Yasmine Sterea deixou uma carreira de sucesso no jornalismo de moda para se lançar no empreendedorismo social. Criada em 2018, a Free Free começou como um projeto para promover a liberdade de meninas e mulheres e tornou-se um ecossistema de impacto social. “A Free Free é muito conectada com a minha história”, diz a fundadora, que decidiu empreender logo depois de se tornar mãe.
Dividida em três pilares, a organização agora engloba uma fundação, um braço para parcerias B2B e um grupo de líderes globais com cerca de 100 membros. Todos eles se retroalimentam e são unidos pelo mesmo objetivo de liderar e apoiar ações voltadas para a liberdade feminina – emocional, física e financeira. “Chamo de negócio social porque a missão está à frente do lucro e dita as nossas decisões”, afirma. “Mas também não podemos ter medo de falar de lucro”, disse Yasmine ao participar de um painel no festival de Cannes no ano passado.
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Medo, inclusive, não combina com empreendedorismo – e essa foi a principal lição que aprendeu nos últimos anos. “Não tenho medo de bater na porta, fazer meu pitch e de receber uma negativa – até porque a gente recebe uns 200 nãos diariamente.”
Mas a empreendedora também soube aproveitar o networking que construiu ao longo de mais de 10 anos na Vogue Brasil para receber muitos sins e movimentar o negócio. A Free Free já fechou mais de 80 parcerias, com órgãos como o Departamento de Justiça e o Ministério Público de São Paulo, e grandes marcas como Google, PepsiCo, Gucci, L’Oréal e Unilever. Já impactou diretamente mais de 50 mil pessoas em seus projetos, cursos e workshops, movimentando cerca de U$ 70 milhões, e rendeu um prêmio da ONU à fundadora.
Leilão arrecada mais de R$ 1 milhão para Free Free Rivers
Em novembro passado, Yasmine reuniu grandes lideranças brasileiras e globais em uma noite de gala em Londres, e aproveitou a ocasião para dar mais um passo rumo à expansão da organização, hoje presente em quatro continentes.
O evento na capital britânica recebeu empresários e criativos como Tatiana Lindenberg, VP de marketing da Unilever, Tatiana Alonso, filantropa e CEO da Gerando Falcões Internacional, a jornalista de moda Lilian Pacce, Fabio Barreto, CEO da FARM Rio International, e Bobby Monteverde, embaixadora do British Council e membro do conselho da Free Free, além de neta de Lily Safra.
A noite contou com um leilão de obras de arte conduzido por Michael Macaulay, executivo da renomada casa de leilões Sotheby’s. O valor arrecadado ultrapassou R$ 1 milhão e foi destinado à mais recente iniciativa do ecossistema, a “Free Free Rivers”. O projeto tem como objetivo criar uma “cidade inteligente” por meio da aplicação da metodologia da Free Free.
Na prática, o plano inclui o treinamento e acompanhamento de profissionais de diferentes setores dentro de uma mesma cidade, abrangendo áreas como educação e saúde (a começar com professores e profissionais da área da saúde, como médicos e enfermeiros). O município fluminense de Paraíba do Sul, com cerca de 40 mil habitantes, foi escolhido para iniciar o projeto. “Vamos integrar todas as nossas ações em um único espaço, o que nos permitirá acompanhar os resultados e replicar a iniciativa em outros lugares.”
A ideia é transformar a comunidade por meio das pessoas, a fim de acelerar a busca pela equidade de gênero e promover a construção de uma sociedade mais justa e equilibrada. “O lema da Free Free é ‘se liberte por dentro e liberte o mundo’.”
A noite de gala também marcou o lançamento de um aplicativo para conectar e estimular os membros da Free Free. “Com o app, nos posicionamos oficialmente como uma femtech, unindo tecnologia e soluções inovadoras voltadas para o universo feminino”, diz Yasmine. Utilizando IA, o aplicativo vai mapear os membros e permitir que eles também tenham impacto em suas próprias comunidades. “Vemos os membros como multiplicadores e queremos que eles usem a nossa rede de pessoas e empresas para tirarem suas ideias do papel.”
Expansão global e programa com a Universidade Harvard
Criada em 2018, a Free Free começou sua expansão global em 2022, algo natural para a fundadora que sempre transitou por diferentes países e queria expandir o alcance.
Em fevereiro de 2023, a organização fez uma parceria com o Centro de Estudos Africanos da Universidade de Harvard, uma das mais conceituadas no mundo. Durante o programa, as alunas aprenderam a metodologia do ecossistema e desenvolveram um projeto de impacto financiado pela Free Free. Uma das iniciativas criadas, a Free My Period, foi implementada na Gâmbia, país da África Ocidental. O projeto consistia na produção de roupas íntimas para mulheres, com os objetivos de erradicar a pobreza menstrual, manter as meninas na escola, além de oferecer liberdade financeira para as mães.
Hoje, a operação global da Free Free está baseada em Londres, e a nacional, em São Paulo. A empreendedora não pretende frear o crescimento; pelo contrário: em 2025, o maior investimento será na expansão para os Estados Unidos. “Queremos atingir o mundo inteiro.”