Cientistas da NASA descobriram evidências da existência de geleiras nas regiões polares de Mercúrio e sugeriram que eles podem sustentar vida.
“Esta descoberta inovadora de geleiras em Mercúrio amplia nossa compreensão dos parâmetros ambientais que poderiam sustentar a vida”, disse Alexis Rodriguez, principal autor de um artigo publicado no Planetary Science Journal.
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Os pesquisadores acreditam que geleiras, feitas de sal em vez de água, podem existir a vários quilômetros abaixo das regiões polares de Mercúrio. Esses ambientes podem conter “nichos habitáveis”, que se assemelham a ambientes extremos na Terra. A pesquisa foi parcialmente financiada pelo Programa de Trabalhos do Sistema Solar (SSW), da NASA.
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A notícia vem algumas semanas após cientistas revelarem que compostos orgânicos podem existir na lua de Júpiter, Ganimedes, maior que Mercúrio.
Novas fronteiras
Se for verdade, a descoberta de gelerias em Mercúrio abre uma nova fronteira na astrobiologia, o estudo da vida no universo. Além de sugerir que a vida pode existir em ambientes extremos em todo o sistema solar, também torna planetas semelhantes a Mercúrio potencialmente habitáveis. Até agora, Mercúrio era considerado muito próximo ao sol para conter vida.
“Nossa descoberta complementa outras pesquisas recentes mostrando que Plutão tem geleiras de nitrogênio”, disse Rodriguez, que acrescentou que geleiras podem existir nos corpos mais quentes e mais frios do sistema solar.
As geleiras de Mercúrio não são como as da Terra. Acredita-se que tenham se originado do fluxo de sal e vêm de profundidades abaixo da superfície do planeta, reveladas apenas por impactos de asteroides.
É sabido que, na Terra, compostos específicos de sal podem criar nichos habitáveis em zonas mortas. Por exemplo, apesar das condições salgadas e desidratadas, foram encontradas formas de vida microbiana no deserto de Atacama, no Chile. “Essa linha de pensamento nos leva a ponderar sobre a possibilidade de áreas subterrâneas em Mercúrio que podem ser mais hospitaleiras do que sua superfície”, disse Rodriguez.
Zonas habitáveis
Quando os astrônomos encontram um novo planeta orbitando uma estrela, frequentemente declaram se ele orbita na “zona habitável” da estrela, onde a água líquida poderia existir na superfície — e não evaporar nem congelar. Essa região nem muito fria, nem muito quente é às vezes chamada de “zona de Goldilocks”. Acredita-se que as geleiras de Mercúrio apresentam um conceito semelhante, mas no interior de um corpo planetário. “Neste caso, o foco está na profundidade certa abaixo da superfície do planeta, em vez da distância certa de uma estrela”, disse Rodriguez.
As descobertas também questionam as interpretações atuais da história geológica de Mercúrio, com uma teoria sugerindo que as geleiras podem ter se formado a partir da água liberada por vulcões.