O Projeto Justiceiras, de combate à violência contra a mulher, encabeçado pela advogada e ex-promotora de justiça Gabriela Manssur, criou um canal de denúncias por meio de caixas de leite UHT. As embalagens das marcas Parmalat, Elegê, Batavo e Itambé trarão um QR Code estampado. Serão cerca de 200 milhões de caixas. Ao escanear o QR code, será possível acionar uma rede de apoio multidisciplinar que inclui profissionais das áreas da justiça, saúde e psicologia, entre outras e conseguir ajuda em situações de risco.
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A rede de apoio foi criada em 2020 para a identificação, prevenção e combate à violência contra a mulher pela ONG Justiça de Saia, fundada por Manssur. “O foco é facilitar o acesso à Justiça e ao sistema de proteção”, diz a advogada. Os relatos de violência podem ser feitos pelas vítimas, mas também por seus amigos e parentes. O projeto já atendeu 13 mil casos em todos os estados e em outros 27 países com a ajuda de 15 mil voluntárias.
A ação ainda prevê medidas para o público interno da Lactalis, empresa que é dona das marcas, que tem mais de 10 mil funcionários. Inclui treinamento de equipes, orientação para o combate à violência doméstica, assédio moral e sexual e também a desigualdade de gênero. “O projeto busca a prevenção, chamando os homens para o debate para o seu papel no enfrentamento da agressão”, diz Manssur.
As informações que chegarem pela ouvidoria da campanha são sigilosas e serão encaminhadas às autoridades ou às equipes de apoio a cada caso. Assim que recebem uma denúncia, as Justiceiras entram em ação por medidas judiciais, apoio psicológico e médico. O canal funciona 24 horas por dia.
Dados da ONU colocam o Brasil na quinta posição entre os países com maiores índices de violação dos Direitos das Mulheres. Dados compilados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública e Datafolha, em 2022, mostraram que 18,6 milhões de brasileiras sofreram violência física, psicológica ou sexual. São mais de 50 mil casos a cada dia. De acordo com pesquisa da Organização Mundial da Saúde (OMS), uma em cada três mulheres já sofreu alguma violência no Brasil — o número é superior à média global de 27%.