A Uber quer entregar um baseado com sua pizza. Mas não espere que o aplicativo esteja competindo com empresas de entrega de cannabis.
Em uma entrevista à “CNBC”, o CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, disse que não se arriscará nos mercados legais nos Estados Unidos agora. “Quando o caminho estiver livre para a cannabis, quando as leis federais entrarem em ação, vamos absolutamente dar uma olhada nisso”, disse Khosrowshahi.
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Embora a legalização seja inevitável, pedir maconha pelo aplicativo vai demorar um pouco. E quando for permitido que uma empresa norte-americana de capital aberto como a Uber entre na indústria, eles encontrarão um mercado muito restrito e com grande concorrência, diz Khaled Naim, CEO e cofundador da Onfleet, empresa de software de gerenciamento de entrega sediada em São Francisco.
“Você não pode simplesmente deixar como uma pizza”, diz Naim, cuja empresa fornece dezenas de milhares de entregas de cannabis todos os dias. “Haverá muita burocracia em torno disso quando o governo federal permitir. Até a indústria do álcool, que é legal há tanto tempo, tem muitas exigências.”
Naim diz que muitos estados exigem que a entrega de álcool seja feita pela própria empresa. Para a cannabis, cada estado que a permite tem regras únicas. Na Califórnia, as lojas devem empregar o motorista de entrega e o veículo deve ser fechado, ou seja, não são permitidos patinetes, bicicletas ou motocicletas. A maioria dos estados que legalizaram os mercados de cannabis também exigem que a entrega seja feita na loja, mas Massachusetts permite a entrega de terceiros, no entanto, eles precisam ser um destinatário de igualdade social. (Nevada tem um programa de entrega que permite terceiros.)
O mercado também é fragmentado e altamente competitivo. Grandes marcas como Caliva e redes de dispensários (loja em que um item é dispensado, ou seja, vendido) como MedMen têm suas próprias frotas de entrega, sem mencionar o ecossistema de empresas de entrega como a Eaze apoiada pelo Snoop Dogg, a Amuse, a I Heart Jane, a Sava, a Emjay e entre outras.
“Quando a Uber entrar no mercado, haverá ainda mais empresas no ecossistema”, diz Naim, que acredita que a companhia, provavelmente, entrará no mercado de cannabis por meio de uma aquisição.
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Os clientes também esperam uma experiência de grande contato. A entrega surgiu do mercado ilícito, onde a interação comprador-vendedor era mais íntima do que uma transação de entrega de comida. “É um espaço com mais nuances. Não se trata apenas de pegar e entregar”, diz Naim.
A entrega é um grande negócio para a Uber. A Uber Eats é uma mina de ouro para a empresa, trazendo mais de US$ 1 bilhão em receita anual. A companhia tem grandes planos para o delivery de álcool, uma vez que anunciou um acordo para adquirir a Drizly por, aproximadamente, US$ 1,1 bilhão em ações e dinheiro em fevereiro. A Drizly, com sede em Boston, é a líder de mercado de álcool sob demanda nos Estados Unidos.
E a cannabis também pode ser enorme. Em 2025, o banco de investimentos Cowen estima que a indústria da cannabis legal gerará US$ 40,1 bilhões em vendas anuais e em 2030 o mercado atingirá US$ 100 bilhões. Se a Uber conseguir conquistar uma fatia do mercado de entrega de maconha, poderá ser outra vertical de negócios substancial para a gigante da tecnologia.
Talvez o melhor sinal de que a Uber ainda não está pronta para a indústria da cannabis seja o fato de que a aquisição da Drizly não inclui a subsidiária Lantern, uma empresa de entrega de cannabis que opera no Colorado e em outros estados.
É por isso que Andrea Brooks, fundadora da plataforma de entrega de maconha Sava, que atende 70 cidades ao redor de São Francisco, não se abalou com a declaração de Khosrowshahi.
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“É uma grande manchete, mas não acontecerá nada em relação a Uber e a cannabis em breve”, disse Andrea. “O mesmo com a plataforma de entregas Doordash e todos os outras – eles não farão um movimento até que seja legal no país devido às questões de responsabilidade – todos eles seriam peixes grandes de se pescar caso algo desse errado.”
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