Nome em ascensão no cinema, Mia Goth conquistou fãs ao redor do mundo, principalmente no Brasil. Neta da atriz brasileira Maria Gladys, a artista britânica ganhou fama com a trilogia “X”, em cartaz nos cinemas com seu capítulo final, “MaXXXine”, que já é a maior bilheteria da saga.
Mia pode até enganar pela aparência de geração Z e sucesso viral em pouco tempo, mas chega aos 30 anos com mais de uma década de bagagem ao lado de estrelas, como Anya Taylor-Joy e Robert Pattinson, e um futuro promissor em Hollywood. “Fui incrivelmente privilegiada e, ao mesmo tempo, trabalhei duro para chegar nessa posição”, conta ela.
Leia também
Após mais de dois anos como protagonista, a também produtora executiva e roteirista encara o encerramento de um ciclo na carreira. “Essa trilogia mudou a minha vida, não sei se terei outra experiência como essa. Me sinto uma artista muito mais forte depois desses filmes”, diz a atriz, que divide as telas de “MaXXXine” ao lado de nomes de peso, como Lilly Collins e Elizabeth Debicki.
Com longas como “Emma”, “Suspiria” e “Everest” no currículo, foi no terror que Mia Goth se encontrou. “Muitas vezes, me deparo com papéis femininos que são apenas testemunhas de tudo o que está acontecendo. Eu não gosto de interpretar personagens assim, quero fazer eu mesma. No terror, encontrei uma plataforma para isso.”
Para lidar com a fama repentina, a artista escolheu um caminho discreto. Evitando as redes sociais, prefere não se envolver na cultura de celebridades. “É uma decisão consciente da minha parte para manter um véu de mistério e me proteger.”
Prestes a encerrar as filmagens de “Frankenstein“, novo longa do premiado cineasta Guillermo del Toro, a artista adianta que pretende continuar experimentando (e levando alguns sustos) com novos projetos na atuação: “Acho que atuar é como um músculo: se você não usa com frequência, tende a atrofiar.”
Confira, abaixo, destaques da entrevista com a atriz Mia Goth
Forbes: Você está retornando ao seu papel como Maxine Minx, agora em Hollywood nos anos 1980. O que significou para você fazer este filme e a trilogia?
Mia Goth: É difícil colocar em palavras. Nunca poderia ter previsto no que isso se transformaria quando conheci Ti West [diretor do longa] em 2020. Naquela época, nem sabia sobre os outros filmes. Isso mudou a minha vida, não sei se terei outra experiência como essa. Foi o trabalho mais criativamente gratificante da minha carreira e com duas das minhas personagens favoritas, Maxine e Pearl. Me diverti muito, ganhei várias amizades e aprendi tanto. Me sinto uma artista muito mais forte depois desses três filmes. Tenho muito orgulho deles e sempre olharei para trás com carinho para esses momentos.
Muitas vezes, as mulheres foram apenas vítimas nos filmes de terror, principalmente nos anos 1970 e 1980. Como alguém como Maxine Minx, em um filme ambientado nessa época, muda essa percepção?
Maxine é destemida e isso é uma das coisas mais atraentes sobre ela. Ela lida com situações extremamente traumáticas, mas tem um fogo dentro dela que não deixa nada atrapalhar seu caminho. É por isso que eu amo tanto interpretá-la, e é um dos motivos de eu ter escolhido o papel. É difícil encontrar personagens femininas com tanta autonomia sobre suas vidas e uma visão tão clara de si mesmas. Muitas vezes, encontro papéis que são apenas testemunhas de tudo o que está acontecendo. Eu não gosto de interpretar personagens assim, quero fazer eu mesma. No terror, encontrei uma plataforma para isso.
Existe alguma atriz que trabalhou no gênero de terror que você admira?
“O Iluminado” é um dos meus filmes favoritos. Acho Shelley Duvall incrível em todos os seus filmes. Ela definitivamente foi alguém que me inspirou.
Quanto de você mesma foi para a personagem de Maxine?
Uma das coisas que percebi é que não se trata tanto de eu tentar entrar na vida desses personagens. É mais o contrário: olhar para dentro e tentar entender mais sobre mim mesma e encontrar esses personagens dentro de mim. Isso se tornou o meu processo. Tento realmente encontrar todos os personagens que interpreto dentro de mim. Sou eu, intensificada ou diminuída, mas tento mesclar os dois o máximo possível. Acho que essa é a única maneira de trabalhar. Caso contrário, sinto que estou apenas colocando uma máscara. É mais como uma caricatura.
Você nasceu em 1993. Como você pesquisou sobre os anos 1980 e o que mais te inspirou?
Quando penso nos anos 1980, penso muito na minha mãe. Quando eu estava crescendo, ela sempre me falava sobre a década e o quanto ela se divertiu, a moda, a música e as festas que ela frequentava. Quando chegou a hora de começar a pesquisar, sempre senti que, embora eu não estivesse por aí naquela época, me sentia muito próxima. Estava muito confortável com esse período. É uma era tão divertida e não sei se haverá outra para comparar.
Não sabia quem Maxine seria naquela época. Não sabia como posicioná-la. Não sabia qual ângulo abordar. Então, comecei a ouvir músicas e assistir a entrevistas de Debbie Harry e vídeos do Blondie, que me inspiraram. Foi necessário um entendimento sólido dos anos 1980 para saber quem Maxine seria.
Maxine tem um desejo ardente de ser uma estrela, talvez hoje em dia ela estaria no Tik Tok. O que você acha de como a cultura das celebridades progrediu desde aquela época?
Eu realmente não me envolvo com essa cultura de celebridades. Não sou ativa nas redes sociais e isso é uma decisão consciente da minha parte para manter um véu de mistério e me proteger. Sempre pareceu muito claro para mim que são mundos diferentes.
O filme começa com uma cena de audição de Maxine e a diretora Elizabeth Bender, interpretada por Elizabeth Debicki. Você conseguiu se relacionar com alguma parte dessa experiência de audição?
Eu não fiz audição para os filmes! Ti West e eu apenas nos encontramos, tivemos uma conversa e nos demos muito bem. Ele tinha visto meu trabalho até aquele ponto, foi assim que consegui aquela reunião. Mas já fiz inúmeras audições e pude tirar proveito da minha própria experiência nessa cena. Como Maxine, eu adorava a oportunidade de fazer audições e aproveitava. Sempre soube que não se tratava necessariamente de conseguir o filme, era apenas uma maneira de praticar meu ofício e a minha atuação. Acho que atuar é como um músculo: se você não o usa com frequência, tende a atrofiar. Sou muito competitiva também, assim como Maxine. É uma semelhança entre nós duas. Nunca me sinto intimidada ao entrar em uma audição.
Elizabeth Debicki interpreta uma posição muito rara – uma diretora feminina em Hollywood durante aquela época. Quão importante foi para você tê-la a bordo?
Sou fã da Elizabeth há muito tempo. Sempre achei que ela é uma atriz muito forte e, quando ela chegou ao set, fiquei impressionada em muitas das nossas cenas. Tive muito tempo para absorver toda a sua força, ela é tão poderosa e tem uma natureza tão imponente no set. Fiquei maravilhada com a maneira como ela processa a evolução de uma cena do início ao fim. Acho que ela é uma das melhores atrizes que temos. Uma das coisas mais agradáveis sobre as filmagens foi trabalhar com todo o elenco de apoio que veio ao set. Geralmente, eu passava cerca de dois ou três dias com cada ator e sempre ficava impressionada com a qualidade do trabalho deles.
-
Siga a Forbes no WhatsApp e receba as principais notícias sobre negócios, carreira, tecnologia e estilo de vida
-
Siga Forbes Mulher no Instagram
Já se passou pouco mais de uma década desde que você teve seu primeiro papel no filme “Ninfomaníaca: Volume 2”. O que você aprendeu e para onde gostaria de levar sua carreira agora?
Fui incrivelmente privilegiada e, ao mesmo tempo, trabalhei duro para chegar a essa posição. Tenho feito filmes desde os 18 anos, e a Maxine foi o primeiro papel principal. Demorou muito para chegar a esse ponto, e eu não teria feito de outra maneira. Quando você está no meio do caminho, muito ansiosa e se perguntando quando essa oportunidade vai surgir, é normal se sentir um pouco impaciente. Mas agora, em retrospectiva, acho que tudo aconteceu no momento perfeito. Não sei se teria sido capaz de interpretar esses papéis sem toda a experiência que tive com minha própria decepção de me sentir tão próxima de certos projetos e depois não conseguir no final. Acho que, no futuro, gostaria de continuar tentando coisas novas e me desafiando e fazendo coisas que me assustam.