Desde que cofundou e depois vendeu Waze e Moovit, startups de mobilidade, a primeira comprada pelo Google em 2013 por US$ 1,1 bilhão e a segunda pela Intel pelo mesmo valor, o israelense Uri Levine passou a se dedicar a dar palestras ao redor do mundo sobre empreendedorismo e tecnologia. Agora, os ensinamentos de Uri serão reunidos no livro “Apaixone-se pelo problema, não pela solução”, publicado no Brasil pela Citadel Grupo Editorial com prefácio de Steve Wozniak, cofundador da Apple.
Os 10 elétricos mais vendidos no Brasil em julho, segundo dados da ABVE (Associação Brasileira do Veículo Elétrico):
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Foto: divulgação BYD D1: 143 emplacamentos
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Foto: divulgação Volvo XC40: 106 emplacamentos
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Foto: divulgação BYD Yuan Plus: 97 emplacamentos
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Foto: divulgação Chevrolet Bolt: 84 emplacamentos
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Foto: divulgação BYD Dolphin: 80 emplacamentos
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Foto: divulgação Volkswagen ID.4: 50 emplacamentos
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Foto: divulgação Volvo C40: 44 emplacamentos
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Foto: divulgação Jac E-JS1: 39 emplacamentos
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Foto: divulgação BMW iX3: 39 emplacamentos
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Foto: divulgação Mini Cooper S E: 29 emplacamentos
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Foto: divulgação Hyundai Kona: 26 emplacamentos
BYD D1: 143 emplacamentos
“Adoro construir empresas que mudam a vida das pessoas para melhor, e quase sempre meu ponto de partida é o problema. Se ele é grande e vale a pena resolvê-lo, então na minha cabeça já aparece uma empresa interessante e uma jornada que vale a pena trilhar”, comenta Uri que, em entrevista à Forbes Brasil, fala sobre como conseguiu reunir uma comunidade de milhões de pessoas em torno de driblar o trânsito das grandes cidades. Uri também comenta o processo de venda da plataforma para o Google e de sua segunda startup para a Intel. “O processo de venda de uma empresa é uma montanha-russa emocional dramática para a qual nada o prepara e, durante esta jornada de fusões e aquisições, há muitas reviravoltas”, destaca.
Forbes Brasil – Quais os elementos que fizeram do Waze um case bem-sucedido de formação de comunidade?
Uri Levine – Bem, primeiramente, o trânsito é um grande problema e um inimigo comum de todos os motoristas, então a missão é atrativa o suficiente. A outra parte é compreender a comunidade e, em particular, o comportamento do crowdsourcing. A maior parte da contribuição do crowdsourcing é feita automaticamente, tanto nos mapas em tempo real como, em particular, nas informações de trânsito. A participação ativa, embora obrigatória, é uma parte menor do motor de crowdsourcing. O poder do Waze para envolver a comunidade era permitir que seus membros criassem tudo. Construímos as ferramentas; os motoristas as utilizam para aprimorar os dados e, portanto, o valor é agregado aos motoristas.
FB – Quais foram os desafios e aprendizados de ter vendido o app para o Google?
Uri – A aquisição pelo Google e outras aquisições das quais participei, como a Moovit, que foi vendida por mais de US$ 1 bilhão para a Intel em 2020, me ensinou muito sobre o processo e me permitiu ajudar outros empreendedores em sua jornada. Se você acha que construir uma startup é uma jornada de montanha-russa, então a captação de recursos será uma montanha-russa no escuro, você nem sabe o que está por vir, e o fechamento será no escuro e de cabeça para baixo. Então M&A é muito mais, também ao contrário. É uma montanha-russa emocional dramática para a qual nada o prepara e, durante esta jornada de fusões e aquisições, há muitas reviravoltas.
FB – O que te atrai a seguir investindo em negócios relacionados a mobilidade?
Uri – A maioria das minhas ideias de startups originam-se de frustração. Me deparo com um problema e, se ele for grande o suficiente e afetar muitas pessoas, procuro uma solução. Os engarrafamentos são um bom exemplo. Eu odeio engarrafamentos. São a essência de uma perda de tempo, mas também acredito que posso mudar isso e, até certo ponto, iniciamos o Waze para ajudar as pessoas a evitar engarrafamentos, mas a realidade é que há mais engarrafamentos hoje do que havia em 2007 – então minha missão ainda está incompleta. Na verdade, o Moovit, que veio depois do Waze, teve um impacto mais significativo nos engarrafamentos do que o Waze e uma das minhas startups hoje que lida com estacionamento terá um impacto ainda mais significativo, acredito.
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FB – Como você enxerga a nova fase da mobilidade com elétricos e autônomos?
Uri – Esta é uma questão significativa por si só. Na verdade, posso escrever um livro inteiro sobre a natureza dos engarrafamentos, mas só quero que você pense no seguinte: em uma rodovia principal e imagine um quilômetro de uma faixa desta rodovia durante as horas de maior movimento. Neste quilômetro, há cerca de 40 veículos (movendo-se lentamente), e nestes 40 veículos, há cerca de 50 pessoas. É isso. 50 pessoas ocupam um quilômetro de estrada. Se não mudarmos a relação entre o número de passageiros e o número de veículos, ficaremos presos no trânsito para sempre. Não se trata de EVs ou veículos autônomos. Trata-se de uma mudança de comportamento e para isso precisamos de transportes públicos que funcionem. Precisamos começar pelo usuário – o usuário do transporte público. A decisão de mobilidade é baseada em poucos critérios: conveniência, rapidez e custo e segurança. Se pudéssemos ter construído no Brasil um sistema que proporcionasse maior conveniência, o que significa de qualquer lugar para qualquer lugar, mais rápido e mais barato – essa seria a escolha que as pessoas fariam.
FB – O que você destacaria do livro?
Uri – Steve Wozniak, o fundador da Apple, chamou-o de “a bíblia para empreendedores”, dizendo que gostaria de ter isso quando começou. Mas é mais do que apenas para empreendedores; ele se tornará seu guia para construir negócios e obter sucesso em geral. Recebo comentários de pessoas dizendo que se tornou seu manual para construir ou administrar negócios ou desenvolver produtos, e é inspirador ver como minha vocação para criar valor também se concretiza por meio deste livro. O livro compartilha meu know-how e experiência, que são fundamentais para construir um negócio.