.
“Quando nossa equipe de doadores se concentra em qualquer sistema em que as pessoas estão lutando, não achamos que nós, ou qualquer outro grupo, possamos saber como corrigi-lo. Não defendemos políticas ou reformas específicas”, escreveu Scott em uma postagem de março em seu blog sobre sua filosofia de doação, revelando que concedeu US$ 3,86 bilhões (R$ 17,8 bilhões) a 465 grupos desde junho de 2021.
Sua maior doação até hoje, anunciada em março, foi de US$ 436 milhões (cerca de R$ 2 bilhões) para a ONG Habitat for Humanity, e será dividida entre 84 organizações afiliadas. Este ano, Mackenzie Scott também doou US$ 281 milhões (cerca de R$ 1,29 bilhão) e US$ 275 milhões (cerca de R$ 1,26 bilhão) para as ONGs Boys and Girls Club of America e Planned Parenthood, respectivamente.
Chong-Hao Fu, CEO da organização Leading Educators, com sede em Nova Orleans, disse à Forbes que recebeu um e-mail do Bridgespan Group, uma empresa de consultoria que trabalha com Scott, em nome de um doador “não divulgado”. Meses depois, quando Fu estava prestes a subir no palco e discursar em uma conferência, ele recebeu uma ligação informando que Scott planejava doar US$ 10 milhões (R$ 46 milhões) para a Leading Educators, a maior doação única na história da ONG.
“Eu estava literalmente chorando no saguão do hotel porque isso significava que nossos planos de expansão realmente ganhariam vida”, diz Fu. Com isso, a Leading Educators, que oferece treinamento de desenvolvimento profissional para professores, poderá dobrar seu alcance nos próximos três anos.
Scott é notoriamente reservada sobre sua operação: ela não tem um site com informações de contato e não fala com a mídia. As organizações que querem dinheiro não podem preencher um pedido de financiamento. Em dezembro, ela anunciou que não divulgaria mais suas doações para tirar os holofotes de si mesma e de sua riqueza. Mas rapidamente voltou atrás e revelou que está trabalhando em um site com um banco de dados de doações. Ela divulga uma lista de destinatários em sua página do Medium uma ou duas vezes por ano e, até então, está permitindo que organizações individuais publiquem comunicados à imprensa anunciando que receberam uma doação.