O ano de 2022 está recheado de boas notícias envolvendo a Apple. Após entrar para a lista da primeira empresa a valer US$ 3 trilhões, no início de janeiro, a dona do iPhone apresentou receitas recordes referentes ao quarto trimestre do ano passado. O resultado no período ficou em US$ 123,9 bilhões, valor 11% acima de 2020 e além das expectativas dos analistas.
Segundo a empresa, foi um período de recorde de vendas superando estimativas devido à alta demanda pelo iPhone e ao crescimento de assinantes, após um alívio na escassez de chips. Com os resultados, a ação chegou a subir mais de 3% no after-market, após ter caído 10% este ano em linha com o mercado.
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Apesar de as vendas de iPhone terem sido o destaque no período, representando US$ 71,6 bilhões, alta de 9%, o segmento de Serviços gerou US$ 19,5 bilhões. A categoria cresceu 24% em relação ao mesmo período do ano anterior, puxada principalmente por assinaturas da App Store, Apple Music e iCloud.
Segundo análise da XP Investimentos, desenvolvida pelos analistas Vinicius Araújo, Jennie Li e Rafael Nobre, “serviços é a unidade de negócios mais lucrativa da Apple e sua ascensão contribuiu para a margem bruta acima do esperado”.
De acordo com Natan Epstein, sócio da Catarina Capital, a área, que continua a crescer acima de 20% ao ano, é um destaque importante na composição final das receitas da Apple. “A empresa não divulga em detalhes as diversas linhas que compõe essa divisão, se limitando a dizer que há propaganda, AppleCare, Icloud, pagamentos e ‘outros’. Alguns analistas e sites de dados, entretanto, se debruçaram sobre os números divulgados para tentar entender como é dividido esse bolo”, explica Natan.
“Eu destacaria dois fatores preponderantes para essa melhora na linha de serviços: o primeiro é a expansão da base instalada, que segundo a empresa alcançou 1,8 bilhão de dispositivos no ultimo trimestre, aumento de 9% sobre o mesmo período do ano anterior. O segundo fator que explica o crescimento é a alta na receita média por cliente, de 5%, segundo analistas do Goldman Sachs. A Apple Store parece ter apresentado um crescimento superior a 20% em relação ao ano anterior, com a receita alcançando US$ 5 bilhões. Caso esse número se confirme, ajudará a explicar o resultado acima das expectativas vistos no trimestre”, pontua Natan.
Euforia moderada
“Os analistas do Credit Suisse estimaram a receita de Apple Music em US$1,3 bilhão para o trimestre que se encerrou; apesar de representar um aumento de 8% em relação ao mesmo período do ano anterior, esse valor mostra uma queda de 3% sobre a receita obtida entre junho e setembro de 2021. O crescimento da divisão, de 20% em 2020 parece ter perdido o fôlego no ultimo ano. Ao final do ultimo trimestre, as estimativas eram que existissem 75 milhões de assinantes do serviço, contra 63 milhões do ano anterior. Apesar do crescimento, a Apple ainda esta bastante atrás do líder, Spotify, que possui 172 milhões de assinantes premium (que efetivamente pagam pelo serviço)”, analisa Natan.
Outra linha que o mercado estima ter desapontado, segundo o analista da Catarina Capital, foi a Apple TV. “Apesar de ter investido bilhões de dólares no serviço (estima-se que o custo de lançamento pode ter superado os US$ 5 bi), o serviço de streaming não ganhou tração, com menos de 25 milhões de usuários pagantes, um número baixo, quando comparado aos 214 milhões de clientes da Netflix, e os 120 milhões do Disney+.
O que levou a Apple a valer US$ 3 trilhões?
No início de janeiro, a Apple atingiu US$ 3 trilhões em valor de mercado, graças à confiança dos investidores de que a fabricante do iPhone continuará lançando produtos mais vendidos à medida que explora novos mercados, como carros automatizados e metaverso. Porém, antes de marcar um novo momento de sua história, os desafios da companhia em 2022 não são poucos. Eles incluem a implantação de novos serviços como o kit de reparo, anunciado em novembro, o que traz perspectivas, mas também a tarefa de incentivar os consumidores a aderir, de fato, à inovação. Existe também em curso uma crise global de escassez de chips que afeta diretamente o resultado das empresas de tecnologia, principalmente as fabricantes de smartphones.