Tornar os modelos de IA mais “autoconscientes” e “conscientes” de seus vieses e erros factuais poderia impedi-los de produzir mais informações falsas no futuro, escreveu Bill Gates, o cofundador da Microsoft, em seu blog, o GatesNotes.
As ferramentas generativas de IA estão entre nós, assim como o potencial infinito para seu uso indevido. Elas podem fabricar desinformação durante as eleições. Elas rotineiramente inventam informações tendenciosas e incorretas. Além disso, elas tornam extremamente fácil trapacear nas tarefas de redação na escola, por exemplo.
Conheça 6 artistas que tiveram suas músicas recriadas por IA:
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Reprodução/Bettmann Archive The Beatles
De acordo com o músico Paul McCartney, ainda este ano será lançada uma “música fina” dos Beatles feita através de Inteligência Artificial. Para completar a canção, a tecnologia extraiu de uma demo antiga a voz do integrante falecido John Lennon.
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Getty Images The Weeknd e Drake
A música Heart on My Sleeve foi criada pela inteligência artificial com as vozes de The Weeknd e do rapper Drake, mesmo que eles nunca tivessem cantado a música de fato. A letra da canção fala sobre o término do namoro entre The Weeknd e a cantora Selena Gomez.
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Divulgação Renato Russo
A voz do cantor Renato Russo, que faleceu em 1996, foi utilizada em uma nova versão da música sertaneja, Batom de Cereja. Porém, o espólio do artista ameaçou entrar na justiça caso o autor da montagem não retirasse a música do ar.
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Getty Images Rihanna e Beyoncé
A música “Cuff It” da Beyoncé foi recriada através da inteligência artificial na voz da cantora Rihanna, logo a nova versão da música viralizou na internet e trouxe mais pontos a serem debatidos na regulamentação das músicas criadas por IA.
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Getty Images Frank Sinatra e Britney Spears
A OpenAI, dona do ChatGPT, criou uma nova rede neural chamada Jukebox, capaz de mesclar diversos artistas com gêneros musicais diferentes. Através dessa ideia o aplicativo gerou uma versão da música “Toxic” de Britney Spears na voz do cantor Frank Sinatra.
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Getty Images Ariana Grande, Anitta e Pabllo Vittar
A voz da cantora Ariana Grande foi recriada em canções de vários artistas, incluindo as brasileiras Anitta e Pabllo Vittar, nas músicas “Envolver” e “Disk Me”. As novas versões das músicas viralizaram de maneira engraçada nas redes sociais.
The Beatles
De acordo com o músico Paul McCartney, ainda este ano será lançada uma “música fina” dos Beatles feita através de Inteligência Artificial. Para completar a canção, a tecnologia extraiu de uma demo antiga a voz do integrante falecido John Lennon.
O bilionário Bill Gates, que disse à Forbes no início deste ano que acha que a transição para a IA é “tão importante quanto o PC”, está preocupado com todos esses desafios. Mas, conforme escreveu em uma postagem recente no seu blog GatesNotes, ele acredita que a IA pode ser usada para resolver os problemas que criou.
Uma das questões mais conhecidas com grandes modelos de linguagem é a tendência da IA em “alucinar”, o que no caso significa produzir informações incorretas ou prejudiciais. Isso porque os modelos são treinados em uma grande quantidade de dados coletados da internet, que estão atolados em preconceitos e desinformação. Mas Gates acredita que é possível construir ferramentas de IA conscientes dos dados defeituosos com os quais são treinadas e das suposições tendenciosas que fazem.
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“Os modelos de IA herdam quaisquer preconceitos inseridos no texto em que são treinados”, escreveu Gates. “Estou otimista de que, com o tempo, os modelos de IA podem ser ensinados a distinguir fato de ficção. Uma abordagem é construir valores humanos e raciocínio de alto nível na IA”, completa.
Nesse sentido, ele destacou as tentativas do criador do ChatGPT, a OpenAI, de tornar seus modelos mais precisos, representativos e seguros por meio de feedback humano. Mas o chatbot viral está cheio de preconceitos e imprecisões mesmo depois de treiná-lo em uma versão avançada de seu grande modelo de linguagem, o GPT-4 – pesquisadores descobriram que o ChatGPT reforça, por exemplo, os estereótipos de gênero no mercado de trabalho.
Gates tem um motivo para falar sobre o ChatGPT: sua empresa, a Microsoft, investiu bilhões de dólares na OpenAI. No final de abril, sua riqueza aumentou em US$ 2 bilhões depois que a conferência de lucros da Microsoft mencionou a IA mais de 50 vezes.
Um exemplo que Gates discutiu em seu blog é como hackers e cibercriminosos estão usando ferramentas generativas de IA para escrever códigos ou criar vozes geradas por essa tecnologia para executar golpes por telefone.
Esse tipo de impacto, por enquanto fora de controle, levou alguns líderes e especialistas em IA, incluindo o cofundador da Apple, Steve Wozniak, o CEO da Tesla, SpaceX e Twitter, Elon Musk, e o cofundador do Center for Human Technology, Tristan Harris, a pedirem em carta aberta, publicada no final de março, um hiato na implantação desses recursos. Gates, no entanto, se opôs à carta e enfatizou que não acha que uma pausa no desenvolvimento dessa tecnologia resolverá quaisquer desafios. “Não devemos tentar impedir temporariamente que as pessoas implementem novos desenvolvimentos em IA, como alguns propuseram”, escreveu.
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Em vez disso, Gates disse que essas consequências oferecem mais motivos para continuar desenvolvendo ferramentas avançadas de IA, bem como regulamentações para que governos e corporações possam detectar, restringir e combater o uso indevido usando desses recursos. “Os cibercriminosos não vão parar de criar ferramentas. O esforço para detê-los precisa continuar no mesmo ritmo”, escreveu.
Mas a afirmação de Gates de que as ferramentas de IA podem ser usadas para combater as deficiências de outras ferramentas de IA pode não se sustentar na prática – pelo menos por enquanto. Por exemplo, embora uma variedade de detectores de IA e detectores de deepfake tenham sido lançados, nem todos são capazes de sinalizar corretamente o conteúdo sintético ou manipulado. Alguns retratam incorretamente imagens reais como geradas por IA, de acordo com um relatório do “The New York Times”. Mas a IA generativa, ainda uma tecnologia nascente, precisa ser monitorada e regulamentada por agências governamentais e empresas para controlar seus efeitos não intencionais na sociedade, disse Gates.
“Estamos agora na era da IA. É análogo a tempos incertos antes dos limites de velocidade e dos cintos de segurança”, escreveu Gates.