Celebrado nesta sexta-feira, (28), o Dia Internacional da Proteção de Dados fecha uma semana em que entidades, organizações e empresas colocam em perspectiva a evolução dos temas relacionadas à privacidade e segurança digital. No Brasil, o Governo Federal, por meio da Autoridade Nacional de Proteção de Dados, realizou, nos últimos dias, várias conversas colocando em perspectiva, principalmente, os avanços com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Empresas e nações também o fizeram. A Estônia, por exemplo, tornou-se um case global de país avançado em sistemas de segurança e identidade digital.
Em entrevista recente à Forbes Brasil, Adriana Aroulho, CEO da SAP Brasil, destacou que a agenda corporativa, em 2022, tem segurança de dados como um dos itens prioritários. “Com certeza, a maneira como as empresas lidam com os dados mudou e está na ordem do dia, inclusive para esse ano”, destacou a executiva. De acordo com a Sophos, empresa global de cibersegurança, o Brasil foi o terceiro país do mundo onde os ataques cibernéticos mais cresceram durante a pandemia. Parte expressiva se dá por meio dos ransomware, em que hackers instalam malwares que bloqueiam um sistema e cobram um resgate para restabelecê-lo.
Yasodara Córdova, Principal Privacy Researcher da unico, startup especializada em identidade digital, destaca que as empresas estão incorporando novas práticas, processos e conceitos de gestão que incluem privacidade e segurança como prioridade. “Grandes companhias já pesquisam e desenvolvem tecnologias para maior privacidade aos usuários. Além disso, está acontecendo uma revolução silenciosa vinda de startups, as privacy techs – que desenvolvem soluções de ponta em privacidade e oferecem às grandes empresas”, explica. Ela destaca, entre essas tecnologias, o conceito de Privacy by Design.
O que é Privacy by Design?
De acordo com Yasodara, o Privacy by Design é um conceito concebido pela doutora Ann Cavoukiann durante o período em que foi Information and Privacy Commissioner da Província de Ontario, no Canadá. “Ele integra considerações sobre a privacidade desde o início do desenvolvimento de produtos, serviços, projetos, processos, práticas, tecnologias e infraestruturas. O objetivo do Privacy by Design é garantir privacidade e permitir que os indivíduos tenham controle sobre seus dados pessoais, o que consequentemente dá uma vantagem competitiva às organizações que adotam a metodologia”, explica Yasodara. A unico adotou, por exemplo, a Linddun, uma tecnologia belga que facilita na aplicação do conceito.
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“Na prática, os princípios do Privacy by Design podem ser aplicados a todo o ecossistema de informação, incluindo tecnologias específicas, operações de negócios, arquiteturas físicas e infraestruturas de rede. O negócio deve ter uma postura proativa, ter a privacidade incorporada ao design, ter funcionalidade total, segurança de ponta a ponta, visibilidade e transparência e por último, respeitar o usuário. O conceito já deu origem a uma nova indústria de tecnologia, as PrivacyTech, mercado que deve crescer mais de 40% até 2028, de acordo com a Fortune Business Insight”, explica Yasodara.
O impacto da LGPD na cultura de dados
Quando o tema é a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que passou a valer no Brasil em agosto do ano passado, Yasodara destaca que as empresas ainda estão se adequando e mapeando os gaps de privacidade. “Privacidade e Segurança agora são parte de qualquer negócio, para além da obrigação legal. Quem não buscar conhecimento e inovação nessa área, aos poucos, será substituído. Grandes empresas já pesquisam e desenvolvem tecnologias para maior privacidade aos usuários. Além disso, está acontecendo uma revolução silenciosa vinda de startups, as Privacy Techs, que desenvolvem soluções de ponta em privacidade e oferecem às grandes empresas”, alerta.
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“A LGPD trouxe uma maior segurança jurídica sobre o tratamento dos dados, à medida que fornece mecanismos para que o titular tenha um maior controle sobre quais dados são coletados e como são utilizados. A lei nivelou o campo para que os players tivessem um ponto de partida em privacidade. O desafio é ir além da regulação e oferecer privacidade como diferencial competitivo. A criptografia é o futuro da privacidade e o grande alicerce para ir além da LGDP nas empresas”, conclui Yasodara.