Se antes as pessoas nem tocavam no assunto, a menos que fosse uma brincadeira, hoje a menopausa começa a estar mais e mais em discussão em diferentes ambientes – incluindo o mercado de trabalho. Isso é relevante porque muitas profissionais vivem essa experiência num momento em que têm as competências e a experiência necessárias para assumir papéis de liderança.
Mas a fase de transição, a perimenopausa, que pode começar anos antes da menopausa propriamente dita, traz mudanças hormonais no corpo feminino que dão início a uma gama de sintomas, desde os inconvenientes ciclos menstruais irregulares e ondas de calor até desafios fisiológicos, mentais e psicológicos que perturbam a vida, incluindo problemas de sono, sexo doloroso, distúrbios de humor e problemas de memória ou “névoas mentais”.
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E esse conjunto de sintomas pode durar de dois a dez anos. Para algumas mulheres, a experiência da perimenopausa é devastadora. Elas vivem uma sobrecarga e se veem incapazes de lidar com o estresse que antes costumavam gerenciar com mais tranquilidade. Essa fase – e especialmente a falta de conhecimento sobre ela – faz com que muitas mulheres deixem seus empregos, logo no momento em que várias delas estão saindo da fase de criação dos filhos e finalmente podem focar nas suas carreiras.
A boa notícia é que existem tratamentos poderosos, incluindo terapia hormonal, disponíveis para aliviar os sintomas. No entanto, mais de 70% das mulheres não tratam os seus sintomas. Falta de conscientização entre médicos e pacientes e desinformação sobre os riscos da terapia hormonal e o estigma tornam mais difícil do que deveria ser para as mulheres obterem o tratamento que pode fazer toda a diferença. Então temos que falar e continuar falando sobre.
Quebrando o silêncio sobre a menopausa
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Getty Images Fale com seu médico ou médica. Comece com seu próprio obstetra/ginecologista. Descreva seus sintomas, bem como o impacto que eles estão causando na sua vida e no seu bem-estar. Muitos médicos não têm formação em menopausa e não levam os sintomas a sério, dizendo aos seus pacientes, como fez o meu primeiro médico, que é “normal” e que vai passar. E embora existam alguns riscos associados à terapia hormonal, eles são modestos, e as diretrizes da Sociedade Norte-Americana de Menopausa indicam que os benefícios da terapia hormonal superam os riscos para a maioria das mulheres com menos de 60 anos que apresentam ondas de calor incômodas e sem contra-indicações. Então não desista. E se você não conseguir encontrar um fornecedor próximo, você pode procurar on-line. Claro que cada pessoa é única e precisa avaliar os riscos à sua saúde consultando um profissional.
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Getty Images Converse com seus amigos e familiares. As mulheres precisam quebrar o silêncio em torno da menopausa que trata o tema como impróprio ou uma vergonha. Devemos conversar uns com os outros sobre as nossas experiências, partilhar histórias e conselhos e apoiar-nos uns aos outros, tal como muitas mulheres partilham situações durante a gravidez e a criação dos filhos.
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Getty Images Fale sobre isso no trabalho. Também precisamos falar sobre a menopausa no trabalho. Sim, existe um estigma associado ao tema, mas ele pode ser superado se for reconhecido abertamente. Em um estudo que comparou reações à mesma história envolvendo uma “mulher na menopausa”, uma “mulher de meia idade” ou um “homem de meia idade”, os sujeitos julgaram a mulher na menopausa como menos estável do que os outros, a menos que ela tivesse reconhecido seus sintomas e a causa deles. Os pesquisadores concluíram que “compartilhar o seu próprio estado de menopausa transmite confiança e estabilidade, anulando os preconceitos negativos que as pessoas teriam de outra forma”.
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Veja o que já está sendo feito. Globalmente, as perdas de produtividade relacionadas à menopausa podem exceder US$ 150 bilhões anualmente, segundo a consultoria americana Frost & Sullivan.
E as grandes organizações, principalmente nos Estados Unidos e Europa, estão começando a pensar nisso e garantindo não só que haja espaço para falar sobre o assunto, mas que as mulheres tenham licenças e outros benefícios relacionados a esse momento da vida.
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, introduziu a licença-menopausa para as funcionárias da prefeitura em março do ano passado e afirmou que os espaços de trabalho seriam inclusivos, com áreas com temperatura controlada, por exemplo.
O Banco da Irlanda passou a oferecer licença remunerada de 10 dias por ano para as funcionárias com sintomas físicos ou psicológicos relacionados à menopausa. Assim como a varejista britânica ASOS, que anunciou que suas funcionárias teriam flexibilidade no trabalho e poderiam pedir licença sem aviso prévio ou trabalhar de casa. Enquanto isso, alguns dos maiores sindicatos da Austrália protestam para obter licenças menstruais e de menopausa.
Fale com seu médico ou médica. Comece com seu próprio obstetra/ginecologista. Descreva seus sintomas, bem como o impacto que eles estão causando na sua vida e no seu bem-estar. Muitos médicos não têm formação em menopausa e não levam os sintomas a sério, dizendo aos seus pacientes, como fez o meu primeiro médico, que é “normal” e que vai passar. E embora existam alguns riscos associados à terapia hormonal, eles são modestos, e as diretrizes da Sociedade Norte-Americana de Menopausa indicam que os benefícios da terapia hormonal superam os riscos para a maioria das mulheres com menos de 60 anos que apresentam ondas de calor incômodas e sem contra-indicações. Então não desista. E se você não conseguir encontrar um fornecedor próximo, você pode procurar on-line. Claro que cada pessoa é única e precisa avaliar os riscos à sua saúde consultando um profissional.
Com o amadurecimento da população, as empresas e organizações precisam manter suas líderes experientes. Menos de 25% dos executivos no C-Level são mulheres, e muitos deles estão nos seus cinquenta anos. Se quisermos aumentar a proporção das mulheres na liderança, precisamos responder às suas necessidades de cuidados de saúde. Conversas honestas que ajudem as mulheres a ter acesso ao tratamento, a compartilhar informações e apoio e a abandonar o estigma dessa experiência natural permitirão às mulheres navegar nesta transição sem perder o ritmo.
*Hanna Hart é colaboradora da Forbes USA. Ela é consultora executiva com 15 anos de experiência em negócios, tecnologia, direito, Ongs e outras organizações. Ajuda líderes a se entenderem melhor, a superarem seus medos e a melhorarem seu desempenho e impacto.
(traduzido por Fernanda de Almeida)