Ágata Leuck tinha apenas 15 anos quando começou a se aventurar no mundo da programação e desenvolvimento web. Hoje, aos 29, o que parecia apenas um hobby da juventude provou-se uma carreira promissora e garantiu, à gaúcha, uma cadeira no time de engenharia de software da Loft, unicórnio brasileiro do mercado imobiliário.
“Tenho a impressão de que encontrar um emprego [sendo] LGBTQIA+ não é mais tão desafiador como antigamente. Muitas empresas, principalmente startups, estão buscando contratar pessoas diversas”, diz a desenvolvedora, que se juntou à proptech em abril deste ano.
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Para ela, os desafios de inclusão LGBTQIA+ no mercado de trabalho ocupam camadas mais profundas do que a simples contratação. “Hoje, o principal problema está nas demais dificuldades, que levam muitas pessoas LGBTQIA+ a não ter sequer a chance de começar suas carreiras por falta de oportunidades em outras áreas da vida, principalmente na educação”, pontua.
Ágata sofreu os preconceitos na pele. Em 2016, já estava claro para si mesma que precisava fazer a transição de gênero e, três anos depois, deu início ao processo. Desde então, ela convive diariamente com os preconceitos contra a população trans e luta pelo reconhecimento da sua própria existência. “Tive receio de sair de casa e sofrer alguma violência decorrente de discriminação. Nesse aspecto, o trabalho home office ajudou muito.”
Outro impasse que a acompanhou durante toda a vida foi o diagnóstico de déficit de atenção, que veio ainda na infância. O distúrbio se manifesta até os dias atuais, tornando sua organização na vida e no trabalho um desafio constante.
Apesar das dificuldades, nada a impediu de avançar na profissão. Três anos antes de se juntar à Loft, Ágata atuou no cargo sênior de front-end developer na Canopus, especializada em prestação de serviços na área de tecnologia da informação.
Em 2020, por influência de alguns amigos, decidiu se candidatar para uma vaga na Globo. Numa fase da vida bem atribulada, ela precisou conciliar os desafios do processo seletivo com o emprego e o final do curso de ciência da computação. Os esforços valeram a pena e, durante um ano, Ágata trabalhou como desenvolvedora de software na gigante das comunicações.
Atualmente, na Loft, a especialista está encarregada da experiência do vendedor ao cadastrar um imóvel na plataforma digital, promovendo melhor usabilidade e acessibilidade, refletidos numa interação mais satisfatória do usuário com a ferramenta.
“O mercado imobiliário sempre foi a fonte de muitas dores de cabeça, tanto para quem vende quanto para quem compra. Então, acredito que o trabalho de melhorar essa experiência, torná-la mais simples e livre de surpresas indesejadas é inovador por si só. Acredito que estou ajudando as pessoas a realizarem sonhos”, afirma.
Para o futuro, os objetivos são claros: adquirir um nível de liderança técnica e se especializar em acessibilidade e usabilidade das plataformas. Ágata, que também é voluntária no projeto Transpor, consultoria de posicionamento e recolocação profissional exclusiva para pessoas trans, quer ajudar as minorias a ingressarem no mercado de trabalho. “Meu desejo é que as startups, em sua maioria, invistam em projetos de mentoria e educação gratuita para grupos marginalizados”, finaliza.
Este perfil faz parte de um especial que aborda as vivências de pessoas da comunidade LGBTQIA+ no ecossistema de inovação brasileiro, que a Forbes Tech veiculará nas próximas semanas. Para saber mais sobre os desafios e oportunidades relacionados a este público nas empresas de tecnologia, leia a reportagem que deu início à série.
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