A fintech de empréstimo com garantia Creditas segue confiante sobre sua sustentabilidade financeira e enxugou suas maiores despesas para enfrentar a crise. Em entrevista a esta coluna, o CEO e fundador, Sergio Furio, disse que a startup não está sob pressão para reduzir gastos com ações como cortes de pessoal e que a empresa agora é lucrativa.
Segundo o empreendedor, o portfólio de produtos de crédito da empresa não tem registrado altas taxas de inadimplência e teve um aumento de receita de 6% no mês de março em relação ao mês anterior. Comparando a performance da empresa com o mesmo mês em 2019, Furio diz que a receita atual da startup é três vezes superior.
“Temos um bom colchão financeiro depois das rodadas de investimento e, além disso, nunca fomos uma empresa de alta queima de caixa”, ressaltou o fundador da fintech, que tem entre seus investidores o mega fundo SoftBank.
Furio se diz confiante em relação ao segmento em que opera e a Creditas está entre os players que têm tido vantagem apesar da crise. Segundo um estudo da Acesso Digital, pedidos de crédito consignado em empresas tradicionais como bancos e varejistas registraram baixa de 47,4% entre a primeira semana de março e abril, ao passo que a busca por este tipo de empréstimo em fintechs cresceu 24,39%.
Mesmo com resultados positivos, o momento é de contenção de despesas. Segundo Furio, a área de maior gasto na Creditas antes da pandemia era marketing – o gasto deste departamento, em projetos como marketing digital, pesquisa e campanhas em mídia tradicional, era superior a folha de pagamento dos mais de 1.600 funcionários. O fundador diz que estas despesas foram “drasticamente reduzidas”.
“Obviamente, continuamos investindo em marketing, mas de formas mais eficientes”, diz, acrescentando que o custo do marketing digital também diminuiu consideravelmente depois do início da crise.
A média global de gastos diários em anúncios online tem caído vertiginosamente, até para o duopólio Google-Facebook, que diminuiu seus preços em mais de 30%. Segundo o Interactive Advertising Bureau, entidade que reúne centenas de associados entre anunciantes, veículos e agências globais, 70% das empresas que fazem uso intensivo de marketing digital pausaram ou revisaram suas atividades após a emergência da pandemia.
RECURSOS HUMANOS
Distribuída em operações no Brasil, México e Espanha, a Creditas teve uma redução do quadro de funcionários mais baixa em março do que a média histórica relacionada a ciclos de revisão de desempenho. No mês passado, a força de trabalho da Creditas encolheu em 2,1% em comparação à média de atrito de 2,8% nos últimos 24 meses e ao pico, que chegou a 3,5%.
Segundo Furio, as 33 demissões feitas no mês passado em áreas como marketing e eventos não têm relação com a crise e não há planos de demitir uma grande porção do quadro. “Temos planos para contratar mais gente neste mês e em maio, apesar dos desafios do onboarding remoto”, relata. A empresa atualmente está em sua quinta semana de home office.
A competição por talento em tecnologia era um desafio frequentemente mencionado por Furio antes da crise – a fintech até abriu um escritório na Espanha no ano passado para ter acesso a expertise técnica – mas isso deve mudar de figura nos próximos meses.
“Em geral, empresas estão agindo com responsabilidade, defendendo o que tem ao invés de sair contratando, mas a concorrência [por expertise] caiu, e passado esse período de incerteza, teremos mais facilidade na contratação de talentos de qualidade”, prevê.
Com testes rápidos e tecnologia, startup propõe isolamento vertical
Com o recesso imposto às montadoras brasileiras pela pandemia de Covid-19, a LogiGo Mobility, especializada no segmento de centrais conectadas para carros e outras soluções de conectividade, decidiu aproveitar seu know how no segmento automotivo, que exige processos de alto nível, e sua presença física na Ásia para atuar no cenário atual. A empresa criou a Health & Health e, por meio dela, está trazendo da China milhões de testes rápidos, além de máscaras, álcool em gel e respiradores.
A iniciativa é encabeçada por Antonio Azevedo, fundador e CEO da LogiGo Mobility, que selecionou os fornecedores chineses, providenciou a aprovação junto à Anvisa e fechou o negócio. “Trabalhar com a China exige uma estratégia diferente. É outra cultura, muito diversa daquilo ao que os brasileiros estão acostumados”, explica o executivo, que diz contar com o apoio da Embaixada Brasileira na China para a operação. “Mas os chineses estão funcionando a 200% na produção de testes e EPIs.”
Azevedo revela que uma primeira compra incluiu 8 milhões de máscaras hospitalar, civil, N95 e KN 95 e 5 milhões de testes rápidos. Sobre estes, ele explica que o método utilizado é capaz de indicar, em 15 minutos, por meio de uma gota de sangue, se a pessoa possui ou não o coronavírus. Em paralelo, a Health & Health desenvolveu um aplicativo que acompanha o resultado. Funciona assim: a pessoa recebe o teste, baixa o app, completa o cadastro, faz o exame, tira uma foto do resultado com o celular e a carrega na plataforma da empresa na nuvem. Por meio da consolidação dos dados, painéis indicam os níveis de contaminação por região.
“Com esse monitoramento em tempo real, seria possível manter em isolamento social ou nas unidades de saúde apenas os pacientes infectados, liberando os demais para o trabalho”, diz Azevedo. Em resumo, seria uma maneira de implementar o isolamento vertical, que certamente sacrificaria bem menos a economia do país. Do ponto de vista de custos, o executivo garante que perderíamos muito menos testando a população. Cada teste custa entre US$ 15 e US$ 19 (cerca de R$ 100). “Com um planejamento logístico bem estruturado, seria possível fazer a testagem em massa e, na sequência, partir para o isolamento vertical.”
Azevedo diz que tem capacidade de fornecer 200 mil testes por dia e que a entrega é feita uma semana após o pedido. Negociações iniciais com prefeituras de cidades catarinenses e cariocas já indicam a aquisição de 3,5 milhões de testes. “Queremos que o governo e grandes empresas se unam a nós, não pode haver burocracia neste momento em que todos estamos juntos caminhando para o combate a este problema.”
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Anatel se manifesta sobre coleta de dados na pandemia
Brasileiros não têm consciência sobre a importância da proteção da privacidade – nesse cenário, é responsabilidade do poder público proteger as pessoas de danos que podem perdurar além da pandemia. Esta foi uma das considerações da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), sobre a crescente preocupação sobre a coleta de dados de usuários dos serviços de telecomunicações como insumo para informações sobre mobilidade e concentrações de pessoas no enfrentamento da crise do coronavírus.
Em nota publicada ontem (15) a agência ressalta que seu papel não deve ser confundido com o da futura Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), que ainda não foi formada. Porém, diz que os mecanismos e dados coletados para ações que visam apoiar a tomada de decisões do poder público deve seguir alguns princípios e regras. Além de conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados, a coleta e tratamento de informações devem “harmonizar” o uso dos dados para apoiar políticas de saúde pública com disposições jurídicas sobre privacidade, mesmo no atual cenário de crise.
A Anatel cita a necessidade de observar o “juízo de proporcionalidade” no uso de dados celulares no contexto da pandemia, considerando os direitos individuais e consenso por parte dos cidadãos. Porém, a agência nota que, como a cultura de privacidade não é difundida no Brasil, existe uma “grande necessidade” de controle e participação de atores ligados ao governo nestes projetos, bem como transparência e acompanhamento constante. “Num cenário em que a consciência dos indivíduos a respeito do tema é pontual, cabe com primazia ao poder público protegê-los em diversas dimensões cujos reflexos podem ser muito mais permanentes que a atual crise”, diz a Anatel.
LEIA MAIS: O que acontece com a privacidade em tempos de pandemia
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Governo busca startups combater impacto da pandemia em comunidades carentes
O desenvolvimento de soluções inovadoras para endereçar os problemas que a crise do coronavírus trouxe para as comunidades carentes é o tema de um edital lançado pela Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI), órgão do Ministério da Economia.
Com cidades, bairros e comunidades de baixa renda em mente, o edital contempla três frentes: a primeira é relacionada ao enfrentamento da pandemia, com ideias para otimizar os serviços de saúde. A segunda área de foco é o enfrentamento dos impactos socioeconômicos, para a qual o edital quer atrair projetos com ações de implementação imediata para enfrentar os desafios socioeconômicos relacionados à Covid-19.
O edital também quer propostas relacionadas ao empreendedorismo, com soluções voltadas à ações de desenvolvimento sustentável socioeconômico. Projetos para o pós-crise, com iniciativas focadas em ações para mitigar os impactos na saúde e socioeconômicos relacionados à pandemia, como soluções para sustentabilidade de pequenos e médios empreendedores e empresas, também serão contemplados.
A primeira chamada do edital irá destinar R$ 2,5 milhões divididos em R$ 1 milhão para o 1º lugar e R$ 600 mil, R$ 500 mil e R$ 400 mil, para os 2º, 3º e 4º lugares respectivamente. O 1º lugar prioriza soluções relativas a soluções de diagnóstico para o coronavírus, como telemedicina e atendimento à distância, com as temáticas restantes representando as demais premiações. As inscrições podem ser feitas a partir de hoje, pelo site da ABDI.
Hisnëk quer apoiar isolamento com IA
A startup Hisnëk, que desenvolve uma plataforma com inteligência artificial para monitorar a saúde mental de equipes de trabalho, lançou uma campanha para apoiar o isolamento social. Chamada de Longe+Perto, a ação quer alcançar mais de 1 milhão de pessoas que se encontram isoladas com a plataforma, através de uma interação via aplicativo. Através de um processo automatizado, o app consegue “entender” se o usuário tem ou pode desenvolver algum transtorno psicológico. Depois da constatação, a ferramenta sugere conteúdo como dicas de alimentação, exercícios, meditação e disponibiliza um canal aberto para desabafos.
Ao comentar sobre as implicações relativas à privacidade dos usuários que compartilham informações pessoais na plataforma, a fundadora da Hisnëk, Carolina Dassie, diz que dados são tratados “com muita responsabilidade”, e que a segurança de onde e como estas informações são armazenadas é uma prioridade para a empresa.
“Utilizamos uma infraestrutura de nuvem segura, onde aplicamos as melhores práticas de mercado como criptografia de dados, controle de acesso às informações e um processo de comunicação transparente com nossos usuários”, ressalta.
Shows online apoiam bares fechados
A plataforma de eventos Queremos! se juntou à Heineken para fazer uma série de shows online ao vivo, cujo objetivo é ajudar na sobrevivência de bares fechados por conta da pandemia. A iniciativa, chamada de Brinde do Bem, terá eventos de 45 minutos de duração distribuídos em dois dias.
Consumidores poderão escolher um estabelecimento de sua preferência e contribuir com os valores predefinidos na página: R$ 25, R$ 50, R$ 75 e R$ 100. As contribuições feitas serão revertidas em consumação, que poderá ser resgatada no bar escolhido, quando as atividades forem normalizadas.
Os shows terão o envolvimento dos influenciadores digitais Yuri Marçal e Jéssica Lobo como mestres de cerimônia, e terão apresentações de artistas como Clarice Falcão, Seu Jorge e Mayer Hawthorne. As apresentações acontecem nos dias 18 e 25 de abril nos canais do Queremos! no YouTube e da Heineken no Facebook e Instagram.
– A plataforma de streaming Netflix e o Instituto de Conteúdos Audiovisuais Brasileiros (ICAB) anunciaram um fundo emergencial de R$ 5 milhões para apoiar a comunidade criativa brasileira. O fundo, que será gerenciado pelo ICAB e estabelecido com uma doação de R$ 5 milhões de reais da Netflix, que tem uma grande base de produção no país, oferecerá alívio para até 5 mil trabalhadores e freelancers atingidos com a interrupção da produção audiovisual no Brasil. O fundo pagará um salário mínimo, R$ 1.045, aos trabalhadores do setor e a iniciativa faz parte do fundo de US$ 100 milhões, anunciado pela Netflix em 20 de março, criado para apoiar profissionais do setor de produção audiovisual em países como o Brasil;
– A Uber anunciou mais medidas para apoiar os motoristas que operam através de seu aplicativo. Em carta aos parceiros enviada ontem (14), a diretora-geral para a operação no Brasil, Claudia Woods, anunciou algumas novidades. Entre elas, estão uma parceria da empresa com o hospital Albert Einstein para um serviço de telemedicina, além de uma ampliação da cobertura de apoio financeiro ofertada pela empresa para pessoas no grupo de risco, que poderão ter acesso a 14 dias de assistência, e a possibilidade de pedir reembolso para itens de proteção individual, como máscaras e luvas;
-A Associação Brasileira de Startups (Abstartups), entidade sem que representa o ecossistema brasileiro de startups, anunciou uma ferramenta para conectar talentos a empresas em meio a pandemia. O Abstartups Jobs é um banco de talentos digital gratuito, que pode ser acessado em http://absjobs.netlify.app/;
– A Hotmart, que desenvolve uma plataforma de cursos online, está com 90 vagas abertas em Belo Horizonte, São Paulo, México e Espanha. As oportunidades são para as áreas de marketing, administração, atendimento ao cliente, desenvolvimento de negócios e tecnologia. A maioria das vagas terá o processo de ingresso na empresa, o chamado onboarding, de forma digital;
– O Grupo Flora lançou uma plataforma de vendas focada em pequenos comerciantes. Com a Gingo, que é baseada na tecnologia de um dos marketplaces do grupo, o Flores Online, lojistas podem cadastrar seus produtos com fotos, preços, taxa de entrega e podem ficar online para receber seus pedidos;
– O home office deve crescer 30% após a crise do coronavírus e é fundamental que os líderes de negócios pensem, testem e compreendam que a tecnologia é, cada vez mais, um ativo humano. A conclusão é de um estudo conduzido por André Miceli, diretor-executivo da Infobase e coordenador do MBA em Marketing e Inteligência de Negócios Digitais da Fundação Getulio Vargas. O especialista cita como exemplos o ecommerce e o ensino à distância, que em geral, devem crescer 30% e 100%, respectivamente. “Diante do novo cenário, torna-se necessário entender que o passado não é mais um guia para o futuro. O primeiro passo para navegar em um ambiente de mudança é elaborar uma estratégia de crise para resolver prioridades, depois preparar uma estratégia de recuperação e esboçar uma estratégia pós-crise”;
– Um monitoramento da VTEX, multinacional brasileira de plataformas de ecommerce, constatou que o segmento de moda teve um aumento expressivo durante a quarentena, ao lado dos produtos alimentícios, de farmácia e utensílios domésticos para limpeza. Só o Grupo Soma, que detém, entre outras marcas, Animale, FARM e Cris Barros, registrou um crescimento de 165% nas vendas online em março, montante maior do que em novembro do ano passado, durante a Black Friday.
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