Crescendo em Yerevan, Armênia, Rema Matevosyan e seus avós astrônomos amadores gostavam de sair no meio da noite com um mapa de papel cuidadosamente marcado para observar as estrelas. Agora, como CEO da startup de dados geoespaciais Near Space Labs, sua tecnologia a leva para perto delas.
Enquanto a corrida espacial bilionária ajudou a despertar uma onda de interesse em empresas que procuram viajar, fabricar e minerar fora do planeta, a Near Space está focada um pouco mais perto de nós, na estratosfera. Lá, a startup coleta dados geoespaciais por meio de pequenos robôs autônomos presos a balões meteorológicos, uma engenhoca batizada de “Swifty”, capaz de capturar até 1.000 quilômetros quadrados de imagens a cada voo de cerca de 18.288 metros de altura. Segundo Matevosyan, o processo é mais barato – e carrega uma pegada de carbono muito menor – do que voar em um avião especial ou lançar um satélite. Mas seus conjuntos de dados podem ser igualmente valiosos para seguradoras, governos, recuperação de desastres e operadores de veículos autônomos.
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“Somos uma empresa de imagens da Terra muito rebelde quando todos estão lançando constelações de satélites”, diz Matevosyan. “Não me entenda mal, eles são lindos dispositivos. Mas com a rápida adoção de nosso produto e nosso rápido crescimento onde quer que tenhamos implantado, isso demonstra a extrema necessidade desses dados que estamos fornecendo.”
Com mais de 150 voos concluídos, a Near Space, com sedes em Brooklyn (EUA) e Barcelona (Espanha), acaba de receber uma rodada de financiamento série A de US$ 13 milhões, liderada pela Crosslink Capital, com participação da Toyota Ventures, Leadout Capital e Wireframe Ventures. O aporte leva a empresa a um financiamento total de US$ 16,8 milhões, e ocorre em um momento em que a empresa está procurando contratar mais de uma dúzia de talentos para expandir sua base de clientes nos Estados Unidos. A startup planeja lançar 500 voos em 2022.
Depois de se mudar para Moscou com o objetivo de conduzir uma pesquisa de mestrado financiada em matemática, a trilingue Matevosyan (ela está tentando aprender o espanhol como uma quarta) conheceu os cofundadores Ignasi Lluch, CTO da Near Space, e Albert Caubet, seu engenheiro-chefe, enquanto estudava para o Ph.D. e trabalhava como pesquisadora júnior, estudando sistemas aeroespaciais complexos, especificamente como os satélites se comunicam entre si.
Sua pesquisa a levou a lançamentos em partes remotas da Rússia central em dezembro – uma atividade que ela não recomenda – e a convenceu de que algumas aplicações de dados geoespaciais seriam impossíveis de cobrir com eficácia por meio de satélites, mesmo com bilhões de dólares investidos em tecnologia espacial.
Originalmente fundado como Swiftera no final de 2016, o Near Space Labs participou da aceleradora Urban-X, com sede em Nova York. A iniciativa ofereceu um programa de cinco meses, com investimentos de US$ 100 mil em dois grupos de dez startups de tecnologia a cada ano. Matevosyan mudou-se para o Brooklyn e colocou um protótipo funcionando antes da conclusão do programa. Poucos meses depois, em junho de 2018, a empresa levantou US$ 2 milhões da Leadout, empresa de venture capital fundada pelo ex-executivo do Facebook Alison Rosenthal; Wireframe Ventures e outros. No ano passado, a companhia recebeu mais US$ 1,5 milhão, e Matevosyan entrou para a lista de 30 Under 30 da Forbes.
O Near Space lançou o seu primeiro grande lançamento comercial em julho de 2020. Embora Matevosyan opere no Brooklyn Navy Yard, um centro emergente para startups de tecnologia e hardware de ponta, seus cofundadores e grande parte da P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) de hardware estão localizados em Barcelona. Apesar do interesse da Europa e do Sudeste Asiático nos serviços, o foco imediato do Near Space está no mercado dos EUA.
A startup opera vários modelos de negócios, enviando plataformas Swifty em uma base de contrato para projetos personalizados, enquanto também os lança regularmente de seus locais próprios para manter a cobertura de um novo conjunto de dados geoespaciais. “A ideia é ter uma constelação global de nossos Swifties para que as pessoas possam assinar e acessar esse conjunto de dados”, diz Matevosyan.
O próprio dispositivo é enviado em uma pequena caixa: os operadores no solo ligam, prendem ao balão meteorológico e o Near Space os gerencia de forma autônoma a partir daí. “Todo mundo quer ir ao local de lançamento, o que é ótimo para nossas vendas, porque é um evento muito emocionante”, admite Matevosyan.
Phil Boyer, sócio do Crosslink, diz que a empresa estava animada em apoiar o Near Space devido à sua familiaridade com o mercado geoespacial e a diferença da companhia ao coletar dados de maneira econômica na estratosfera. Para o executivo, o potencial de receita recorrente de um grande mercado para esses dados significa que a empresa viu a economia do Near Space apenas melhorar com o tempo. As áreas de interesse incluem imóveis, recuperação de desastres e fornecimento de informações de mapa atualizadas para veículos autônomos – o que ajuda a explicar o braço de risco da Toyota na tabela de limites.
Isso foi mais do que suficiente para a empresa de venture-capital superar qualquer hesitação em apostar alto em balões na era dos foguetes. “Quando você diz a palavra ‘balão’, certamente recebe alguns olhares estranhos. Mas não foi difícil enxergar o potencial do investimento.”
Matevosyan diz que a Near Space está torcendo para seus concorrentes de satélites e foguetes. Ela explica que mais atividades na categoria é algo bom para todos os jogadores do setor. Quanto a levar ou não os balões a sério? “As perguntas caem quando mostro nossos dados”, diz.
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