A perda de promoção inicial de uma posição de nível básico para gerente estatisticamente acaba atrasando as mulheres pelo resto de suas carreiras. Isso é conhecido como “broken rung”, ou “degrau quebrado”. Algumas medidas estão sendo tomadas para resolver essa sua situação no mundo corporativo, desde a nomeação de mais CEOs mulheres para as principais corporações até o ligeiro aumento na representação feminina em cargos de gestão.
Os homens podem superar significativamente as mulheres em cada nível de liderança, mas há mulheres que conseguiram superar o “degrau quebrado” e subir na escada corporativa – mesmo como mães trabalhadoras. O que é bastante impressionante, já que 90% das mães e pais que trabalham estão estressados em seus empregos, e 61% descrevem seu estresse como muito pesado.
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Abaixo, três mulheres que são mães e executivas compartilham como subiram na escada corporativa e como a maternidade impactou sua relação com o trabalho.
Susan Thomas
Forbes: Que desafios você enfrentou ao considerar sua promoção a diretora sênior?
Susan Thomas: Depois de ocupar cargos de nível executivo nos setores público, sem fins lucrativos e privado, abri minha empresa de consultoria. Quando fui contratada para a função que ocupo hoje, a princípio disse: ‘não, obrigada’. Tive medo de que a flexibilidade que construí para a minha família e para mim desaparecesse. Mas então me lembrei de algo que sempre me serviu bem na carreira: pelo menos ouça. Depois de saber que iria liderar uma equipe bem estabelecida, percebi que esse era o equilíbrio entre negócios, missão e parceria de equipe que eu estava procurando. Embora tenha me sentido nervosa ao aceitar, não há um dia em que me pergunte se tomei a decisão certa.
F: Como sua promoção afetou sua relação com a maternidade?
ST: Sou abençoada por estar em um cargo de nível executivo desde que meus filhos nasceram. Mas quando assumi essa função, estava praticamente navegando em uma nova função de liderança, ao mesmo tempo em que na maternidade perdia a conclusão do jardim de infância dos meus filhos. Eles estavam acostumados à minha agenda com mais flexibilidade. Muitas vezes é difícil, mas a melhor parte é quando eles me dizem como estão orgulhosos de mim. Eu estaria fingindo se dissesse que sempre foi fácil construir uma carreira profissional ocupada com filhos, manter um relacionamento forte com meu marido, apoiar pais idosos e tentar encaixar o tempo com os amigos.
F: Do que você abriu mão para crescer e se desenvolver na carreira?
ST: Abri mão de dizer ‘sim’. Percebi que para o que e quem você diz ‘não’ realmente faz a diferença. Às vezes, fico com FOMO [fear of missing out, sentimento de estar perdendo algo], me sinto excluída e percebo que parte disso está em mim. Às vezes, posso não estar lá fisicamente se estiver viajando, mas eles sabem que estou torcendo por eles. Encontraremos maneiras de comemorar quando eu voltar. Eu realmente acredito que meus filhos aprenderam alguma independência; eles entendem que estou sempre ao lado deles e os priorizo quando é mais importante.
F: Que conselho você daria para outras mulheres que desejam conciliar carreira e maternidade e subir na escada corporativa?
ST: Descobri que a comunicação clara e constante e o estabelecimento de limites para si mesma no trabalho são essenciais e, na empresa certa, isso é esperado e respeitado. Construir uma cultura de compaixão e flexibilidade é essencial para a sanidade profissional e pessoal – e o sucesso. Comecei em uma grande empresa de consultoria com 26 semanas de gravidez do meu segundo filho e o livro da Sheryl Sandberg “Faça Acontecer – Mulheres, Trabalho e a Vontade de liderar” saiu naquele ano. Senti que era isso que eu deveria fazer e, na verdade, o que aprendi foi encontrar uma empresa que realmente me apoiasse. Parte do maior apoio que tive no trabalho foi de muitos dos meus colegas homens, que me apoiaram quando tive que sair mais cedo ou quando uma criança apareceu na minha chamada do Zoom.
Janelle Griffith
Forbes: Que desafios você enfrentou ao considerar sua promoção a vice-presidente sênior?
Janelle Griffith: Minha posição atual veio por meio de uma mudança inesperada que me obrigou a dar um passo para trás e primeiro entender como eu queria decidir antes de pensar qual decisão deveria tomar. O como foi crucial porque tenho interesses conflitantes que serviram de justificativa para seguir um caminho ou outro. Por fim, decidi que assumir essa função deveria estar alinhado com minha lista atual de prioridades e metas futuras. Minha prioridade número um é minha família, então qualquer posição que tire minha capacidade de estar com eles não vale a pena. Eu precisava ser honesta comigo mesma antes de poder ser transparente com a liderança.
F: Como sua promoção afetou sua relação com a maternidade?
JG: O título de mãe é igualmente o título mais importante e gratificante que tenho e terei. Para ser sincera, meu relacionamento com meus filhos está melhor do que antes. Também ajuda que meus meninos sejam meus maiores fãs e me digam regularmente como estão orgulhosos! Não é sobre a quantidade de tempo que passamos com nossos filhos; é sobre a qualidade, e as crianças realmente desejam a qualidade. Acredito firmemente que você não é boa para ninguém se não for boa primeiro para si mesma. Estar hiperestressada e física e emocionalmente indisponível foi uma fase da minha carreira que me esforço para nunca mais repetir porque diminuiu significativamente a qualidade e a quantidade de tempo que eu poderia oferecer aos meus filhos.
F: Do que você abriu mão para subir na carreira?
JG: Demorei a perseguir certos objetivos pessoais porque precisava garantir que estava sendo boa em todos os meus empreendimentos. Eu sabia que chegaria a hora de buscar meus objetivos pessoais, e ela chegou. Para mim, a chave sempre foi a perspectiva. Percebi que nem tudo está perdido e as coisas sempre voltam. Em vez de focar no que sacrifiquei e deixei para trás, tento focar no que conquistei. Preciso manter meus olhos treinados na direção de onde estou indo, e é para frente.
F: O que você aprendeu?
JG: No início da minha carreira, tive a dor e a luta interna de sentir que não poderia ser autêntica. Logo percebi que ter um sistema de apoio sólido nos dois lugares onde ‘vivo’ não é apenas crucial para a forma como me mostro em ambas as esferas, mas também para o meu bem-estar. Meu sistema de suporte pessoal me fundamenta na minha autenticidade e meu sistema de suporte profissional abraça isso, e ambos me dão asas para voar. Minha única cautela é que tive que aprender a escolher meu círculo com sabedoria.
F: Que conselho você daria para outras mulheres que desejam subir na escada corporativa?
JG: Não se prenda aos padrões convencionais de “chegar lá”. Isso é determinado pela sua definição única de sucesso, e está tudo bem que essa definição mude com o tempo e a experiência. Nem todos seremos a Oprah Winfrey; desde que entendamos que ‘chegamos lá’ quando olhamos ao redor e estamos satisfeitas com o que construímos de acordo com nossa definição singular de sucesso. Proteja seu tempo o máximo possível. O tempo é um recurso finito e temos que estar cientes disso.
Encontre seus aliados o mais rápido possível. Lembro de ter lido um artigo sobre o poder da realização coletiva, que dizia que boas parcerias ampliam o que fazemos de forma independente. Isso ressoou comigo em todos os níveis. É especialmente comovente ao lidar com as disparidades salariais e de contratação no ambiente corporativo. Ainda busco a excelência, mas me livrar do fardo do perfeccionismo e da necessidade de ser tudo para todos me tornou mais feliz e saudável. Precisamos dar a nós mesmas o mesmo apoio que damos aos outros.
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Stephanie Shore
Forbes: Que desafios você enfrentou ao considerar sua promoção a diretora de marketing?
Stephanie Shore: Anos atrás, fiz um movimento de carreira lateral na expectativa de me tornar mãe. Eu fui muito determinada ao tomar essa decisão. No entanto, meu empregador tinha outras ideias. Menos de seis meses depois, eles me ofereceram uma promoção. Eu inicialmente recusei. Mais tarde naquele dia, conversei com uma mentora, uma mulher C-Level que teve MUITO sucesso em áreas dominadas por homens. Ela me perguntou por que eu disse não. Eu disse a ela que estava com medo de falhar, então saí da corrida. Ela casualmente sugeriu que um homem teria tentado em vez de decidir seu destino antecipadamente. Liguei imediatamente para o CEO e disse que havia mudado de ideia. Esse único movimento mudou minha trajetória de carreira quase da noite para o dia. Subi rapidamente na organização, recebendo quatro promoções em três anos e, por fim, cheguei ao C-Level da empresa.
F: Como sua promoção afetou sua relação com a maternidade?
SS: Sou uma mãe trabalhadora orgulhosa. No início, não acho que meu trabalho tenha impactado muito minha filha, mas devo isso em grande parte ao fato de meu marido ser enfermeiro e um excelente chef! Quando minha filha cresceu e precisou mais de mim, garanti que meu trabalho me permitisse estar presente para a minha família. E procuro empresas que valorizem e apoiem mães em cargos executivos e de liderança.
F: Do que você abriu mão pela sua carreira?
SS: Gostaria de alertar as mulheres sobre o trabalho ser seu relacionamento mais importante, já que o inevitável rompimento dessa relação será mais doloroso do que precisa ser. Você pode amar seu trabalho sem viver apenas para ele.
F: O que você aprendeu?
SS: As mulheres não precisam ser instruídas a sorrir mais, mas TODOS nós precisamos rir mais no trabalho. Você pode levar seu trabalho a sério e ainda torná-lo divertido.
F: Que conselho você daria para outras mulheres que desejam subir na escada corporativa?
SS: Reúna seu board pessoal que pode te aconselhar sobre tópicos específicos conforme você avança. Ao longo da minha carreira, tive pessoas que me aconselharam sobre tudo, desde a expansão global da marca até a abertura de capital de uma empresa. Quando você avançar e encontrar um lugar na mesa, certifique-se de pegar um lugar extra para alguém que esteja pronto para subir. E quando você vir uma oportunidade de orientar alguém e fazer a diferença na carreira dela, aproveite.