“O live-shopping pode ser maior que o e-commerce no Brasil”, diz Etienne Du Jardin, CPO e cofundadora da Mimo Live Sales, startup especializada em live-shopping – conceito que mescla transmissão ao vivo com comércio eletrônico. A frase pode parecer pretensiosa. Isso porque, no Brasil, o e-commerce movimentou R$ 450 bilhões, de 2019 a 2022, e com perspectivas de crescimento de mais de 25% nos próximos anos, segundo o Ministério da Indústria. Mas a empreendedora defende que o potencial de conversão da ferramenta da Mimo é quatro vezes maior que uma venda transacional. “O live-shopping humaniza a venda, algo importante para os brasileiros, que gostam de atenção em suas relações de consumo.”
O Ebit Nielsen já apontou, por exemplo, que a indústria de live sales tem potencial de crescer 26% ao ano no Brasil e encostar rapidamente no próprio e-commerce. “As vendas ao vivo vão além da transação, elas oferecem entretenimento, conexão com um ídolo, influenciadores e celebridades muitas vezes”, diz Ethienne Du Jardin.
A executiva apresentou a Mimo Live Sales no palco principal do Collision, evento que ocorre esta semana em Toronto, no Canadá, e faz parte do guarda-chuvas de eventos produzidos pelo WebSummit, que teve uma versão no Rio de Janeiro em maio deste ano. Em seu pitch, Etienne destacou a China como referência no live-shopping, mas não como a única que inova na linguagem e tecnologia. Foi lá que o live-commerce nasceu, em 2016, e hoje representa 30% de todas as vendas do e-commerce. A expectativa é chegar a US$ 423 bilhões este ano, segundo a consultoria Mckinsey.
A Mimo Live Sales lançou, na semana passada, o 1º relatório de Live Shopping do Brasil e apontou que os setores que mais utilizam o formato no país são Moda, Beleza, Casa e Decoração e Eletrônicos.
Veja 4 tendências de live-shopping apontadas no estudo:
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Getty Images Maior audîência
Os setores que adotarem o live commerce irão atrair mais público para consumir os produtos disponíveis para venda.
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Getty Images Maior taxa de conversão
Quanto maior for o público, maior vai ser a taxa de conversão das marcas, potencializando os números e o lucro da empresa.
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Getty Images Expansão dos canais de geração de tráfego
O live commerce pode gerar mais caminhos para que os usuários cheguem nos produtos comercializados pela marca.
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Getty Images Bons influenciadores digitais
Conforme a empresa evolui dentro do mercado consequentemente, influenciadores digitais vão querer trabalhar em colaboração para desenvolver estratégias de conteúdo para a marca.
Maior audîência
Os setores que adotarem o live commerce irão atrair mais público para consumir os produtos disponíveis para venda.
“Essa inovação foi inspirada na China, mas pensada e construída para o mercado americano. Hoje, já existem casos de 10% de conversão e até 40% em alguns segmentos. No comércio eletrônico regular esse índice é de apenas 2,5%, por isso a velocidade com que essa indústria está crescendo em volume”, explica. “Para os consumidores, em especial os brasileiros, é uma possibilidade de compra com atendimento em tempo real. Para as empresas, a forma de interagir com milhares de potenciais consumidores ao mesmo tempo”, destaca.
Monique Lima, CEO da Mimo Live Sales, explica que “a tecnologia desenvolvida foi construída com linguagens híbridas e com isso a empresa possui clientes fora do Brasil como a Cencosud (Colômbia, Chile, Peru e Argentina), Favo (Peru), Schultz e MaxMara (EUA), que fazem parte da carteira de clientes há mais de um ano”.
Creator Economy
O live-shopping deu origem no Brasil a alguns fenômenos de vendas. A influenciadora e Forbes Under 30 Virginia Fonseca, criadora da marca WePink, vendeu R$ 17 milhões em três meses com seu novo perfume, em agosto do ano passado, receita impulsionada principalmente pela interação ao vivo. Bianca Andrade é outro fenômeno nesse sentido. Sua marca, Boca Rosa, nascida originalmente na internet, faturou R$ 120 milhões em 2020. Atualmente, estima-se que o Brasil tenha mais de 10 milhões de influenciadores. De acordo com um novo estudo da consultoria Accenture, as mídias sociais atingirão US$ 1,2 trilhão até 2025 e as compras ao vivo devem representar 20% desse total.
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No entanto, apesar da relação direta do live-shopping com os grandes criadores de conteúdo, Etienne explica que a ferramenta não se limita a eles. “Existe hoje uma grande tendência de live-shopping no B2B, empresas vendendo produtos e serviços. Ou seja, vai muito além dos influenciadores mais conhecidos, o que torna essa indústria ainda mais promissora.” Criada em 2020, a Mimo Live Sales atende 150 empresas de 20 segmentos diferentes, entre Bayer, J&J, Samsung, Max Mara e Diageo. Após receber investimentos-anjo de personalidades como Sabrina Sato, Luciano Huck, Felipe Neto, Nizan Guanaes, a Mimo anunciou, em maio, a conclusão de uma nova rodada financiada pelos CVCs da Locaweb (LW Ventures) e Cencosud Ventures. Os recursos serão direcionados a investimento em tecnologia, dados e novas soluções.