Quatro meses após o lançamento, a espaçonave Euclid, da Agência Espacial Europeia (ESA), enviou suas primeiras imagens coloridas para Terra. As cinco imagens, que foram oficialmente apresentadas à mídia no Centro Europeu de Operações Espaciais da ESA, em Darmstadt, Alemanha, destacaram a proeza técnica da missão.
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As imagens capturam detalhes de aglomerados de galáxias distantes, bem como um agrupamento de estrelas antigas dentro de nossa própria Galáxia, a Via Láctea, com sensibilidade e precisão sem precedentes.
A missão, com contribuições da NASA, está prestes a iniciar sua rotina científica de capturas de imagens de galáxias em um terço do espaço na esperança de finalmente revelar os mistérios por trás do universo escuro.
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Ou seja, a verdadeira natureza da matéria escura e da energia escura, que se pensa que constituem até 95% do universo conhecido. Incrivelmente, cada imagem representa apenas uma hora de tempo de observação para o telescópio de 1,2 metro que agora está em Lagrange 2, entre a Terra e o Sol, ponto de gravidade estável.
“Todas as cinco imagens são realmente emocionantes, pois mostram diferentes aspectos da capacidade do Euclid de capturar imagens visíveis e infravermelhas próximas, amplas, profundas e de alta resolução”, disse Jason Rhodes, líder científico do Euclid nos EUA, no Jet Propulsion Laboratory da NASA.
O aglomerado de galáxias de Perseus em toda a sua glória
A estrela indiscutível da divulgação das primeiras imagens foi o aglomerado de galáxias de Perseus, que é sem dúvida o mais emblemático entre os tipos de dados que a equipe precisa para cumprir sua missão de entender a matéria escura e a energia escura.
A imagem do Euclid mostra 1.000 galáxias pertencentes ao aglomerado de Perseus e mais de 100.000 galáxias adicionais mais distantes no fundo, diz a ESA. Uma das estruturas mais massivas já conhecidas em nosso cosmos, o aglomerado de Perseus fica a apenas 240 milhões de anos-luz de distância.
E, o mais importante, ele é formado por um filamento de matéria escura, garante Rene Laureijs, cientista do projeto Euclid. “Essas galáxias se juntam lá por causa da piscina gravitacional da matéria escura”, diz ele.
Aglomerado globular NGC 6397
Localizado dentro de nossa própria Via Láctea, a cerca de 7.800 anos-luz de distância, NGC 6397 é uma coleção de centenas de milhares de estrelas mantidas juntas pela gravidade; o segundo aglomerado globular mais próximo da Terra, diz a ESA. Atualmente, nenhum outro telescópio além do Euclid pode observar um aglomerado globular inteiro em uma única observação e, ao mesmo tempo, distinguir tantas estrelas no aglomerado.
“O que queremos estudar aqui é como este aglomerado globular se arrasta através de nossa galáxia”, diz Laureijs. “Se você fizer a modelagem, verá uma cauda de maré gravitacional devido às estrelas que estão ficando para trás enquanto este aglomerado vai para a nossa galáxia”, conta.
O que é matéria escura e energia escura?
A matéria escura determina os efeitos gravitacionais entre e dentro das galáxias e inicialmente causou a desaceleração da expansão do universo, diz a ESA. A energia escura, por outro lado, é responsável pelo seu atual crescimento acelerado.
Ao medir com precisão sem precedentes as formas de bilhões de galáxias ao longo de bilhões de anos de história cósmica, o Euclid fornecerá uma visão 3D da distribuição da matéria escura em nosso universo, diz a ESA. O telescópio revelará como ela se expandiu e como a estrutura se formou ao longo da história cósmica — e a partir disso, os astrônomos podem inferir as propriedades da energia escura, matéria escura e gravidade.
Quanto ao potencial do Euclid para lançar luz sobre o inesperado?
“Quando olhamos para dez bilhões de anos atrás no tempo, vemos todas as galáxias neste período e todas as galáxias que evoluíram desde então”, afirma Laureijs. “Seis bilhões de anos atrás, de repente, todas as estrelas começam a se formar nessas galáxias de uma maneira muito energética”, diz ele. “Tudo isso é muito complexo e não temos ideia de como acontece. Acho que o Euclid pode dizer muito sobre isso.”