Os tweets ridicularizando Amber Heard e seus apoiadores durante e após o julgamento de difamação contra Johnny Depp resultaram em “um dos piores casos de cyberbullying e cyberstalking por um grupo de contas do Twitter”. Isso de acordo com um relatório divulgado ontem (18) pela Bot Sentinel, uma empresa que estuda campanhas de desinformação e assédio online nas redes sociais.
O grupo apartidário Bot Sentinel estudou mais de 14 mil tweets usando as hashtags #AmberHeardIsAnAbuser (#AmberHeardÉUmaAbusadora, em tradução livre), #AmberHeardIsALiar (#AmberHeardÉUmaMentirosa), #AmberHeardLsAnAbuser e #AmberHeardLsALiar. Eles observaram que “o erro de ortografia intencional demonstra um esforço calculado para manipular tendências de hashtag” e foi feito para “enganar os algoritmos do Twitter”.
Havia 627 contas dedicadas a tuitar “exclusivamente” sobre Heard e suas apoiadoras.
Mais de 24% das contas que tuitam e usam hashtags negativas sobre Heard foram criadas nos últimos sete meses; “a média para outros tópicos é de 8,6%”, informou o Bot Sentinel.
Heard e as mulheres que tuitaram em seu apoio foram “atacadas implacavelmente”, muitas vezes com “linguagem vulgar e ameaçadora”. O Bot Sentinel detalhou um caso em que alguém criou uma conta falsa usando fotos do filho falecido de um apoiador de Heard para atacá-lo e também assediou os membros da família dessa pessoa.
Os “trolls” da internet que atacaram Heard e seus apoiadores recentemente voltaram sua atenção para a atriz Evan Rachel Wood, que acusou o cantor Marilyn Manson de abuso sexual, e Cassidy Hutchinson, uma ex-assessora do político americano Mark Meadows que recentemente testemunhou durante uma audiência pública em 6 de janeiro, disse o Bot Sentinel.
A empresa incluiu em seu relatório um aviso de que a equipe de Heard entrou em contato com o grupo em 2020 para estudar a atividade nas mídias sociais sobre ela – que foi separada do estudo do caso Heard-Depp, que começou em junho.
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“O que observamos foi um dos piores casos de cyberbullying e cyberstalking por um grupo de contas do Twitter que já vimos”, escreveu o Bot Sentinel em seu relatório. “Na nossa opinião, o Twitter não fez o suficiente para mitigar a manipulação da plataforma e fez muito pouco para impedir o abuso e o assédio direcionado.” O Bot Sentinel disse que deu ao Twitter uma cópia de seu relatório antes de publicá-lo.
Principais antecedentes do caso Amber Heard e Johnny Depp
Depp acusou Heard de difamação em um editorial do “Washington Post”, em que ela se descreveu como uma “vítima pública de violência doméstica”. O júri considerou que Heard difamou Depp e ele recebeu US$ 10,4 milhões (R$ 56 milhões). Também foi decidido que Depp difamou Heard, e ela recebeu US$ 2 milhões (R$ 10,7 milhões).
A atenção nas mídias sociais foi capturada pelo julgamento televisionado de aproximadamente seis semanas. Além do Twitter, o TikTok tornou-se um foco de discussão sobre o caso, que em grande parte parecia ser a favor de Depp.
A revista “Vice” informou em maio que o jornal conservador “The Daily Wire” gastou entre US$ 35 mil (R$ 188 mil) e US$ 47 mil (R$ 253 mil) promovendo artigos sobre o julgamento, com “um claro viés contra Heard”, no Instagram e no Facebook, onde é um dos perfis mais populares.
Em junho, logo após o término do julgamento, a hashtag #JusticeForJohnnyDepp (#JustiçaPorJohnnyDepp) no TikTok teve 20,4 bilhões de visualizações, em comparação com as 88,6 milhões da hashtag #JusticeForAmberHeard (#JustiçaPorAmberHeard).
“Mesmo que você pense que eu estou mentindo, você ainda não pode me olhar nos olhos e dizer que acha que nas redes sociais houve uma representação justa”, disse Heard no programa de televisão americano “Today” após o veredicto.
Os advogados de Depp negaram que a mídia social tenha tido impacto no veredicto e disseram que as alegações de que houve uma campanha coordenada criada em nome de Depp são “categoricamente falsas”.
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