O ChatGPT vive alguns desafios. Após ter virado sinônimo de inteligência artificial generativa e ganhado 200 milhões de usuários em dois meses, a plataforma, lançada em novembro do ano passado, lida com uma alta taxa de abandono e queda na eficiência em suas respostas. De acordo com dados do Statista, o número de usuários ativos do ChatGPT caiu 10% em junho de 2023.
Como forma de manter sua relevância e ampliar receitas de assinatura, a empresa lançou a versão ChatGPT Enterprise, com foco corporativo e vários benefícios para as companhias. Dentre os diferenciais da nova versão estão acesso ilimitado ao ChatGPT 4 e criptografia para garantir segurança no uso de dados, além de algumas garantias contratuais que a OpenAI não utilizará os dados dos clientes para aprimorar seu algoritmo. Atualmente, a ferramenta é usada por 80% das companhias presentes no S&P 500.
“Em uma análise direta, sinaliza um dos primeiros movimentos em direção à uma interação cada vez mais híbrida entre humanos e inteligência artificial, com passagem de bastão constante entre eles. Para os negócios, representa a revolução dos modelos de trabalho, já que a IA incrementa exponencialmente a produtividade dos times: é capaz de fornecer mais assertividade nos atendimentos e exige um novo mapa de processos, influenciando de forma direta a forma como as empresas gerem os recursos disponíveis”, Rodrigo Ricco, fundador e Diretor Geral da Octadesk.
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Ainda de acordo com Rodrigo, em termos práticos, o planejamento de crescimento e de estrutura de uma empresa muda, com a possibilidade de redução de custos e aceleração de receita. “No que tange ao relacionamento com o consumidor, de imediato já temos negócios usando IA para conduzir, seja sozinha ou auxiliando humanos, as interações com o cliente: interpretando perguntas, oferecendo soluções definitivas e resolvendo problemas de forma instantânea.”
Segurança, dados e privacidade
Jonathan Arend, consultor de cibersegurança da Keeggo, consultoria de tecnologia, pontua que a adoção de inteligência artificial e chatbots, como o ChatGPT Enterprise, por empresas, transforma a maneira como empresas operam e interagem com stakeholders. “No que diz respeito a segurança, a princípio a plataforma utiliza protocolos de comunicação, tecnologia de criptografia robustas e acesso por meio de autenticação de multifatores (MFA). No entanto, existem riscos se não for utilizada de forma consciente. Os principais envolvem respostas inexatas e vazamentos de dados sensíveis, suscetíveis a ataques como hacking, phishing, entre outros. Vale reforçar que, no mercado de tecnologia, existem gaps e brechas que tornam dados vulneráveis a ataques de pessoas má intencionadas. Nada é 100% confiável.”
Confira quais cargos devem ser criados pela inteligência artificial:
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Getty Images Engenheiros de machine learning
Algumas profissões surgiram do zero, baseadas em cargos tradicionais em tecnologia que temos hoje. Para que os computadores consigam operar com base em dados e algoritmos, os engenheiros de machine learning (aprendizado de máquina), serão cruciais. Responsáveis pela programação, esses profissionais criam e treinam os modelos computacionais para execução de tarefas específicas.
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Divulgação Designers conversacionais
Os designers conversacionais são responsáveis pela adaptação das interfaces de IA aos atendimentos ao público e usuários finais, por exemplo. Esses profissionais hoje trabalham com UX (experiência do usuário) e na comunicação de avatares, por exemplo. Agora, estão ganhando uma nova funçãoi ao estender suas habilidades para treinamento de IA e suas respostas. -
Especialista em ética da IA
Mas as mudanças provocadas pela IA não se restringem ao mercado de trabalho. A discussão sobre regulação, segurança e governança precisa acompanhar o desenvolvimento. Por trás de toda tecnologia, existe uma programação realizada por humanos, com ideais e julgamentos particulares. O profissional de ética em IA será responsável por fazer essa análise, bem como se certificar de que os processos lógicos e programados das máquinas não se sobreponham às questões humanitárias. Advogados vão passar a se especializar em questões jurídicas relacionadas à IA. “Em algum momento, as empresas irão precisar de governança ligada à IA para pensar esses limites”, diz a economista Dora Kaufman, professora da PUC-SP e pesquisadora dos impactos éticos da Inteligência Artificial.
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picture alliance/Getty Images Designers de prompts para IA
Os designers de prompts para IA são especializados na interação entre humanos e tecnologia. Os prompts são perguntas, instruções e demandas comuns, presentes na comunicação entre o usuário e sistemas como o ChatGPT, por exemplo. O objetivo dessa função é identificar as principais necessidades dos usuários ao interagir com uma inteligência artificial e criar a melhor conversa possível entre máquinas e seres humanos.
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Curadoria de informações para IA
A curadoria para desenvolvimento da IA também está entre as funções importantes nesse mercado que se abre. É a pessoa que vai pesquisar, analisar e selecionar as informações que a IA terá acesso – inclusive tem implicações sobre discussões sobre ética, inclusão e diversidade nos resultados das buscas. “Esse profissional é responsável pela melhoria contínua das interações dos usuários com as interfaces conversacionais. O trabalho é feito por meio da análise das interações, mapeamento e criação de novos exemplos para o modelo de inteligência artificial, e do acompanhamento dos objetivos de negócio”, diz Bonora.
Engenheiros de machine learning
Algumas profissões surgiram do zero, baseadas em cargos tradicionais em tecnologia que temos hoje. Para que os computadores consigam operar com base em dados e algoritmos, os engenheiros de machine learning (aprendizado de máquina), serão cruciais. Responsáveis pela programação, esses profissionais criam e treinam os modelos computacionais para execução de tarefas específicas.