Com o Dia das Mães chegando, o lançamento da sexta edição do Annual State of Motherhood Report, feito pela plataforma norte-americana de conteúdo para mães Motherly, não poderia vir em melhor hora. A pesquisa deste ano dá atenção às duras realidades vividas pelas mães quando se trata de lidar com uma carreira e a família – como saúde mental, finanças, sexo e vida social, preconceito no trabalho e, claro, encontrar quem cuide de seus filhos.
“Minha esperança é que esses dados ajudem mães e seus aliados na defesa de mudanças nos níveis corporativo e governamental”, diz Jill Koziol, CEO e cofundadora da Motherly. “Como as mães são a base de nossa sociedade, seus desafios são desafios sociais coletivos e devem ser enfrentados para garantir o sucesso do futuro da sociedade”.
A saúde mental de uma mãe que trabalha não está bem
As descobertas deste estudo em relação à saúde mental são preocupantes, mas não surpreendentes. Ele revela que as mães que trabalham têm níveis mais altos de ansiedade e de depressão em comparação com os pais que trabalham, com 66% delas relatando impactos negativos da pandemia na saúde mental.
- Quase metade (46%) das mães estão atualmente procurando terapia;
- 58% das mães relatam que são as principais responsáveis por administrar a casa e cuidar dos filhos;
- Oito em cada dez mães (80%) estão preocupadas com uma possível recessão econômica e 71% relatam que planejam cortar gastos.
Mesmo em um cenário econômico difícil, as preocupações com a saúde mental ultrapassaram as financeiras como a principal fonte de preocupação das mães.
Além disso, a pandemia teve um impacto desproporcional nas cuidadoras, com 78% relatando que sua saúde mental foi afetada negativamente nesse período. O relatório também destaca que pais e mães negros e latinos tiveram maior impacto na saúde mental em comparação com pais brancos.
As necessidades das mães não vêm sem um preço
De acordo com o estudo, as mães estão priorizando o sono ao invés do sexo e do tempo com os amigos. Além disso, 78% afirmam sacrificar o sono para cuidar de suas famílias. Essa estatística mostra a imensa pressão que as mães estão enfrentando enquanto lutam para equilibrar as demandas do trabalho e da casa.
Não é só o sono que elas estão deixando de lado: também estão desistindo de suas vidas sociais. O relatório constatou que 80% das mães tiveram que recusar convites sociais devido a responsabilidades como cuidadoras.
Como trazer as mães de volta para a força de trabalho?
Há algo que continuamos vendo no ecossistema de pais e responsáveis que trabalham: para trazer as mães de volta à força de trabalho, elas precisam de flexibilidade e de cuidados acessíveis para seus filhos.
Não é surpresa que o alto custo de cuidados de crianças esteja afetando a maneira como as mães conduzem suas carreiras. 70% das mães dizem que tiveram que fazer sacrifícios em suas carreiras para atender às necessidades de suas famílias, com 50% citando o cuidado dos filhos como o principal motivo. Na verdade, 72% das mães acham que o custo dos cuidados com as crianças é um fardo financeiro significativo, o que simplesmente confirma que a falta de creches acessíveis é talvez a barreira que mais impede as mães de participar plenamente da força de trabalho.
Como se suspeitava, a demanda por flexibilidade no local de trabalho continua ocupando o centro da discussão.
- 60% das mães relatam que seu empregador não está oferecendo nenhuma forma nova ou adicional de flexibilidade em resposta à pandemia;
- 46% das mães dizem que os acordos de trabalho flexíveis são o benefício mais importante que seu empregador pode oferecer;
- O relatório constatou que a falta de acordos de trabalho flexíveis levou 52% das mães a considerar deixar o mercado de trabalho ou reduzir suas horas de trabalho.
No WRK/360, plataforma norte-americana de desenvolvimento de cuidadores que trabalham, muitas vezes vemos nossos clientes, pais que trabalham e cuidadores (principalmente mulheres), lidando com fortes crises. As razões são várias: um sistema de educação falido, falta de opções flexíveis de trabalho e, agora, uma insegurança econômica – a lista é infinita. Como mostra o relatório, não cabe a cada um encontrar uma solução para essas demandas. É fundamental que os líderes das organizações impulsionem a mudança de políticas e cultura do local de trabalho.
Como avançamos?
Uma coisa é ter todas essas estatísticas, mas outra coisa é fazer algo com essas descobertas e informações. E agora?
Compartilhe as descobertas com seus amigos, parceiros, colegas e líderes. Comece a conversar sobre o que pode ser feito para apoiar as mães. Diga para suas equipes do trabalho quando você precisar se ausentar para cuidar de alguém – por exemplo, fale quando você está faltando a uma reunião para levar sua sogra ao médico ou para assistir à apresentação de dança de sua filha.
E para organizações e lideranças, desafie-se com uma pergunta simples. Que ações estamos tomando que podem aumentar os desafios que as mães que trabalham estão enfrentando em nossa organização?
Avalie os regimes de trabalho flexíveis da sua empresa, as políticas de folgas remuneradas, o suporte à saúde mental, o acesso a creches acessíveis (ou melhor ainda, a oferta delas) e a cultura geral de ajuda aos funcionários. Você está simplesmente oferecendo esses benefícios para fazer o mínimo e, em seguida, desencorajar ou até mesmo punir aqueles que os usam?
Como os gerentes são educados e treinados na implementação e no suporte de cuidadores e pais em sua organização? Eles também são incentivados a ser exemplos de tal comportamento, como tirar uma folga para descansar e se recuperar?
Temos que fazer mais do que programas e políticas, os empregadores podem fazer sua parte no trabalho em direção a um mundo no qual as mães possam finalmente prosperar tanto em casa quanto no trabalho.
* Mary Beth Ferrante é colaboradora da Forbes USA. Ela é fundadora da WRK/360, empresa de consultoria, treinamento e recursos para dar suporte a mães e pais que trabalham.
(Traduzido por Gabriela Guido)