O Brasil deve fechar a safra de soja 2020/2021 com a maior produtividade da história e se prepara para novos recordes no ciclo 2021/2022. A estimativa é de 137,1 milhões de toneladas, 10 milhões a mais na comparação com a safra passada, um crescimento de 8,5%. Esse grão foi colhido em 38,6 milhões de hectares, área 4,4% maior que o ciclo 2019/2020, de acordo com as estimativas apresentadas hoje (6), pela Agroconsult. Isso significa que nunca se colheu tanta soja por hectare, como ocorreu na atual safra. Foram 59,3 sacas, ante 57 sacas na safra anterior. Só para comparação, em meados dos anos 2000 a produtividade nacional era de cerca de 47 sacas por hectare.
“Os produtores tiveram excelentes produções e rentabilidades nas safras 2019/2020 e nesta, com patamares muito parecidos. Para a próxima, a decisão do produtor de aumentar a área está pronta, com investimentos em insumos já feitos”, diz André Pessoa, presidente da Agroconsult, consultoria que realiza todos os anos o Rally da Safra, em sua 18ª edição.
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Não por acaso, para o novo ciclo do grão que começa a ser plantado no próximo mês de novembro, a estimativa é que a área de cultivo chegue aos 40 milhões de hectares. As 18 equipes de campo da Agroconsult percorreram cerca de 42 mil quilômetros, passando por 455 municípios em 9 Estados produtores, nos quais foram coletadas 1.092 amostras de lavouras das regiões Centro-Oeste, Sul e Norte/Nordeste, no chamado Matopiba (intersecção dos Estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia).
A surpresa com os números alentadores da soja, e que deixam os agricultores ainda mais alvoroçados por conta dos bons preços na exportação prevista pela Agroconsult em 34,3 milhões de toneladas, é que esta safra prometia números menos vistosos em todo o País. Dois fatores pesavam contra: a falta de chuvas durante o plantio e o excesso delas no período de colheita, justamente o contrário do esperado.
Mas o aumento de área, de 1,6 milhão de hectares, e uma excelente luminosidade que fez com que o grão da soja se desenvolvesse melhor e com maior peso, reverteram o quadro. Somente em Mato Grosso o aumento de área foi de 350 mil hectares. “Os produtores foram persistentes. Mais da metade da área do Norte de Mato Grosso foi plantada em 15 dias, levando a uma concentração da colheita”, afirma o engenheiro agrônomo André Debastiani, analista de mercado da Agroconsult. “Também foi uma safra com forte expansão em áreas marginais, como as periferias e áreas de pastagens.” O Mato Grosso colheu 57,9 sacas, por hectare, ante 60 sacas na safra anterior.
Boas surpresas
A recuperação de perdas, por conta da falta de chuvas no início do plantio de variedades mais precoces, também se deu pelo acerto do uso de tecnologias embarcadas nos grãos e de um controle de pragas mais efetivo, principalmente nas variedades de soja de ciclos mais tardios. As boas surpresas vieram de Estados como Bahia e Rio Grande do Sul.
No caso baiano, as chuvas caíram no limite até o fim de janeiro e depois se normalizaram. Pelo segundo ano consecutivo, ela é a campeã de produtividade. Foram 67 sacas por hectare, ante 63,3 sacas na safra passada. “Essa produtividade é destaque em todas as edições do Rally da Safra. É a maior produtividade do Brasil”, afirma Debastiani.
No Rio Grande do Sul, a surpresa veio da pouca interferência do fenômeno da La Ninã, mesmo com metade da semeadura realizada no fim de novembro e dezembro, período de altíssimo risco. Os gaúchos registraram a segunda maior produtividade do País: 57,9 sacas por hectare, ante 37,1 sacas no ciclo anterior em que houve quebra de safra.
Mais recordes no campo
Lavouras mais produtivas também mostraram um outro fenômeno. A maior parte daquelas consideradas de alto rendimento mudou de patamar. Em 18% das lavouras, a produtividade ficou entre 70 sacas e 80 sacas por hectare. Acima de 100 sacas por hectares estão 3% delas. A maior parte, no entanto, de 23% das lavouras, apresentaram produtividade de 60 sacas a 70 sacas por hectare. Nas safras anteriores, a maior concentração estava na faixa de 50 sacas a 60 sacas.
“Essas lavouras de alto rendimento estão espalhadas por todo o País, do Rio Grande do Sul ao Maranhão, e não estão associadas ao tamanho das propriedades”, diz Pessoa. “É um conjunto de fatores que leva a essa produtividade, como numa orquestra bem afinada de manejo de pragas e doenças, nutrição, uso adequado de maquinário e escolha correta de variedades da soja.”
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