Ainda que para os CEOs brasileiros a inteligência artificial seja uma tecnologia que deixa de ser tendência para consolidar-se como vital, a resistência humana ainda é um dos principais dificultadores da adoção. A constatação é de uma pesquisa da Data-Makers, em parceria com a CDN.
Segundo o estudo, que ouviu 110 CEOs e C-Levels de diferentes setores, o fator humano continua sendo a maior barreira para a adoção da IA. De acordo com a pesquisa, 69% dos executivos apontam a resistência cultural interna como um entrave significativo, enquanto 60% indicam que a escassez de talentos especializados em IA está limitando o avanço da tecnologia.
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Esse diagnóstico mostra que investimento em treinamento é de extrema importância. “A falta de uma cultura organizacional adequada e a escassez de talentos qualificados são desafios que a maioria dos executivos aponta como críticos. A evolução da IA no Brasil passa pelo preparo das pessoas”, aponta Fabrício Fudissaku, CEO da Data-Makers e responsável pela pesquisa.
O Itaú, por exemplo, é uma das instituições que entende o treinamento em IA como estratégico. Em sua apresentação no Itaú Day, no segundo semestre de 2023, Milton Maluhy Filho, presidente do banco, destacou a importancia da tecnologia.
“IA é uma ferramenta poderosa nas nossas dinâmicas de experiência ao cliente e nos leva a testar vários formatos, o que também inclui machine learning, por exemplo”, disse Milton. Em maio, o Google for Startups anunciou o lançamento do AI Academy, programa para capacitar iniciativas brasileiras focadas em trabalhar com soluções de inteligência artificial, primeiro aporte do projeto fora dos Estados Unidos.
Outra pesquisa, a “Artificial Intelligence in Brazil”, da Zendesk, confirma esse desafio e detalhou os motivos. “No Brasil, os principais desafios culturais para a plena adoção da IA nas empresas incluem: medo da substituição de empregos, falta de confiança, compreensão, habilidades e conhecimentos e, ainda, receio de mudanças.”
IA deixa de ser tendência para C-Levels
O estudo ainda identifica que para os C-Levels a IA deixou de ser tendência, 82% dos executivos consideram a IA essencial para o futuro de suas companhias, enquanto 67% das organizações já priorizam sua implementação nas operações.
“As empresas que ainda hesitam em adotar essa tecnologia podem perder relevância em um mercado cada vez mais competitivo, onde a transformação digital está acontecendo aceleradamente. Aquelas que já priorizam a IA tendem a se posicionar à frente da concorrência”, analisa Fabrício.
Otimismo e estratégia
Outro ponto de destaque do estudo é que as empresas estão expandindo o uso da IA para além da eficiência operacional. A inteligência artificial está sendo utilizada de forma mais estratégica, apoiando a tomada de decisões e aprimorando o conhecimento sobre os consumidores. Nesse sentido, o estudo mostra um crescimento em seu uso para suporte à tomada de decisões e conhecimento do consumidor, com 58% dos executivos apontando esses fatores como prioritários.
O estudo também revelou um cenário otimista em relação ao futuro da IA no Brasil, com dois terços das empresas planejando aumentar seus investimentos em inteligência artificial nos próximos 12 meses. Esse dado representa um crescimento de 50% em comparação ao ano anterior, demonstrando que os líderes empresariais estão confiantes nos benefícios que a IA pode trazer, tanto em termos de inovação quanto de eficiência. O aumento de investimentos reflete a percepção de que a IA será um dos principais motores de transformação nos negócios.
Cinco desafios culturais na adoção da IA, segundo levantamento da Zendesk:
#1
medo da substituição de empregos
muitas pessoas têm medo de que a IA substitua seus empregos, o que leva a uma resistência cultural à sua adoção;
#2
falta de confiança na IA
muita gente ainda não confia totalmente na inteligência artificial, especialmente quando se trata de tomadas de decisão importantes;
#3
falta de compreensão sobre a IA
muitos gestores não entendem completamente como ela funciona, o que pode gerar resistência;
#4
falta de habilidades e conhecimentos
a implementação da IA requer habilidades e conhecimentos especializados que nem todas as empresas possuem;
#5
receio de mudanças
algumas empresas podem se sentir desconfortáveis em mudar seus processos e formas de trabalho para se adaptar à IA.