Exaustão extrema, esgotamento físico e mental, fadiga, ineficácia profissional e sentimento de incapacidade são alguns dos indícios da Síndrome de Burnout. O transtorno, cada vez mais comum no ambiente corporativo, foi incluído na Classificação Internacional de Doenças da OMS (Organização Mundial da Saúde) em 2019, descrito como “uma síndrome resultante de um estresse crônico, não administrado com êxito, no local de trabalho”.
No Brasil, estima-se que 32% dos trabalhadores sofram com a condição, de acordo com uma pesquisa da Isma-BR (International Stress Management Association) realizada em 2018. A estimativa da entidade é que 3,5% do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro seja perdido anualmente por conta do estresse no ambiente corporativo.
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Durante a pandemia, os casos ficaram ainda mais acentuados: 33% das pessoas ao redor do mundo trabalhando remotamente dizem que a falta de separação entre o trabalho e a vida pessoal está afetando negativamente o seu bem-estar, segundo estudo encomendado pela Microsoft e realizado pela empresa de análises Harris.
“O Burnout é uma questão de qualidade de vida. Se o funcionário trabalha mais de 60 horas por semana, não faz pausas para o almoço ou sai de uma reunião e logo entra em outra, o cérebro não descansa. Isso acaba prejudicando a saúde mental”, argumenta Paulo Castello, CEO e fundador da Fhinck. A startup atua como uma plataforma de people analytics que utiliza a tecnologia e a ciência de dados para compreender o desempenho operacional, a produtividade e o comportamento humano nas empresas.
Segundo o levantamento da Harris, 44% dos brasileiros disseram que a pandemia aumentou o sentimento de exaustão. O país está à frente de Singapura (37%), Estados Unidos (31%), Índia (29%) e Austrália (28%) nesse quesito. Pensando nisso, a Fhinck desenvolveu um algoritmo corporativo capaz de identificar variáveis que podem aumentar o risco da doença nos colaboradores.
O software analisa as tarefas realizadas por cada profissional e desenha o perfil dos funcionários com base em suas experiências diárias de trabalho em frente às telas. A tecnologia identifica a quantidade de horas extras, pausas para o almoço, número e sequência de reuniões, fluxo de trabalho, entre outros indicadores que, quando em excesso, podem levar ao esgotamento emocional.
“Utilizamos a tecnologia para prever o risco de Burnout antes que o transtorno aconteça. Isso permite que a empresa tenha um plano de ação mais preciso e assertivo”, diz Castello. O software emite relatórios automáticos com os resultados identificados, otimizando a gestão e o acompanhamento da equipe.
No último ano, a startup, que atende clientes como Accenture, Unilever, Natura, Kroton e EMS, identificou saltos de 12% nas jornadas médias de trabalho e de 27% no risco de casos de Burnout em cargos sênior e de liderança. Além disso, registrou um aumento de 17% na mistura de rotinas de trabalho e atividades pessoais, alongando as jornadas.
A ferramenta também é capaz de identificar os passos digitais de cada usuário, como as atividades de copiar e colar, mapa dos cliques, RPA (Automação de Processos Robóticos) e até mesmo identificação de Shadow IT (prática de utilizar aplicativos, softwares ou serviços de tecnologias que não tenham sido aprovados pela empresa). O valor do produto varia de acordo com a quantidade de licenças que a empresa deseja contratar.
O executivo deixa claro que a intenção da tecnologia não é invadir a privacidade dos colaboradores e, muito menos, monitorar as atividades dos funcionários fora do período de trabalho. “A ferramenta foi criada para olhar a eficiência profissional e melhorar processos, pessoas e sistemas. Não é invasivo, não captura tela, não grava vídeos e nem a digitação.”
Para Castello, a vantagem da ferramenta é conhecer a fundo o desempenho e as potencialidades de cada funcionário, assim como suas dores e necessidades. “A política da empresa não pode ser genérica para todos os colaboradores: precisa ser personalizada. Pensando no pós-pandemia, o software pode ajudar a identificar, além dos riscos de Burnout, quem trabalha bem no escritório e quem funciona melhor no home office. As companhias terão que pensar em estratégias para cada perfil de funcionário”, considera.
Atualmente, a Fhinck está presente nos Estados Unidos, Canadá, México, Argentina, Índia e Singapura, além do Brasil. Em 2022, a meta é chegar a São José (Costa Rica), Dallas (Estados Unidos), Varsóvia (Polônia) e Kuala Lumpur (Malásia). “As empresas que não utilizarem dados para conhecer seus colaboradores a fundo, para que possam criar planos de desenvolvimento personalizados, vão ficar para trás”, conclui o executivo.
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